Pesquisadores de países da Pan-Amazônia, América Central e Europa se reúnem em Belém, juntamente com organizações governamentais nos dias 29 e 30 de abril, na Embrapa Amazônia Oriental, para repensar os rumos das pesquisas sobre a degradação florestal. Muito se sabe sobre o desmatamento e esse conhecimento ajudou a reduzir os índices de devastação da floresta Amazônica em mais de 80% na última década. A degradação, no entanto, tem crescido significativamente e pode representar até 40% perdas de carbono na floresta, mas é pouco estudada e ainda não há normas e leis específicas para seu controle ou formas eficientes de monitoramento.

O seminário "Degradação Florestal na Amazônia: os desafios da pesquisa para a gestão das florestas degradadas" é realizado pela Embrapa Amazônia Oriental em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD - França), como ação do Observatório Internacional de Florestas Tropicais Manejadas (Rede TmFO). Participam cerca de 70 pesquisadores e tomadores de decisões para alinhar os conhecimentos sobre o processo de degradação florestal na Amazônia e os desafios para o monitoramento e controle. "Vamos discutir e pensar soluções conjuntas para identificar os desafios da pesquisa na geração de conhecimentos que possibilitem a melhoria da gestão florestal na Amazônia e em demais países que possuem florestas tropicais", explica a pesquisadora Joice Ferreira, uma das coordenadoras do evento.

A degradação florestal está relacionada principalmente a queimadas e exploração madeireira insustentável. Esse processo altera florestas, aumenta as emissões de carbono e ameaça a biodiversidade. A pesquisadora alerta, porém, que com uma gestão florestal eficiente, as florestas degradadas podem fornecer serviços ambientais e contribuir para a conservação da diversidade biológica e redução dos impactos das mudanças climáticas.

Estudos realizados por pesquisadores brasileiros e britânicos, no âmbito da Rede Amazônia Sustentável, co-coordenada pela Embrapa, vêm estimando as perdas de carbono e de biodiversidade com a degradação. Ainda de acordo com o estudo, a degradação florestal causa a perda de cerca de 54 milhões de toneladas de carbono, o que representa 40% a mais da perda anual pelo desmatamento da floresta, dados que não vem sendo contabilizados ou subnotificados. Essa perda equivale, por exemplo, a emissão de carbono na atmosfera correspondente a mais de 40 milhões de carros circulando durante um ano.

Para o pesquisador Milton Kanashiro, que coordenada a Rede TmFO na Amazônia, o seminário é mais um esforço no avanço de entender de forma conjunta  os fatores que influenciam na recuperação das florestas e promover um entendimento mais nivelado para possibilidades de pesquisa e monitoramento da degradação florestal como um todo. "Boas práticas de manejo florestal madeireiro são possíveis e se bem planejadas e executas, podemos avançar no entendimento de sobre a recuperação da estrutura e composição da floresta, como também para a manutenção da produção da floresta, seja para dos bens de consumo, seja nos serviços ambientais e ecossistêmicos para um desenvolvimento sustentável", explica Kanashiro.

A Rede TmFO existe desde 2012 e reúne estudos voltados para avaliar a capacidade de regeneração, armazenamento de carbono e manutenção da biodiversidade das florestas impactadas pela extração seletiva de madeira na bacia Amazônica e nas bacias do Congo e Sudeste Asiático.

Participam como palestrantes pesquisadores da Embrapa, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto do Homem e Meio Ambiente (Imazon), Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade de Brasília (UNB) e Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD - França).

Serviço:
Seminário "Degradação Florestal na Amazônia: os desafios da pesquisa para a gestão das florestas degradadas".
Data: 29 (tarde) e 30 de abril (manhã e tarde)
Local: Auditório José Maria Pinheiro Condurú (Embrapa Amazônia Oriental)
Endereço: Tv. Eneas Pinheiro, S/N, Marco. Belém-PA.
Informações:  (91) 3204-1014