19/09/17 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Conferência reúne participantes de 12 países na discussão de novas rotas de fenotipagem para o melhoramento de plantas

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Foto: Renan Alcântara

Renan Alcântara - Novos métodos podem ajudar a antecipar soluções para problemas como o aquecimento global.

Novos métodos podem ajudar a antecipar soluções para problemas como o aquecimento global.

A incorporação de novas técnicas para acelerar a análise dos atributos de uma planta, de forma mais rápida e precisa é o centro das discussões da Segunda Conferência Latino-Americana de Fenotipagem e Fenômicas para Melhoramento de Plantas (II LAPhPB). A Embrapa Instrumentação (São Carlos - SP) sedia o evento entre quarta e sexta-feira (20 a 22/09), a partir das 8 horas. 

Com representantes de três continentes – Americano, Europeu e Oceania, o encontro pretende apresentar como os avanços da nova fenotipagem ou novos métodos aplicados a fenotipagem de plantas e fenômica (NMPF), junto com a genotipagem podem contribuir para equacionar um dos desafios da ciência - reduzir de dez para cerca de cinco anos o tempo entre a pesquisa realizada no laboratório e a aplicação no campo. 

Os novos conceitos baseiam-se na multidisciplinaridade da pesquisa, integra técnicas não invasivas de várias áreas do conhecimento para quantificar as propriedades da planta e da relação com o meio ambiente, tanto no tempo como no espaço. Eles incluem o desenvolvimento da aplicação da instrumentação, da informática, da bioinformática, do big data, da automação, entre outros.

À frente da organização da conferência, o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Paulo Sérgio de Paula Herrmann Junior, acredita que o emprego e desenvolvimento dos novos conceitos, aliado a outras áreas do conhecimento, como a agricultura de precisão, têm condições de acelerar os trabalhos de melhoramento e pré-melhoramento de plantas. 

"A avaliação quantitativa das estruturas da planta e suas funções permite a transferência de resultados de pesquisa básica para a agricultura prática e o agronegócio", afirma Hermann Junior que permaneceu três anos – 2012 a 2015 - como pesquisador do Labex Europa no Forschungszentrum Jülich /Institute of Bio-Geoscience 2 (IBG-2): Plant Science, em Jülich, na Alemanha, país que está na vanguarda no uso da nova fenotipagem.  

Os novos métodos aplicados a fenotipagem  permitem a análise de plantas, do topo à raiz, enquanto métodos convencionais do passado consistiam basicamente em fazer análise de planta por planta e com a destruição delas ao longo do processo. Além disso, a análise valia-se muito do “olho do melhorista”, o que dava margens a erros.

O pesquisador explica que os programas de melhoramento de plantas, baseados em métodos tradicionais, como a triagem genotípica, que analisa a interação genótipo x ambiente, em relação a um traço particular, estão ficando para trás, porque deixam de considerar informações advindas das técnicas não-invasivas para a caracterização do fenótipo, a estrutura e função das plantas expostas a um ambiente heterogêneo. 

“Durante as últimas décadas, a caracterização era realizada na obtenção dos traços de uma simples planta, em condições controladas e de forma invasiva, levando consequentemente a programas mais onerosos, demorados e imprecisos”, avalia.

Coordenador da Rede Brasileira de Fenotipagem de Plantas (RBFP), criada em 2014, o pesquisador esclarece que o desenvolvimento de cultivares adaptadas às mudanças climáticas só será possível com a avaliação de uma série de características morfo-fisiológico e físico-químicas que não eram considerados. 

“A única maneira razoável para cumprir todas essas necessidades se dá através da aquisição de dados utilizando sistemas de alto desempenho fenotípicos - campo de alto rendimento fenotipagem”, diz.

A conferência traz diversas palestras de especialistas nacionais e internacionais, mesa-redonda sobre redes de fenotipagem de plantas, sessão de pôster, visita aos laboratórios da Embrapa Instrumentação e oficina com a apresentação de drone.

A Embrapa participa com pesquisadores de nove Unidades, incluindo a Secretaria de Relações Internacionais (SRI), cujo chefe Alexandre Morais do Amaral estará presente na solenidade de abertura do evento.

No dia 22, após a finalização do encontro será realizada a Assembleia Geral Anual da Rede Internacional de Fenotipagem de Plantas (IPPN, na sigla em inglês).

Vanguarda

A conferência, com quase 80 participantes, reúne representantes de países que estão na vanguarda da pesquisa, como a Alemanha, que já faz uso dos novos métodos para obter resultados com respostas mais precisas, frente a um cenário de demanda crescente por alimentos e em condições climáticas cada vez mais adversas.

O coordenador da Rede Alemã de Fenotipagem de Plantas e também da Rede Europeia de Fenotipagem de Plantas, Ulrich Schurr, vai abordar no primeiro dia da conferência, às 9h10, um panorama das pesquisas com fenotipagem e os novos caminhos que ajudarão a compreender melhor as culturas.
     
A Europa, Oceania e América do Norte começaram a usar os novos métodos de fenotipagem de plantas no desenvolvimento de culturas de grãos nos últimos 10 anos, enquanto na América Latina, importante exportador de alimentos e de matérias-primas, o equivalente ainda não ocorreu. 

No Brasil, no entanto, que realiza o evento como uma oportunidade de estabelecer as condições para sedimentar os novos conceitos da fenotipagem, pesquisadores  já se destacam na aplicação dessa abordagem, como o professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo, Odemir Martinez Bruno, e o professor da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro (SP), Gustavo Habermann.

Os dois participam da conferência com palestras no dia 20 e 21, quando vão falar sobre a presença do alumínio no estresse das plantas e a teoria do caos e a ciência não linear como uma nova abordagem à análise de dados aplicada na fenotipagem de plantas, respectivamente.

Na Embrapa, pesquisas já são desenvolvidas há algum tempo, com equipamentos de alta precisão e com um grupo de pesquisadores de diversas áreas. Este é o caso da Embrapa Instrumentação, um centro que reúne instrumentos, infraestrutura e as competências necessárias para aplicar os novos métodos não invasivos da nova fenotipagem. 

Com uma equipe multidisciplinar, o Centro de Pesquisa já atua com a espectroscopia de fluorescência induzida por laser na detecção do greening, a pior doença da citricultura; com a ressonância magnética nuclear e no processamento de imagem aérea captada por drone para análise do estresse hídrico de planta, a emissão de voláteis como indicador não invasivo entre outros métodos, sensores e instrumentos necessários à aplicação da nova fenotipagem.

Apoio

A II LAPhPB é apoiada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), centro Jülich Forschungszentrum e Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal.
 

Joana Silva (MTB 19554)
Embrapa Instrumentação

Contatos para a imprensa

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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