Troca-troca de sementes crioulas celebra a biodiversidade
Troca-troca de sementes crioulas celebra a biodiversidade
A agricultora Mirian Tatiana dos Santos viajou mais de 1,3 mil quilômetros desde sua terra natal, Valença (BA), para participar da Feira de troca de sementes crioulas, evento aberto hoje à tarde (dia 13/09), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Ela é uma das centenas de pessoas a conferir a diversidade dos materiais genéticos resgatados e conservados e levados por mais de 120 expositores de todas as regiões brasileiras para esta atividade, que faz parte do Congresso Agroecologia 2017.
Admirada com a riqueza dos materiais disponibilizados às trocas, a baiana de conta sobre a intenção de compartilhar a experiência da mostra com a vizinhança de sua pequena propriedade de 3,5 hectares, na zona rural de Valença, onde mantém as culturas de cacau, cupuaçu, banana da terra e jenipapo.
Além disso, as novidades e o intercâmbio com os expositores ganharam importância porque assim Mirian terá muito o que conversar com os colegas do curso de Educação para o Campo, graduação que faz na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
O estudante Victor Aguiar Pedroso é um dos expositores. Ele e Mirian trocaram informações sobre a conservação e o resgate de sementes crioulas. Vitor, que cursa Agronomia no Instituto Federal Goiano, no campus de Urutaí, expos sementes de milheto e milho crioulo. No troca troca com participantes ele colocou na bagagem de volta para casa sementes de mucuna preta.
Uma das organizadoras da feira, a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecologia (Brasília-DF), Terezinha Dias, comenta que a feira de troca de sementes é uma atividade que ocorre com êxito em outras regiões do país e que a ideia de fazer o evento no Agroecologia 2017 fortalece o trabalho dos homens e mulheres que cuidam da agrobiodiversidade do Brasil.
Com nomes, sobrenomes, endereços e histórias, as centenas de sementes crioulas oriundas das propriedades de agricultores familiares e povos tradicionais de diferentes biomas brasileiros movimentaram a área destinada ao troca-troca e, aos poucos, despertaram a curiosidade de quem desconhece a importância do resgate e da conservação destes materiais. Mas a atividade também facilitou a troca de conhecimento entre os guardiões e guardiãs destes materiais. E nesse sentido, um dos objetivos da mostra, o de fortalecer a rede de conservação e troca e promover diálogos sobre agrobiodiversidade e práticas agroecológicas, foi alcançado, pois os públicos interessados naquela movimentação frenética e simpática, própria daqueles que trabalham com o que gostam, não paravam de chegar e revisar aquelas sementes de cores, tamanhos e formatos tão diversos.
A feira de troca de sementes se estenderá até o dia 15 (sexta-feira).
Informações sobre o Agroecologia 2017 e as atividades que ocorrem simultaneamente podem ser conferidas no link http://agroecologia2017.com/apresentacao/
Deva Rodrigues (Mtb/RS 5297)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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