Projeto levanta barreiras à adoção de ILPF no Pará
Projeto levanta barreiras à adoção de ILPF no Pará
O acesso do produtor a crédito e a mercados estão entre as barreiras à adoção em larga escala de sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no estado do Pará, considerando o contexto atual de infraestrutura de transporte e as questões fundiárias da região. A afirmação é um dos resultados preliminares de um projeto da Embrapa em parceria com a Universidade de Boston, que reuniu pesquisadores brasileiros e estrangeiros em Belém e em Paragominas (Pará), de 14 a 17 de agosto.
De cerca de 13 milhões de hectares de áreas sob uso agropecuário no estado, pouco mais de 400 mil estão com sistemas integrados de produção, de acordo com a Rede de Fomento em ILPF no Brasil. O pesquisador Judson Valentim, da Embrapa Acre, explica que a tendência no campo é adotar o uso desses sistemas, tendo em vista os fatores técnicos e econômicos. “O uso do sistema integrado faz o produtor ganhar em rentabilidade por hectare, diversifica a produção, atua na recuperação de pastagens e outros indicadores já estabelecidos pela pesquisa”, afirma.
A pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, ressalta também os benefícios ambientais dos sistemas, como o aumento do sequestro de carbono, a melhoria da qualidade dos solos, a redução da abertura de novas áreas, entre outros.
- Conheça aqui experiências de quem já usa a ILPF no Brasil
Porém esses sistemas encontram ainda barreiras que limitam a sua adoção na região, entre elas questões conjunturais, como a infraestrutura precária de estradas para o escoamento da produção; a dificuldade em relação à titulação de terras, o que prejudica o acesso a crédito; a rede de assistência técnica; e fatores culturais, como a maior complexidade de aplicação e manutenção desses sistemas, que envolvem pasto, lavoura e plantio de árvores, frente à tradição da monocultura.
Joice Ferreira explica que praticamente todas as pesquisas tratam dos aspectos de ganho de produtividade ou da influência de fatores biofísicos. “Por isso estamos trabalhando nos aspectos sociais para entender melhor porque esses sistemas ainda não estão deslanchando apesar de serem tão recomendados. Precisamos saber qual é a visão do produtor que está no campo e que toma a decisão quanto à adoção deles”, afirma a pesquisadora.
Intercâmbio – Durante quatro dias, pesquisadores da Embrapa, do CSIRO - agência de pesquisa australiana, do INRA – instituto francês de pesquisa agropecuária e da Universidade de Boston (EUA) apresentaram cases de adoção de sistemas integrados no Brasil, Estados Unidos, França, Nova Zelândia e Austrália para trocar experiências e conhecimentos sobre os fatores que favorecem e os que limitam a adoção desses sistemas. Além disso, os pesquisadores visitaram propriedades do município de Paragominas para observar diferentes tipos de sistemas de produção integrados de lavoura (grãos) e pecuária e conversar com os agricultores sobre as razões da adoção e utilização desses sistemas.
A pesquisadora Rachel Garret, da Universidade de Boston, afirma que a intenção é fazer uma discussão mais abrangente dessas barreiras, especialmente quanto aos fatores socioeconômicos. Ela ressalta ainda a necessidade de participação maior da pesquisa na formulação de políticas públicas por meio da geração de informação técnica.
A partir da consolidação dos debates, o grupo de especialistas vai gerar um documento de recomendações para a pesquisa com as lacunas identificadas junto aos produtores. A coordenação do projeto é da Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Acre e da Universidade de Boston.
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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