Metodologia de Comunicação Comunitária é certificada pela Fundação Banco do Brasil
Metodologia de Comunicação Comunitária é certificada pela Fundação Banco do Brasil
Foto: Domênica Rodrigues
A instalação pedagógica é um dos elementos que integra a metodologia de comunicação
A Fundação Banco do Brasil (FBB) certificou, como tecnologia social reaplicável, a proposta da Embrapa de metodologia de Comunicação Comunitária para o Fortalecimento do Desenvolvimento Local, no âmbito da 9ª edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social (2017).
O trabalho é resultado das ações de comunicação comunitária desenvolvidas nos territórios Agreste Alagoano e Alto Sertão Sergipano, a partir do projeto transversal (MP4) ‘Ações de Capacitação e de Divulgação de Informações Tecnológicas para Apoio à Inclusão Produtiva Rural no Plano Brasil Sem Miséria (ACAR)’, liderado pela Embrapa Informação Tecnológica, o qual contou com a parceria do Departamento de Transferência de Tecnologia, das Unidades da Embrapa: Tabuleiros Costeiros, Agroindústria Tropical, Caprinos e Ovinos, Semiárido, Mandioca e Fruticultura, Milho e Sorgo, Cocais, Algodão e Meio-Norte e também com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e suas organizações estaduais. Entre elas: Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC -SE), Coletivo Macambira de Comunicação e Cultura (AL), Associação dos Agricultores Alternativos de Igaci (AAGRA - AL), Sociedade de Apoio Socio Ambientalista e Cultural (Sasac - SE) e a Associação Mãos no Arado de Sergipe (Amase- SE).
Também participaram da construção da metodologia a Rede Nordeste de Agroecologia (Renda) e a Associação Brasileira de Agroecologia (ABA).
Construção coletiva
No período de 2012 a 2016, a Embrapa atuou em 14 territórios da cidadania, no Plano Brasil Sem Miséria (PBSM). Para a população rural, o PBSM criou o eixo de inclusão produtiva rural que proporcionou o uso e o aprimoramento de tecnologias agropecuárias que pudessem contribuir com a melhoria da renda dos agricultores.
A partir do desenvolvimento dessa política pública, percebeu-se a necessidade de se ter um programa de formação continuada em comunicação que fortalecesse as ações de inclusão produtiva rural que aconteciam nos territórios. De 2015 a 2016, foram realizadas 4 oficinas de comunicação – Módulos I e II – nos municípios de Igaci (Território Agreste Alagoano) e Canindé de São Francisco (Território Alto Sertão Sergipano), carga horária de 24 horas, 8 horas/dia, cada. Os dois territórios foram considerados piloto para a aplicação da metodologia, uma vez que os pesquisadores da Embrapa na região são profissionais que já atuam em processos agroecológicos.
Classificação
As propostas inscritas na FBB foram classificadas em seis categorias nacionais, das quais foram validadas 15 tecnologias na categoria Agroecologia, 27 em Água e/ou Meio Ambiente, 11 em Cidades Sustentáveis e/ou Inovação Digital, 40 em Economia Solidária, 52 em Educação e 16 em Saúde e Bem Estar. Na categoria internacional foram classificadas 12 propostas.
A metodologia em Comunicação Comunitária para o Fortalecimento do Desenvolvimento Local foi classificada na categoria Educação, e considerada pela FBB como reaplicável por ter sido desenvolvida a partir da interação com a comunidade, com enquadramento nas categorias Agroecologia, Comunicação e Educação.
É uma das 173 consideradas aptas a receber a certificação no ano de 2017, de um total de 735 iniciativas inscritas. Esta é a nona edição da premiação, que tem o objetivo de levantar projetos sustentáveis que possam ser reaplicados em diversas comunidades.
Com a certificação, as tecnologias passam a compor o Banco de Tecnologia Social (BTS) da FBB, que agora conta com 995 iniciativas aptas para reaplicação. Confira aqui todas as propostas certificadas em 2017.
Critérios para a seleção das tecnologias
A triagem foi realizada por uma comissão composta pela equipe técnica da Fundação BB, que obedeceu aos critérios do regulamento para chegar às propostas selecionadas. Entre os requisitos solicitados para a certificação estavam: o tempo de atividade; as evidências de transformação social; a sistematização da tecnologia a ponto de tornar possível sua reaplicação em outras comunidades; e o respeito aos valores de protagonismo social, respeito cultural; cuidado ambiental; e solidariedade econômica.
Ações de Comunicação para a convivência com o Semiárido
Desde 2014, a Embrapa Informação Tecnológica vem construindo, em parceria com as Unidades da Embrapa no Nordeste - Tabuleiros Costeiros, Agroindústria Tropical, Caprinos e Ovinos e Milho e Sorgo – e a Articulação Semiárido Brasileiro/ASA – rede formada por mais de 3 mil organizações da sociedade civil com atuação no Semiárido Brasileiro - uma proposta metodológica de comunicação para atuação junto a comunidades rurais, organizações não governamentais, entidades do campo da extensão rural e da educação popular, no âmbito do Plano Brasil Sem Miséria, especialmente junto aos territórios da cidadania Agreste Alagoano (AL), Alto Sertão Sergipano (SE), Alto Oeste Potiguar (RN), Cariri (CE) e Serra Geral (MG).
