Soja e eucalipto para recuperação de pastagens no sudeste paraense
10/04/15
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Produção vegetal ILPF
Soja e eucalipto para recuperação de pastagens no sudeste paraense
É possível recuperar as pastagens degradadas com sistemas integrados de produção e obter rendimento. Essa foi a principal mensagem do dia de campo sobre sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) realizado nesta sexta-feira (10), na Fazenda Cristalina, em São Domingos do Araguaia, região metropolitana de Marabá.
O evento apresentou um plantio de soja e eucalipto que compõe um dos experimentos na Amazônia do Projeto Biomas, iniciativa que tem o objetivo de plantar árvores para recuperar, proteger e promover o uso sustentável de propriedades rurais, além de validar e aprimorar o Código Florestal Brasileiro.
A soja foi plantada em dezembro do ano passado e agora está no ponto de colheita. Ela faz parte de um experimento de iLPF implantado numa área de 3,5 hectares de pastagens degradadas. O sistema é formado por faixas de lavoura de 25 metros entremeados por linhas de eucaliptos. Antes da soja, a área recebeu cultivo de milho no ano passado.
De acordo com o pesquisador Roni de Azevedo, da Embrapa Amazônia Oriental, a estimativa é de que a colheita da soja atinja de 45 a 50 sacas por hectare. "Considerando o preço do grão no mercado e os custos do plantio em torno de 1.800 reais por hectare, o experimento mostra que é possível obter cerca de 900 reais por hectare de rendimento líquido", avaliou o pesquisador.
Ele ressaltou ainda que a produtividade poderia ser maior, se a adubação fosse mais intensiva, mas o objetivo era avaliar a resposta daquele solo a um investimento menor. A pecuária extensiva domina a paisagem rural da região e há incidência de pastagens degradadas. E o experimento demonstra que o iLPF é uma alternativa para recuperar a pastagem com o plantio de grãos. "A melhoria da qualidade do solo pode ir se pagando aos poucos", concluiu o pesquisador.
Colhida a soja, será avaliada a possibilidade de cultivar feijão-caupi ou milho para silagem ainda neste período de chuvas. "A rotação de culturas é importante porque melhora a qualidade do solo, contribui para a ciclagem de nutrientes e diminui a incidência de pragas e ervas daninhas", explicou Azevedo.
Para 2016, outro cultivo de milho será colhido e cederá espaço para o capim, o gado e o eucalipto, até que este último alcance seu ponto de corte. A madeira de eucalipto é uma alternativa para a fabricação de carvão, uma demanda do setor siderúrgico da região.
Expansão - A idéia de recuperar a pastagem com a produção de grãos vem ganhando adeptos entre alguns pecuaristas da região. Presente no dia de campo, o produtor rural Ederli da Silva colheu a primeira safra de milho a cerca de um mês. Depois de décadas dedicado somente à pecuária, no último ano ele resolveu plantar 30 hectares de milho sobre as pastagens degradadas. "Escolhi o pior pasto que tinha", disse. Ele pretende ainda cultivar milho por um segundo ano antes de retornar a pastagem ao local e partir para a recuperação de outra área degradada.
Sobre o cultivo de soja e árvores, Ederli se disse cauteloso diante do conhecimento técnico que essas atividades exigem. Mas afirmou que há vizinhos aderindo a sistemas de pastagens com paricá, espécie florestal nativa da Amazônia.
O movimento dos pecuaristas em direção à agricultura é pequeno mas vem crescendo na região. O gerente de uma revenda de produtos agropecuários, Wender Partata, afirma que há dois anos a venda de sementes de milho na região era quase zero, mas neste ano já foram comercializados mais de mil sacos. "Os pecuaristas sabem que não é mais possível derrubar a floresta para abrir pastagens e o plantio de grãos é uma alternativa para recuperar os pastos", afirmou.
O Projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a CNA e a Embrapa, com a participação de mais de trezentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. Tem como objetivo viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros. Para isto, a pesquisa avalia o uso da árvore, seja em Áreas de Preservação Permanente - APP, Área de Reserva Legal - ARL, ou mesmo em Áreas de Sistemas Produtivos – ASP, nos seis biomas brasileiros, resultados que poderão contribuir para o aprimoramento da legislação ambiental brasileira.
Vinicius Braga (MTb 12.416/RS)
Embrapa Amazônia Oriental
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