Um grupo de técnicos, de diversas instituições da Região Sul, esteve em visita à Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS), na tarde do dia 03/03. O objetivo foi acompanhar os trabalhos desenvolvidos pela pesquisa nas áreas de melhoramento, manejo, controle de pragas e doenças em sistemas produtivos de grãos. Entre os trabalhos apresentados pela pesquisa, está o projeto "Estratégias de manejo regionalizadas para a manutenção da viabilidade técnica e econômica da sucessão trigo e soja no sul do Brasil". De acordo com o pesquisador João Leonardo Pires, o projeto está no quarto ano de execução, com experimentos a campo em cinco diferentes locais da Região Sul. "O objetivo é avaliar a melhor estratégia para compor o sistema de produção no casamento trigo-soja, considerando as diferentes realidades em cada região produtora de grãos. Desta forma, além de avaliar a genética das cultivares, os pesquisadores também avaliam qual o melhor ciclo das culturas naquele ambiente, a incidência de doenças e pragas na região, a partir do uso de tecnologias que reproduzam a situação que o produtor encontra no campo", explica Pires. Para atender uma antiga demanda do produtor na região norte do RS, a saída mais cedo do trigo da lavoura para possibilitar a semeadura antecipada da soja, o projeto implantou em Passo Fundo, RS, um experimento com semeadura/colheita do trigo em três épocas, selecionando cultivares de ciclo tardio (BRS Tarumã, semeado em maio), ciclo médio (Quartzo, semeado em junho) e ciclo precoce (BRS Guamirim, semeado em julho), além de uma opção com aveia preta. Nas duas últimas safras - 2012/13 e 2013/14 – o experimento demonstrou que em sistemas com soja antecipada, que não contaram com trigo no inverno, ocorreu a redução de 9 a 17 sacas de soja por hectare, variando conforme o sistema avaliado. "Com base nestes resultados vemos que o casamento trigo-soja ainda é a melhor opção na região", afirma João Leonardo Pires explicando a dinâmica do projeto: "estamos associando estratégias mecânica, química e genética para avaliar inúmeras possibilidades de como melhorar o sistema de produção trigo-soja e a rentabilidade do produtor", conclui João Leonardo Pires. Outros experimentos apresentados pelos pesquisadores fazem parte do programa de melhoramento genético para a soja na região fria, onde foi avaliado o comportamento de cultivares em diferentes épocas de semeadura. De acordo com o pesquisador Mércio Luiz Strieder, a época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam no rendimento da soja. Na região fria do Sul (estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), os melhores resultados na soja têm sido obtidos em semeaduras entre 15/10 a 15/11, quando a temperatura e a radiação solar entram em elevação estimulando o desenvolvimento da planta. No quesito doenças, a pesquisadora Leila Costamilan avaliou que a soja de ciclo mais precoce, semeada mais cedo, apresentou menor severidade de ferrugem. Para o pesquisador José Eloir Denardin, a conservação de solo é quesito fundamental para garantir a produtividade a longo prazo em qualquer sistema de produção. Para preservar o solo, é importante manter a cobertura no inverno, com gramíneas capazes de romper o solo e deixar palhada após a colheita de grãos. Os técnicos puderam discutir o assunto a campo na área de pesquisa da Embrapa Trigo em Coxilha, RS, que foi totalmente reestruturada com técnicas como terraços e plantios em curva para contenção de enxurradas. "Trazer a assistência técnica para dentro da pesquisa, com o acompanhamento antes mesmo dos resultados finais, é fundamental para direcionar o trabalho da Embrapa. Este tipo de encontro permite a interação direta entre o pesquisador e o cliente, levantando dúvidas e esclarecimentos por ambas as partes", define o analista da transferência de tecnologia, Giovani Faé.