Embrapa apresenta impactos da pesquisa e do Plano ABC na Inglaterra
Embrapa apresenta impactos da pesquisa e do Plano ABC na Inglaterra
Foto: Joana Silva
Martin Neto em área de plantio direto, sistema conservacionista que está ajudando o Brasil a sequestrar carbono da atmosfera.
O Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) tem apresentado resultados como o sequestro de mais de 35 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, graças aos 11,5 milhões de hectares ocupados com o sistema Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) no Brasil. É justamente essa contribuição sustentável que o ex-diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, vai apresentar em dois fóruns na Inglaterra, de 3 a 8 de setembro.
Na passagem pelo Reino Unido, o pesquisador vai cumprir programação extensa, que inclui participação em congresso científico, coordenação de evento de fórum global, reunião visando novas cooperações com a Embrapa e, ainda visita ao campo experimental centenário nas proximidades de Londres.
A proposta é mostrar nos fóruns internacionais que com adoção de práticas adequadas o País vem avançando para superar os desafios assumidos pelo Plano ABC, que tem o compromisso de apoiar a redução das emissões nacionais de gases do efeito estufa (GEE) em 38,9% até 2020.
Martin Neto, além do sistema ILPF ainda vai abordar os impactos da adoção da prática conservacionista do plantio direto, que ocupa mais de 30 milhões de hectares no Brasil e o processo de fixação biológica de nitrogênio, que evita o uso de adubo nitrogenado, especialmente na cultura da soja. Essas são algumas das práticas incentivadas pelo programa.
As contribuições, bem como o estado atual e desafios da pesquisa com a matéria orgânica do solo serão apresentadas em dois fóruns tradicionais na temática.
Na 9ª Reunião Anual do Grupo de Pesquisa em Terras Cultiváveis, da Aliança Global de Gases do Efeito Estufa na Agropecuária (GRA, na siga em inglês), na função de co-coordenador, o pesquisador vai coordenar a abertura, participar de vários painéis e articular a realização da próxima reunião do Grupo no Brasil, durante o 21º Congresso Mundial de Ciência do Solo, de 12 a 17 de agosto de 2018, no Rio de Janeiro.
O GRA tem 48 países membros, com quatro grupos de pesquisa - Pecuária, Arroz Irrigado, Integrativo, além do Terras Cultiváveis.
A outra participação é no painel sobre políticas públicas nacionais e internacionais do 6º Simpósio Internacional de Matéria Orgânica do Solo, evento coordenado e realizado pelo Rothamsted Research, uma das instituições de pesquisa agrícola mais antiga do mundo, fundada em 1843, e localizada em Harpenden, no condado inglês de Hertfordshire.
Martin Neto lembra que este é um evento chave em matéria orgânica do solo e uma importante oportunidade para acompanhar o estado da arte das pesquisas no tema, com o qual volta a atuar depois de deixar a diretoria de P&D da Embrapa.
O ex-diretor ainda vai se reunir com o diretor da instituição, Achim Doberman, para discutir a possibilidade de ampliação de cooperação científica com a Empresa e, em particular, com a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP).
Ele estará acompanhado do coordenador do Programa Embrapa Labex Europa, Pedro Machado, e de Renato Aragão Rodrigues, pesquisador da Embrapa Solos (Rio de Janeiro – RJ), especialista em manejo de solos e emissão de gases do efeito estufa na agropecuária. O Plano ABC exige medições sobre o conteúdo da matéria orgânica do solo, bem como sua estabilidade em extensas áreas agrícolas.
O pesquisador explica que duas técnicas, aplicadas pioneiramente pela Embrapa Instrumentação, em trabalhos liderados pela pesquisadora Débora Pereira Milori - espectroscopia de fluorescência de emissão óptica de plasma induzida por laser (LIBS) e espectroscopia de fluorescência induzida por laser (LIFS) – são apresentadas como novas ferramentas no emprego dessas tarefas desafiadoras.
“A LIBS será usada para facilitar um grande número de medições de carbono em grande extensão de áreas agrícolas, com amostras inteiras, enquanto a LIFS vai avaliar a estabilidade de matéria orgânica no solo e estimar a vida dos compostos de carbono”, diz. As técnicas baseadas em laser têm permitido a análise de solos intactos, sem qualquer tratamento químico e físico, de forma mais rápida e barata.
“É um avanço importante para agilizar as medidas de matéria orgânica do solo nesse processo de acompanhamento das inúmeras propriedades e campos experimentais”, afirma.
Martin Neto acredita que a oportunidade de levar para fóruns internacionais as contribuições para o avanço da agricultura brasileira é de muita relevância, uma vez que traz para o país uma imagem positiva, demonstrando o protagonismo de práticas sustentáveis nos trópicos.
Segundo ele, o país tem sido, em muitas situações, injustamente questionado no exterior sobre a sustentabilidade da agropecuária brasileira, por seu crescimento ser ainda associado a atividades de desmatamento. “Levar resultados com dados científicos, muitos publicados em revistas internacionais, com informação correta sobre práticas conservacionistas no Brasil correntemente em uso é extremamente virtuoso”, diz.
A agenda no país inglês está sendo cumprida ainda em parte como reflexo de articulações internacionais realizadas frente à gestão da diretoria, em Brasília, entre dezembro de 2012 e julho de 2017, da qual se afastou para retornar à sua unidade de origem, a Embrapa Instrumentação.
Plano ABC
Criado em 2010, o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono tem vigência até 2020, quando o Brasil deverá ter reduzido em cerca de 40% a emissão dos gases do efeito estufa, comparado a 2005, conforme compromisso assumido voluntariamente na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15), realizada em 2009, em Copenhague, Dinamarca.
É composto de sete programas, seis referentes às tecnologias de mitigação e um com ações de adaptação às mudanças climáticas - Recuperação de Pastagens Degradadas; Integração Lavoura, Pecuária, Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs); Sistema Plantio Direto (SPD); Fixação Biológica de Nitrogênio(FBN); Florestas Plantadas; Tratamento de Dejetos Animais e Adaptação às Mudanças Climáticas.
O Plano consiste em uma linha de crédito para dar condições ao produtor rural de desenvolver sua atividade com menos impacto ambiental e ajudar o Brasil a cumprir suas metas de redução de emissões de carbono no setor agropecuário.
O Plano ABC vem registrando progressos desde que foi criado, como a ampliação da adoção do sistema ILPF. Um levantamento realizado pela Kleffmann Consultoria, em 2016, encomendado pela Rede de Fomento de Apoio à ILPF, da qual a Embrapa faz parte, apontou que 11,5 milhões de hectares estão sob sistemas integrados. Em apoio às ações do Plano ABC, o governo brasileiro implantou a Plataforma Multiinstitucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa - Plataforma ABC - coordenada pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP), Celso Manzatto, com participação de membros dos setores público, da iniciativa privada e do terceiro setor, em sua governança.
De acordo com estimativa da Plataforma ABC, os 11,5 milhões de hectares ocupados com ILPF contribuem com a redução de 35,1 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.
Joana Silva (MTB 19554)
Embrapa Instrumentação
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Embrapa Instrumentação
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