Embrapa Pantanal lança o primeiro alerta de nível do Rio Paraguai e Cuiabá para 2015
Embrapa Pantanal lança o primeiro alerta de nível do Rio Paraguai e Cuiabá para 2015
A Embrapa Pantanal disponibilizou nesta semana o primeiro alerta de nível do rio Paraguai e Cuiabá de 2015. Na publicação, o pesquisador da instituição Carlos Padovani destaca as primeiras estimativas de níveis máximos para este ano. Os dados do alerta, segundo o pesquisador, são baseados na análise das estações dispostas no Rio Paraguai e Cuiabá, assim como em previsões meteorológicas feitas pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e pela empresa Climatempo para o trimestre de janeiro, fevereiro e março de 2015.
De acordo com a avaliação feita por Padovani, a tendência é que a primeira metade de janeiro tenha menos chuvas do que o previsto. Se fevereiro apresentar chuvas de média ou baixa intensidade, ele diz que "as chances de uma inundação intensa no Pantanal diminuem muito". Tomando como base as previsões do INMET/INPE para o primeiro trimestre do ano, não há como afirmar que irão ocorrer chuvas extremas nesse período que possam ocasionar uma grande cheia na região, segundo o pesquisador.
Para mais informações relacionadas ao fluxo de águas na região pantaneira, acesse a ferramenta online GeoHidro Pantanal – um visualizador interativo de mapas e informações geográficas que disponibiliza dados sobre recursos hídricos e uso das terras na Bacia do Alto Paraguai. A ferramenta está disponível através do link:
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Abaixo, leia o texto integral do primeiro alerta, escrito pelo pesquisador Carlos Padovani:
PRIMEIRO ALERTA DE NÍVEL DO RIO PARAGUAI E CUIABÁ PARA 2015
Este primeiro alerta utilizou como critério a análise de informações das previsões meteorológicas para o trimestre de janeiro, fevereiro e março (JFM) de 2015 emitidos pelo INMET - Instituto Nacional de Meteorologia, INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela empresa Cimatempo, além da análise da situação atual do nível do rio Paraguai e Cuiabá, no Pantanal, em diferentes estações.
Primeira estimativa dos níveis máximos para 2015:
Rio Paraguai - Estação de Bela Vista do Norte ~ 5,4 metros
Obs.: Esses valores poderão ser alterados à medida que novas estimativas forem sendo emitidas.
Baseado nas previsões do INMET/INPE para o primeiro trimestre de 2015 (JFM), a chance de ocorrer chuvas acima, abaixo ou na normalidade climatológica é a mesma. Portanto, com base nessa previsão, não há condições de afirmar que ocorrerá um cenário de chuvas extremas que venham a resultar em grande cheia.
Já a previsão da empresa Climatempo estima chuvas acumuladas nesse trimestre de 50 a 100 mm acima da normal climatológica para janeiro, principalmente para a área a noroeste da bacia do alto Paraguai (BAP). Em fevereiro as chuvas ficam acima da normal climatológica ao norte e sul da BAP, e abaixo da normal na região central, em torno da divisa entre os estados de MT e MS. Para março, a previsão é de chuvas abaixo da normal em toda a BAP. Recentemente, a Climatempo vem anunciando que há poucas chances, pelo menos até o dia 15 de janeiro, da formação de sistemas como a ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul que tragam grandes volumes de chuvas em extensas áreas para as regiões sudeste e centro-oeste. Ao invés disso, formou-se o fenômeno meteorológico ASAS - Alta Subtropical do Atlântico Sul, que vem avançando do oceano Atlântico em direção ao interior do país nas regiões do sudeste e centro-oeste, dificultando a formação de condições para ocorrerem chuvas, embora chuvas isoladas aconteçam. Então, se essa tendência continuar, janeiro - que seria o mês previsto com chuvas acima da normal - pode se tornar um mês com chuvas na normal ou abaixo, diminuindo a chance de níveis dos rios do Pantanal atingirem valores acima da cota de permanência de 50%.
O fato do nível do rio Paraguai estar acima da cota de permanência de 50% para a época em todas as estações no Pantanal pode ser um agravante se os volumes de chuva forem acima da normal climatológica para o trimestre de JFM. Porém, nos últimos dias, a taxa de subida de nível em várias estações tem diminuído, ocorrendo casos dos níveis estacionarem ou mesmo baixarem. Consulte o gráfico de nível dos rios aqui no Geohidro-Pantanal ou no site do Serviço de Sinalização Náutica do Oeste, da Marinha do Brasil.
As áreas ainda inundadas nas porções mais baixas do Pantanal, próximas do rio Paraguai, já estão relativamente bem drenadas. Se a estimativa de uma cheia normal se concretizar, o seu pico ocorre geralmente entre os meses de junho e julho, ou seja, daqui a aproximadamente 5 meses, tempo suficiente para a drenagem e evaporação da água ocorrer. A possibilidade das águas da cheia de 2015 somarem-se às águas da planície, da cheia de 2014, parece remota nesse cenário.
Quanto à repetição em 2015 dos níveis da cheia de 2014, devemos considerar que, baseado na série histórica dos níveis do rio Paraguai em Ladário, a chance de ocorrer uma cheia da classe de 5,01 a 5,50 metros - como acorreu em 2014 - é de 26,08%. Uma vez ocorrida, a chance da repetição no ano seguinte é de 33,33%, ou seja, de 1/3. Em outras palavras, segundo essas análises, há uma chance de 66% (ou 2/3) de isso não ocorrer.
Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal
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