21/06/17 |

Comitiva reforça parcerias e amplia negócios com a China

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Foto: ACS/MAPA

ACS/MAPA -

O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, integrou, durante os dias 10 e 20 de junho, comitiva do governo brasileiro na China com o objetivo de abrir novos mercados para os produtos agropecuários nacionais e reforçar parcerias estratégicas entre os dois países. Líder da iniciativa, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, explicou que negócios importantes foram discutidos com órgãos de governo e empresários de Pequim e de Hong Kong e que também foi considerada positiva a participação do Brasil na 7ª Reunião dos Ministros da Agricultura dos Brics, ocorrida na cidade de Nanquim - o Brics é um bloco comercial formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Nossa meta é aumentar de 7% para 10% a participação do Brasil no mercado mundial", anunciou.

A estratégia brasileira foi defendida pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes: "As razões para se investir no comércio e na cooperação com a China são óbvias: em 2016 as nossas exportações de soja para o país renderam mais de 14 bilhões de dólares; mais de 80% das compras de frangos chinesas tem origem no Brasil e de carne bovina brasileira já representa 30%, com tendência de crescimento. E tem açúcar, café, álcool, carne suína, frutas etc. O apetite chinês pelos produtos do agronegócio brasileiro só vai se ampliar, abrindo oportunidades para investimentos, cooperação científica e tecnológica e fortalecimento de laços que beneficiam o Brasil na geopolítica global", argumentou.

Ao discursar na abertura da reunião do Brics, Blairo traçou um panorama da agropecuária brasileira, destacando a qualidade de produtos nacionais, o compromisso dos produtores com a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar mundial. “Ressaltamos também a importância de colaborarmos mais intensamente na promoção da pesquisa, pois isso é fundamental para o sucesso de nossos produtores”, afirmou o ministro, lembrando que, nos anos 1970, o governo brasileiro criou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para responder demandas da agropecuária e enfrentar desafios do futuro, o que permitiu aumentar a produção de grãos em 386%, nos últimos 40 anos, enquanto a área utilizada na agropecuária cresceu 33%, 11 vezes menos.

Maggi defendeu também a necessidade dos países do bloco intensificarem a cooperação entre si e terem maior protagonismo no comércio agrícola internacional. “Discutimos temas, como questões sanitárias e fitossanitárias, regras mais flexíveis e oportunidades de negócio entre as empresas do setor. Para fortalecer o Brics é necessário, além de intensificar a cooperação, promover a inovação”, acrescentou.

A comitiva brasileira propôs ainda criar um fórum empresarial agrícola do Brics. “Tenho certeza que podemos aprender muito mais uns com os outros. Todos têm experiências a compartilhar sobre integrar pequenos produtores ao mercado, agregar valor à produção, produzir preservando o meio ambiente”, enfatizou Blairo, defendendo um padrão de comércio agrícola “mais aberto e equilibrado”.

Necessidade de diminuição de restrições

No caso da agricultura, persistem restrições significativas ao comércio exterior, na forma de tarifas, subsídios e toda sorte de barreiras não tarifárias. “Produtos básicos, como soja, milho, café verde, celulose e algodão circulam com facilidade no mundo e nos países do Brics. Porém, produtos mais processados, como óleo de soja, açúcar, etanol, carnes, laticínios, papel e café solúvel enfrentam maiores barreiras”, salientou o ministro.

Segundo ele, é muito difícil garantir ao mesmo tempo volume, preço baixo, qualidade, sanidade e sustentabilidade do alimento que chega aos consumidores mantendo as fronteiras fechadas ao comércio. E que não será possível solucionar os desafios globais de segurança alimentar, inocuidade do alimento e sustentabilidade mantendo pesadas restrições ao comércio. “Não podemos perder a oportunidade que este bloco representa para a ampliação do comércio agrícola entre nós. Se pretendermos ser, efetivamente, um bloco, o comércio entre nossos países deveria ser mais fácil do que com outros. Temos que facilitar os negócios para que as empresas possam comprar e vender e com isso gerar empregos e riquezas. A ampliação do comércio agrícola e agroalimentar é sem dúvida o tema mais complexo e desafiador para os países do BRICS. Carros, produtos eletrônicos, celulares e a grande maioria dos bens de consumo que chegam aos consumidores globais circulam com menores restrições do que produtos agropecuários e alimentos”, declarou.

Tecnologia e inovação

"O Brics, na agricultura, no entanto, não deve ser somente comércio. Temos, também, que compartilhar nossas experiências bem-sucedidas, temos que ter uma agenda mais forte de cooperação", ponderou Blairo Maggi no seu discurso na 7ª Reunião dos Ministros da Agricultura dos Brics. Ele sustentou que o Brasil tem na promoção da inovação uma de suas prioridades e  o uso de tecnologia é um dos pilares que explica o sucesso da agricultura brasileira.

