No Vale do Juruá, situado no noroeste do Acre, as áreas cultivadas são, em sua maioria, arenosas, de baixa fertilidade e o uso do solo para a agricultura ainda envolve derruba-e-queima de floresta. Essas são as condições que os produtores encontram para desenvolver a agricultura familiar da região. Nesse contexto, a Embrapa Acre elaborou uma publicação com alternativas de recuperação e manutenção da qualidade do solo e, dessa forma, diversificar a produção agrícola familiar na região. O Comunicado Técnico 186 apresenta os resultados da pesquisa, iniciada em 2006, sobre componentes da agricultura conservacionista na produção familiar de mandioca e grãos do Vale do Juruá. Com resultados consolidados, a equipe concluiu que o plantio realizado nos critérios da agricultura conservacionista tem potencial para substituir o processo de agricultura itinerante, com derruba-e-queima de florestas nativas e secundárias. Além de pesquisadores da Embrapa, estiveram envolvidos técnicos, extensionistas e estudantes de instituições como Secretaria Estadual de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Secretaria Estadual de Agropecuária (Seap) e Universidade Federal do Acre (Ufac). "Havia uma área que eu já tinha abandonado. Nesse local, eu chegava a colher 120 sacas de farinha, a última vez que plantamos deu só 30 sacas. Então coloquei calcário, plantei a mucuna preta e fiz plantio direto. Chegou a dar até um quilo de farinha por pé de mandioca", confirma o agricultor Sebastião Oliveira, do ramal Pentecostes, no município de Mâncio Lima. "O pessoal daqui não acreditava que essa terra poderia se tornar fértil e ainda dar milho, que é tão valorizado. Os outros agricultores, principalmente os da associação, já estão todos começando a adotar essas técnicas", afirma Oliveira. O milho possui uma grande demanda na região, sendo matéria-prima da ração de peixes e aves, cadeias produtivas incentivadas por políticas públicas do governo do estado. Agricultura conservacionista A agricultura conservacionista consiste na cobertura permanente das áreas cultivadas, no mínimo revolvimento do solo e na rotação de culturas para evitar a erosão, recuperar e manter as características física e química do solo. Para Falberni Costa, pesquisador da Embrapa Acre e um dos responsáveis pela publicação, a agricultura conservacionista é uma opção viável para os produtores do Vale do Juruá. "Esse tipo de cultivo protege o solo da radiação solar e das chuvas, por exemplo, e mantém por mais tempo a qualidade do solo", diz. Ficha técnica O Comunicado vai ser impresso e distribuído em escritórios da Seaprof, de cooperativas e durante cursos e Dias de Campo. Também pode ser acessado no Portal da Embrapa Acre. Comunicado Técnico 186 – Agricultura conservacionista na produção familiar de mandioca e milho no Juruá, estado do Acre: efeitos da adoção nos resultados de safras de 2006 a 2014. Autoria – Falberni de Souza Costa, Manoel Delson Campos Filho, Antônio Clebson Cameli Santiago, Izanete Batista Magalhães, Lívia da Silva Cordeiro, Aldair Pereira de Lima, Genilson Rodrigues Maia, Edenilson Pinheiro Silva, Marcelo André Klein, Francisco de Assis Correa Silva, Nilson Gomes Bardales, Luciano Rodrigues Queiroz e Erbesson de Souza Brito.