O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, o que corresponde a 5,9% do consumo mundial e 72% desse insumo é importado. Esses dados da Associação Nacional para Difusão de Adubo (Anda) foram apresentados pela pesquisadora da Embrapa Algodão, Ana Luiza Borin. Outros dois especialistas - o mestre em Ciência do Solo, Leandro Zancanaro e Leonardo Sugimoto, gerente do grupo Horita - participaram da sala temática sobre fertilidade de solo e adubação nesta quinta-feira (31), no 11º Congresso Brasileiro do Algodão, no Centro de Convenções de Maceió/AL. O evento realizado pela Associação Brasileira do Algodão (Abrapa) encerra nesta sexta-feira (1º).

De acordo com Borin, o consumo crescente de fertilizantes acarreta altos custos de produção, chegando a 35% do custo total de produção. “Ao longo dos anos não foi possível melhorar a eficiência de fertilizantes, portanto e preciso pensar no sistema como um todo (soja-milho-algodão) e como os fertilizantes da cultura do algodão podem ser aproveitados nas cultura seguintes”, afirmou.

Segundo a pesquisadora, é preciso criar estratégias para otimizar as adubações realizados no algodoeiro, a exemplo da boa correção do solo e da utilização dos nutrientes na época, em dose e local corretos.

Leandro Zancanaro salienta que é necessário resgatar conceitos básicos, pois todas as plantas consomem nutrientes através do solo para expressar seu potencial. “Devemos sempre considerar a máxima absorção de cada substância na cultura do algodão e o solo é o seu grande provedor”, pontua.

O gerente do Grupo Horita, Leonardo Sugimoto apresentou dados da Bahia na apresentação “Construção e perfis de adubação do sistema” e destacou que a Bahia tem condições favoráveis, luminosidade, profundidade de solo e é através da correção de perfil que gera condições para a raiz crescer”, conclui.

Soluções para o problema da descompactação do solo

Enfocando o problema da compactação, uma das salas temáticas do 11º Congresso Brasileiro do Algodão promoveu, na tarde desta quinta-feira (31), um debate sobre o manejo do perfil dos solos cultivados com algodoeiro. Nas suas apresentações, os palestrantes falaram sobre as tecnologias disponíveis para o manejo mais adequado e a melhoria dos perfis dos solos.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste e especialista em plantio direto Fernando Lamas foi o primeiro palestrante a se apresentar. Segundo ele, um dos grandes desafios para a agricultura brasileira, na atualidade, é a questão dos aspectos físicos do solo. “Muitas vezes se considera o potencial produtivo do solo analisando apenas seu aspecto químico, mas ele é também altamente dependente de questões físicas e biológicas”, afirmou Lamas.

Segue explicando que esse potencial é resultado de um solo quimicamente equilibrado, fisicamente bem estruturado e em boas condições biológicas. “Quando o solo não está bem do ponto de vista físico, devido a problemas como a compactação, não adianta utilizar mais fertilizantes, porque ele não será capaz de absorver esses nutrientes”.

Lamas destacou que o mais importante não é descompactar, mas evitar sua compactação. “Hoje, temos práticas de manejo de solo que podem ser utilizadas com amplas vantagens. É o caso do plantio direto, um modelo de produção que, se utilizado de forma correta, permite a preservação dos aspectos químicos, físicos e biológicos do solo. No futuro, pode-se até reduzir o uso de fertilizantes, pois a fertilidade será potencializada, graças ao uso dessa técnica”, disse o especialista.

O segundo palestrante foi o pesquisador da Embrapa Trigo José Eloir Denardim, que abordou o tema Manejo dos solos - descompactar e não compactar. Para concluir, o diretor técnico e sócio da Sigma Soluções Agronômicas Ltda., Nilvo Alltmann, falou sobre Melhoria sustentável das condições biológicas, químicas e físicas dos solos dos cerrados.

Com Ascom Abrapa