"Estou aqui acompanhado do Presidente da Embrapa, que tem um longa e bela história de apresentar tecnologias de sucesso para a agricultura, principalmente tropical. Hoje ele se encontrará com seus colegas. Espero que possam dar mais um passo no sentido da efetiva cooperação em pesquisa e inovação para a agricultura. Já vencemos muitos desafios no passado, mas outros desafios se apresentam: novas pragas e doenças, restrição de áreas agrícolas, mudanças climáticas, entre outras. Não é possível enfrentá-los sozinhos. Espero que juntos, os pesquisadores de nossos países possam nos oferecer as soluções de que precisamos", afirmou.

Reuniões bilaterais

Em paralelo à reunião dos Brics, Maggi se reuniu com parceiros dos países do bloco. Com o ministro da Agricultura da China, Han Changfu, reconheceu que o país é grande parceiro comercial, o que tem permitido atrair cada vez mais empresas chinesas a investirem no Brasil nas áreas de agricultura, energia elétrica, distribuição de energia, infraestrutura. Houve também encontros com importadores chineses de soja.

A comitiva brasileira teve ainda encontros bilaterais com o secretário para Alimentação e Saúde de Hong Kong, Ko Wing-man. Hong Kong é a região administrativa do país e principal importador de carnes do Brasil. No ano passado, o volume de negócios fechados do produto foi US$ 1,6 bilhão. Também foi realizado um importante reunião com o presidente do Conselho China National Cereals, Oils and Foodstuffs Corporation (uma das maiores corporações estatais da China, responsável pela importação de produtos agropecuários e por investimentos no Brasil) e com a General Administration of Quality Supervision, Inspection and Quarantine of the People’s Republic of China (AQSIQ), instituição chinesa de inspeção e quarentena. "A China prometeu que até final de julho apresentará o nome das empresas brasileiras que poderão ser habilitadas a exportar para o país. Temos 89 pedidos de habilitação. Depois desta etapa de documentos será enviada uma missão para vistoriar as plantas frigoríficas", explicou Blairo.

Maggi combinou com o ministro da Agricultura da África do Sul, Senzeni Zokwana, realizar encontros de empresários de ambos os países para buscar oportunidades de negócios. A África do Sul tem interesse em comercializar navios pesqueiros, vinhos e chá. Do lado do Brasil, carnes bovina e suína. “Os Brics precisam dar preferências e evitar barreiras. Temos que ter vontade política para fechar negócios”, frisou.

Também foram feitos encontros específicos com o ministro da Agricultura da Rússia, que tem interesse em comercializar trigo e pescados (em contrapartida, o Brasil exportaria carnes e soja), além de autoridades indianas e representantes de vários organismos internacionais.

Por falar em Rússia, a Embrapa foi ressaltada também logo no primeiro dia da visita do presidente da República, Michel Temer, àquele país. O vice-primeiro-ministro russo, Arkady Dvorkovich, defendeu, nesta terça-feira (20), a ampliação da cooperação bilateral com a Embrapa. “Estamos interessados em receber ajuda de tecnologia agrícola e estudos científicos nessa área”, enfatizou.                       

A afirmação ocorreu durante encontro bilateral em Moscou. A Rússia é hoje o maior mercado na exportação de algumas commodities brasileiras, como carne suína, carne bovina, aves, soja e café. Temer e Dvorkovich se comprometeram a intensificar a cooperação entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o instituto russo de promoção de exportação. Os dois líderes discutiram ainda cooperação no âmbito do Brics para facilitar os investimentos em infraestrutura.

Diretrizes e resultados

Na sexta-feira (16), em Nanjing, Blairo Maggi propôs que o Plano de Ação 2017-2020 dos Brics estabeleça um grupo de trabalho para o monitorar e apresentar propostas que ampliem o fluxo de comércio e de investimento agropecuário e agroindustrial entre os países do bloco. “Precisamos nos esforçar para sairmos deste encontro não apenas com expectativas, mas com diretrizes para atingir resultados que beneficiem as populações que representamos. Assim, é fundamental contarmos com mecanismo eficiente para a superação de barreiras ao comércio", acrescentou.
 
O ministro brasileiro considerou que é possível cooperar também na coordenação de posicionamentos nos fóruns multilaterais para garantir ganhos comuns. E lembrou a criação do Banco de Desenvolvimento dos Brics, “importante instrumento para financiar projetos agropecuários inovadores”. Por fim, deixou claro que o Brasil está disposto a cooperar com os demais membros do bloco e com os organismos internacionais para enfrentar os principais desafios definidos na reunião. "Mas é imprescindível, entretanto, a criação de canais eficientes de colaboração, com ganhos mútuos", reforçou.

Veja mais fotos dos encontros da comitiva do governo brasileiro na China na página da Embrapa no Flickr.

Robinson Cipriano, com base em matérias produzidas pela Assessoria de Comunicação Social do MAPA e pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (MTb1727/88-DF)
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