“A metodologia surgiu em um contexto de política pública – o Plano Brasil Sem Miséria. Assim como ocorreu com o desenvolvimento e a adoção das tecnologias agrícolas nos territórios, a comunicação proposta, nesse contexto, destacou-se por ser um processo de construção coletiva, onde a participação conjunta da Embrapa com as organizações e os agricultores foi fundamental para o protagonismo comunitário e o estabelecimento de redes virtuais temáticas”, destaca Selma Beltrão, gerente-geral da Embrapa Informação Tecnológica.
“Trata-se de um processo em constante construção, que se faz e se refaz a partir da interação e dos olhares dos parceiros, a partir do reconhecimento do papel da comunicação no contexto dos processos agroecológicos”, acrescenta o pesquisador do Núcleo de Agroecologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Fernando Fleury Curado, um dos responsáveis pela tecnologia social aprovada pela FBB e também pela articulação da Embrapa, nos Territórios Agreste Alagoano e Alto Sertão Sergipano, com as organizações da sociedade civil que colaboraram na elaboração da proposta metodológica.
E como resultado dessa articulação, a Embrapa, em parceria com as organizações não governamentais e Ater, desenvolveu um ciclo de formação em comunicação comunitária, com 2 módulos de 24 horas, para lideranças territoriais - agricultores, comunicadores, educadores, jovens rurais e técnicos da extensão rural-, com oficinas sobre Agroecologia e Sistematização de Experiências (conceitos e práticas), Ferramentas de Comunicação (técnicas para produção de áudios, vídeos, fotografias e boletins); rodas de diálogos articulando elementos do Diagnóstico Rápido Participativo do Território e análise de narrativas a partir do tema mídia tradicional x mídia alternativa; vivências nos espaços agroecológicos para gravação de imagens e produção de vídeos, entrevistas para uso em programas de rádio e produção de fotografias, além do uso de mídias sociais na formação de redes temáticas. Confira aqui mais detalhes da metodologia.
“A agroecologia também foi um forte componente da metodologia, uma vez que nos territórios Agreste Alagoano e Alto Sertão Sergipano foram implementadas tecnologias no âmbito do PBSM nesse campo”, explica Curado.
Para Fernanda Cruz, coordenadora da comunicação da ASA (Recife/PE), “o reconhecimento da FBB demonstra o quão rico é juntar a comunicação e a educação para empoderar pessoas, visibilizar e fortalecer práticas locais. Para a ASA, que já vem trabalhando nessa perspectiva no Semiárido, é muito bom termos mais gente que se some a essa luta por uma comunicação mais democrática, feita por todos e todas”.
Artigos e publicações
Com o objetivo de compartilhar a metodologia e de divulgar seus principais resultados, a Embrapa também lançou a Série Documentos 2 - Ações de Comunicação para a convivência com o Semiárido brasileiro. Entre os autores da publicação estão jornalistas e pesquisadores da Embrapa Informação Tecnológica, Tabuleiros Costeiros e Embrapa Agroindústria Tropical, além de jornalistas, historiadores e cientistas sociais da ASA, e de organizações não governamentais do Semiárido brasileiro como o Coletivo Macambira e o Centro Dom José Brandão de Castro. A publicação está disponível para download no Portal da Embrapa.
Acesse aqui para baixá-la.
A metodologia também será apresentada no X Congresso Brasileiro de Agroecologia, que acontece em setembro/2017, em Brasília (DF), sob o formato de trabalho técnico-científico, intitulado Sistematização de experiências agroecológicas e comunicação comunitária - um novo olhar a partir do protagonismo das comunidades rurais. Confira aqui o relatório de trabalhos aceitos.
Também a Revista Ciência e Cultura, editada pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), volume 69, edição abril/junho/2017, publicou o artigo Sistematização de experiências agroecológicas – um novo olhar a partir do protagonismo das comunidades rurais, no qual a metodologia foi apresentada.
Próximos passos
A próxima etapa do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social/2017 está prevista para o dia 15 de agosto, com a divulgação dos projetos finalistas. Já as propostas vencedoras serão anunciadas na cerimônia de premiação, em novembro.
Neste ano, a Fundação BB irá premiar com R$ 50 mil cada uma das seis iniciativas vencedoras nas categorias nacionais, além da entrega de um troféu e a produção de um vídeo retratando as iniciativas das 21 instituições finalistas nacionais e das três finalistas internacionais.
Esta edição tem a cooperação da Unesco no Brasil e o apoio do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Maria Clara Guaraldo (Mtb 5027/MG)
Embrapa Informação Tecnológica
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Mais informações sobre o tema
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