10/08/17 |   Melhoramento genético  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção vegetal  Recursos naturais  Fixação Biológica de Nitrogênio  Manejo Integrado de Pragas

Reunião técnica capacita multiplicadores e produtores de soja no DF

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Foto: Breno Lobato

Breno Lobato - Um dos palestrantes da reunião técnica, pesquisador Rafael Nunes falou sobre inovações em fertilidade do solo

Um dos palestrantes da reunião técnica, pesquisador Rafael Nunes falou sobre inovações em fertilidade do solo

A Embrapa Cerrados e a Emater-DF realizaram na última terça-feira (8), no auditório do centro de pesquisas, a terceira Reunião Técnica sobre a parceria Embrapa, Emater e Produtor Rural. Com cerca de 30 participantes, entre técnicos e produtores rurais do Distrito Federal, o tema dessa edição foi “Capacitação de agentes multiplicadores e produtores sobre a cultura da soja, com concentração nas áreas de fertilidade e vida no solo”.

O evento apresentou inovações tecnológicas nas áreas de fertilidade do solo e de biologia do solo, além de promover a discussão sobre a implantação dessas inovações para a melhoria dos sistemas de produção de soja no Distrito Federal e as ações de transferência de tecnologia e assistência técnica para a cultura da soja no DF, bem como realizar o levantamento de demandas tecnológicas em fertilidade e biologia do solo para sistemas de produção de soja na região.

Na abertura do evento, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, destacou a satisfação em debater os temas da fertilidade e da biologia dos solos do Cerrado, alvo de pesquisas da Unidade ao longo de sua história. “São temas fundamentais, pois 40 anos atrás o solo do Cerrado era quimicamente pobre. Hoje, ele é quimicamente rico, mas precisamos estudar o componente biológico”.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do DF, Luiz Guilherme Leal, lembrou que apesar dos avanços tecnológicos na cultura da soja, ainda há questionamentos a serem respondidos para se alcançar maior sustentabilidade. “A questão da vida do solo é importante e não deve ser separada da química e da física. São processos que acontecem no campo de forma integrada. E os nematoides são um ponto de restrição em soja”, pontuou.

Marconi Borges, coordenador de grãos da Emater-DF, salientou que o órgão de assistência técnica e extensão rural, em parceria com a Embrapa, está se reaproximando do setor de grãos do DF. “Resolvemos convidar para esta reunião técnica não apenas nossos técnicos, mas outros multiplicadores e produtores rurais que fazem transferência de tecnologia”, afirmou.

Palestras

O pesquisador Rafael Nunes, da Embrapa Cerrados, fez palestra sobre inovações tecnológicas na área de fertilidade do solo e nutrição de plantas para cultivo de soja no Cerrado. Ele destacou sete inovações permitem superar a estagnação da produtividade em soja e outras culturas agrícolas. A primeira é a redefinição do conceito de fertilidade do solo. “O conceito mineralista estava sendo insuficiente. Os desafios para o aumento da produtividade vão muito além do uso de fertilizantes e das propriedades químicas do solo. Fertilidade do solo está relacionada com a vida do solo, com as interações químicas, físicas e biológicas”, disse.

As demais inovações apontadas por Nunes são a melhoria do ambiente químico para o desenvolvimento radicular, com calagem e gessagem para correção da acidez do solo; o manejo adequado da adubação fosfatada, com aprimoramento constante de recomendações e práticas que garantam maior eficiência do uso do fósforo; manejo da matéria orgânica do solo (MOS), que transforma o fósforo inorgânico em orgânico disponibilizado para as plantas; melhoria do ambiente físico para o desenvolvimento radicular, com a introdução de braquiária e outras plantas de cobertura que descompactam o solo; eficiência agronômica de novas tecnologias para fertilidade do solo e nutrição de plantas, como a adubação foliar com fósforo, nitrogênio e cálcio; e a formação adequada de corpo técnico.

Também da Embrapa Cerrados, a pesquisadora Ieda Mendes iniciou a palestra sobre inovações tecnológicas na área de biologia do solo apresentando dados de estudos do Comitê Estatístico Soja Brasil (CESB) descartando a possibilidade de ganhos econômicos com o uso de adubo nitrogenado em soja. “Usando somente a inoculação, é possível obter altas produtividades. Além disso, há o efeito residual na cultura após a soja”, disse.  

A pesquisadora também mostrou dados para derrubar o mito de que a inoculação em feijão só é viável para o pequeno produtor. Um estudo de validação em três fazendas mostrou que o retorno para cada real investido em inoculante foi de R$ 17,50, muito superior ao investimento com adubo nitrogenado. “Podem confiar na Fixação Biológica de Nitrogênio no feijão. Ela pode ser feita tanto na semente como no sulco. Não só funciona como também melhora a realidade do agricultor do ponto de vista econômico e ambiental”, afirmou.

Ieda falou sobre as pesquisas com bioindicadores para avaliação da qualidade do solo, especialmente a biomassa microbiana e atividade enzimática presentes na MOS. Ela apresentou dados de propriedades rurais com diferentes níveis de adoção do Sistema Plantio Direto quanto à atividade das enzimas β-glicosidase, fosfatase ácida e arilsulfatase, relacionadas respectivamente aos ciclos do carbono, do fósforo e do enxofre no solo.

“Quanto maior a atividade enzimática na área, melhor é o manejo. Solos biologicamente mais ativos são mais produtivos”, explicou. Os trabalhos levaram à publicação da primeira tabela de interpretação de bioindicadores para latossolos argilosos. Segundo a pesquisadora, os bioindicadores dão suporte à tomada de decisão de manejo. “Um bom conjunto de bioindicadores vai nos ajudar a antecipar o que vai acontecer com a qualidade do solo. A atividade biológica é a primeira coisa que muda quando se altera o manejo”, explicou.

A última palestra foi do pesquisador Waldir Dias, da Embrapa Soja (Londrina, PR), que falou sobre identificação e manejo de fitonematoides em soja.  Os nematoides mais comuns na cultura são os de galhas Meloidogyne javanica e M. incognita e o de cisto Heterodera glycines. “A identificação da espécie vai permitir ao produtor saber se poderá cultivar soja ou outra espécie na área”, explicou.

Dias abordou as principais táticas de manejo de nematoides: prevenção; rotação de culturas para convivência; uso de cultivares resistentes a nematoides de cisto e de galhas; manejo do solo e da cultura (desequilíbrio químico do solo, compactação do solo, adubação verde, plantio direto, soja “tiguera”, controle de ervas daninhas e época de semeadura); além da combinação das ferramentas de controle químico e biológico. “O ideal é a integração de práticas para o manejo de nematoides”, disse.
Quanto ao Pratylenchus brachyurus, nematoide que causa lesões radiculares nas plantas, deve-se utilizar a rotação com culturas de baixo fator de reprodução para o nematoide, ou seja, que possam reduzir ou, pelo menos, não aumentar a população do patógeno.

O pesquisador destacou a cultivar BRS 7380RR, desenvolvida pela Embrapa Cerrados. A variedade apresenta múltiplas resistências a nematoides de cisto e de galhas, além de apresentar baixo fator de reprodução para o P. brachyurus. “É importante usar cultivares resistentes a nematoides. Variedades suscetíveis ao nematoide de cisto podem até produzir, porém pode haver perdas de produtividade de até 6 sacas/ha”, comentou.

Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados

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