Projeto prevê o diagnóstico da qualidade dos solos do Distrito Federal
Projeto prevê o diagnóstico da qualidade dos solos do Distrito Federal
O tema passou a fazer parte do calendário e deve nortear boa parte da agenda das instituições do planeta ligadas à agricultura: a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu 2015 como o "Ano Internacional dos Solos" e instituiu o dia cinco de dezembro como o "Dia Mundial do Solo".Os dois anúncios feitos pela instituição internacional demonstram a importância da temática, que também é foco do projeto "Avaliação comparativa de atributos físicos, químicos e biológicos de solos e do estado nutricional de hortaliças", coordenado pelo pesquisador Juscimar da Silva, da área de Solos e Nutrição de Plantas da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF).
O projeto foi aprovado pela Chamada Universal 2014 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, mas a ideia de desenvolver um trabalho com essa vertente já vinha sendo estruturada há algum tempo. A experiência acadêmica relacionada a estudos sobre elementos químicos presentes naturalmente no solo que, a depender do teor, podem ser fontes de nutrientes ou tóxicos, estimulou o pesquisador a pensar em aplicar esse conhecimento no seu trabalho com a cadeia produtiva de hortaliças. Segundo ele, como a maioria das hortaliças são alimentos prontos para consumo, a maior preocupação é com a contaminação biológica que, em sua visão, é facilmente contornada quando se higieniza bem o alimento. Contudo, a mesma atenção não tem sido dada quando se trata da contaminação por agentes inorgânicos, como os chamados elementos traço (ferro, manganês, cobre, zinco, selênio, chumbo, dentre outros) que permanecem no alimento mesmo após o preparo. Então, a linha de partida envolveu a questão do possível incremento nos teores desses elementos no solo em áreas de produção de hortaliças que pressupõe preparo intensivo, com uma alta carga de fertilizantes industriais ou orgânicos, a depender do sistema de produção adotado. Esse procedimento pode interferir na composição e afetar de modo negativo a relação solo/planta/ambiente. "Eu queria investigar a quantas anda essa relação, só não sabia como finalizar essa etapa de pesquisa básica num produto", destaca Juscimar.
O caminho foi delineado a partir do momento em que conheceu de perto o Manual de Qualidade de Solos, produzido por professores da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos."Quando soube da existência desse manual, fizemos (ele e o agrônomo Daniel Zandonadi, também da Embrapa Hortaliças e parceiro em alguns projetos de pesquisa) uma visita técnica àquela universidade,onde foi possível identificar pontos convergentes que poderiam ser aproveitados para desenvolver um trabalho similar na área do Distrito Federal", lembra o pesquisador, que acredita também que a probabilidade de sucesso desse Manual é bem maior em pequenas áreas, típicas as de produção de hortaliças no Brasil.
A ideia foi, a seguir, formatada no projeto, submetida e aprovada pelo Edital Universal do CNPq, que traça linhas de ação visando a obtenção de um diagnóstico sobre as áreas de produção para balizar a construção de um manual de qualidade dos solos da região. "A proposta desse manual é estabelecer uma comparação entre as variáveis dos solos em áreas que ainda estão preservadas com aquelas que já vêm sendo trabalhadas, isto é, que recebem uma grande quantidade de tratos culturais que vão desde o preparo do solo até a deixada de restos culturais após a colheita", explica Juscimar. "Vamos coletar amostras de solos em áreas de produtores, tanto convencionais quanto orgânicas, analisar as variáveis físicas, químicas e biológicas e comparar os valores encontrados nos dois sistemas, para verificar o grau de qualidade desses solos e gerar com esse conhecimento um pacote de serviços", complementa.
Conforme sua explicação, com o Manual será possível identificar com maior precisão a qualidade do solo, baseado nos valores constantes nas tabelas das partes química, física e biológica do documento, permitindo manter o que está saudável e corrigir o que for necessário.
Devido à capilaridade e abrangência do trabalho, que implica na identificação e coleta de amostras de solo em diversas localidades da região, algumas parcerias já estão devidamente registradas. Esse é o caso da Emater-DF, representada no projeto pelo agrônomo e gerente regional Antônio Dantas, que irá auxiliar na definição das áreas de amostragem de solos e plantas. Nesse quesito, alia-se ainda a experiência dos parceiros do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV) - a partir de trabalhos desenvolvidos com solos em Minas Gerais – e da Universidade de Cornell.
PLANTAS
Tendo como carro-chefe a parte do solo, o projeto agrega ainda um componente voltado para a análise de plantas. A justificativa, de acordo com o pesquisador, deve-se a defasagem das tabelas de conteúdos nutricionais das hortaliças, que datam das décadas de 80 e 90. "O objetivo desse componente incluído no projeto é atualizar essas informações em face das novas cultivares lançadas nos últimos anos e que apresentam potencial produtivo muito superior àqueles que foram utilizados em estudos passados". Semelhante ao que será realizado para o solo, o conteúdo de elementos traço também será avaliado nas hortaliças, com vistas a quantificar a presença de elementos essenciais para a nutrição humana e não para as plantas (a exemplo do cobre e do selênio). Ao final, os dados de solo e planta serão correlacionados.
Estratégias devidamente alinhadas, os passos a seguir envolvem a coleta de amostras de solos e de plantas, tratamento estatístico dos dados, relatórios e publicação da primeira aproximação/versão do Manual de Qualidade do Solo para áreas hortícolas. Nesse sentido, entre as expectativas do pesquisador encontra-se a apresentação dos resultados no Congresso Mundial de Ciência do Solo (XXI World Congress of Soil Science) que será sediado no Brasil em 2018.
Anelise Macedo (2.749/DF)
Embrapa Hortaliças
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