Evento trouxe para o Vale do São Francisco diversidade de visões sobre a agrometeorologia
Evento trouxe para o Vale do São Francisco diversidade de visões sobre a agrometeorologia
Crise hídrica, impactos sociais e ambientais da desertificação e das mudanças climáticas e influência do ozônio troposférico na produção agrícola foram alguns dos temas discutidos durante o XX Congresso Brasileiro de Agrometeorologia (CBAGRO) e V Simpósio de Mudanças Climáticas e Desertificação no Semiárido Brasileiro (SMUD), entre os dias 14 e 18 de agosto, em Juazeiro-BA. O evento foi promovido pela Sociedade Brasileira de Agrometeorologia (SBAGRO) e organizado pela Embrapa Semiárido e Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
Entre participantes presenciais e com trabalhos na forma de pôster e apresentação oral, foram mais de 700 congressistas inscritos. Os palestrantes representaram cerca de 20 instituições de pesquisa e ensino, empresas e organizações nacionais e internacionais, debatendo diversos assuntos ao longo de sete mesas redondas. Também foram realizados seis minicursos, abordando áreas correlatas ao evento, além de oito Diálogos Científicos, que reuniram pesquisadores, professores e congressistas para conversas sobre temas não contemplados nas mesas redondas.
Na ocasião, foram apresentadas temáticas locais, como ocorreu na mesa redonda “Variabilidade climática, ocorrência de secas, crise hídrica e seus impactos”, em que foram abordadas as condições climáticas da região do Semiárido brasileiro, os impactos da estiagem para a produção agrícola e a atual situação da bacia do São Francisco e da barragem de Sobradinho.
Segundo o professor Mário de Miranda Leitão, da Univasf, o conhecimento do clima associado ao desenvolvimento agrícola garante melhores condições de vida para os produtores e para a população em geral. “As questões discutidas durante esse congresso são muito relevantes para nossa região, temos um desenvolvimento agrícola com uso de tecnologia, com uma demanda de água bastante acentuada, isso requer esse conhecimento em todos os níveis, no aspecto social, econômico, mas, principalmente no aspecto científico e técnico”, salienta.
Para o palestrante Marcos Freitas, especialista em recursos hídricos da Superintendência de Operações e Eventos Críticos da Agência Nacional de Águas (ANA), o congresso contribui para difundir informações e discutir dados significativos para a pesquisa sobre crise hídrica, desertificação e variabilidade climática com estudantes, pesquisadores e profissionais da área.
“Estamos no centro do Semiárido, praticamente no sexto ano de uma situação de seca extrema, e essas discussões são importantes. A ANA enfrentou recentemente uma crise no sistema hídrico em São Paulo, no Rio de Janeiro e agora em Brasília. De certa forma, eles tiveram que aprender com a experiência nordestina, conseguimos passar formas de adaptação e convivência com esses períodos”, observa.
Segundo o pesquisador, diante da atual crise hídrica, uma nova resolução está sendo discutida para a Bacia do São Francisco junto com os órgãos gestores dos estados que fazem parte da Bacia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Comitê da Bacia, com a realização de videoconferências para consolidar as mudanças de forma coletiva.
Contexto global - O Congresso trouxe a perspectiva da agrometeorologia sob diversos contextos e temáticas nacionais e internacionais. Na palestra de abertura “A Agrometeorologia na solução de Problemas Multiescala - desafios das variabilidades climáticas e dos avanços tecnológicos”, o pesquisador Clyde Fraisse, da Universidade da Flórida, apresentou os resultados de experiências desenvolvidas nos Estados Unidos, e falou sobre o que chamou de “bad good news”. “São notícias ruins, mas que são boas para o desenvolvimento de pesquisas na área. É uma fase de ouro para agrometeorologia, para os estudantes que estão começando, eles estão com emprego garantido”, avalia.
Entre os temas de importância global discutidos ao longo da programação estavam os impactos ambientais do ozônio troposférico. Durante a mesa redonda “Poluição atmosférica e Ozônio: novos atores para afetar a agricultura brasileira”, foram apresentados dados de pesquisa relacionados à qualidade do ar e à interferência do ozônio troposférico na qualidade de vida e na agricultura, principalmente no cultivo de grãos.
Segundo o professor Milton Pereira, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Brasil é um dos maiores produtores de ozônio troposférico do mundo e as altas concentrações desse gás prejudicam a produção. “O ozônio troposférico diminui a estrutura e a fotossíntese das plantas, afeta a saúde humana causando doenças respiratórias, doenças cardíacas, pneumonia etc., além de afetar a produção agrícola. O que a gente vê é que não adianta combater o gás local ou regionalmente se não combater, por exemplo, as queimadas existentes no Brasil”, explica.
De acordo com a pesquisadora da Embrapa Semiárido e presidente do evento, Magna Soelma Beserra de Moura, essa edição do congresso e as palestras internacionais foram bem aceitas, porque trouxeram visões de países diferentes sobre o tema. “Estamos compilando as avaliações das mesas redondas feita pelos próprios congressistas para o aplicativo do evento e faremos uma publicação no site”, informa.
Programação paralela - Durante o Congresso, a Sociedade Brasileira de Agrometeorologia realizou uma assembleia com seus sócios, em que foi apresentado o relatório de execução do congresso anterior, além da prestação de contas da gestão 2015-2017. Na ocasião, também foi eleito o novo presidente da Sociedade, o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Thieres George Freire da Silva, tendo como vice o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Bernardo Barbosa da Silva.
No último dia de programação, também foram realizadas visitas à sede da Embrapa Semiárido, em Petrolina-PE, nas empresas vitivinícolas Rio Sol, em Lagoa Grande-PE, e Miolo, em Casa Nova-BA, além da fazenda de produção irrigada de frutas Fortaleza, em Petrolina. O encerramento aconteceu após um jantar de confraternização, onde foram divulgados os 37 trabalhos premiados, entre as 129 apresentações orais e os 549 pôsteres. A lista contendo os trabalhos premiados está disponível no site www.cbagro2017.com.br.
Maria Eduarda Abreu
Embrapa Semiárido
Fernanda Birolo (MTb/AC 81)
Embrapa Semiárido
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