22/09/17 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde  Transferência de Tecnologia  Manejo Integrado de Pragas

Workshop contribui para o desafio da implantação da educação sanitária em São Paulo

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Foto: Marcos Vicente

Marcos Vicente - O superintendente da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de São Paulo, Francisco Sérgio F. Jardim discursa na abertura do evento.

O superintendente da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de São Paulo, Francisco Sérgio F. Jardim discursa na abertura do evento.

O desafio é conscientizar os educadores e mostrar aos órgãos que regulam a educação formal no estado de São Paulo a importância da implantação da educação sanitária nos currículos universitários e nas escolas técnicas agropecuárias, visando à saúde do agricultor, do consumidor e do meio ambiente.

O tema foi destaque na terça-feira (19/09) em Jaguariúna, SP nas apresentações e discussões do I Workshop de Educação Sanitária em Boas Práticas Agropecuárias e Saúde Animal e Vegetal, parceria entre a Cesesp (Comissão de Educação Sanitária do Estado de São Paulo) e a Embrapa Meio Ambiente, com o objetivo de fortalecer e valorizar a educação sanitária em boas práticas agropecuárias e saúde animal e vegetal no Estado de São Paulo. Participaram do evento cerca de 100 profissionais de várias áreas.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e coordenador do Workshop, Robson Barizon, “atualmente, poucas instituições de ensino possuem em sua grade curricular a disciplina de educação sanitária. Entretanto, a capacitação dos recursos humanos é um dos pilares para o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário, com a produção de alimentos com qualidade e ausentes de resíduos”, disse.

A questão fundamental é inserir o tema da Educação Sanitária Animal e Vegetal nas grades curriculares dos cursos técnicos e universitários nas áreas de agronomia, zootecnia e medicina veterinária, principalmente, e também, se possível, no fundamental, principalmente nas escolas rurais.

Na abertura e composição da mesa estiveram presentes o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi; o superintendente da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de São Paulo, Francisco Sérgio Ferreira Jardim; o presidente da Cesesp (Comissão de Educação Sanitária do Estado de São Paulo), Ezequiel Liuson; o secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, José Otávio Menten e a representante da Coordenação de Boas Práticas Agropecuárias do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Mirela Eidt.

Para o presidente da Cesesp, Ezequiel Liuson, “se o estudante não aprender as boas técnicas, a tecnologia não chega na agricultura. É necessário ampliar a defesa agropecuária, tanto animal quanto vegetal”. Uma das atividades da Comissão é promover a implantação do Programa Nacional de Educação Sanitária (PROESA) no Estado de São Paulo. Dentre as várias instituições parceiras da Cesesp participam duas Unidades de Pesquisa da Embrapa: Meio Ambiente e Pecuária Sudeste (São Carlos, SP).

O secretário municipal de Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba, José Otávio Menten, salientou que “a educação sanitária deve ser incluída não só nos currículos das universidades, mas também nos das escolas técnicas”. Para ele existem 10 desafios na agricultura brasileira, e um deles é o incremento da educação sanitária no país. A representante da Coordenação de Boas Práticas Agropecuárias do Mapa, Mirela Eidt, enfatizou também que é necessário fomentar as boas práticas agropecuárias, opinião compartilhada com Francisco Sérgio Ferreira Jardim, superintendente da Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de São Paulo. Para ele o grande gargalo da Organização Mundial do Comércio (OMC) são as barreiras sanitárias. “A questão da educação sanitária, deste modo, é muito importante. Ela deve ser inserida da grade curricular de escolas e universidades”. Ele também disse que a “questão sanitária é uma questão ecológica”, e vai mais além, “é uma questão ecossociosanitária”, salientou.

Após a abertura, em palestra a engenheira agrônoma Izabel Giovanini e a médica veterinária Juliana do Amaral Moreira Vaz da Cesesp discorreram sobre sanitarismo, histórico da educação sanitária no Estado de São Paulo e contaram sobre as atividades e ações da Comissão, criada neste ano por meio da Portaria 241 de 31 de agosto, mostrando como realizam a educação sanitária com produtores, extensionistas e alunos de escolas técnicas federais e universidades. Izabel discorreu sobre as diferenças de extensão rural, assistência técnica e educação sanitária, que segundo ela, “é um Processo ativo e contínuo de utilização de meios, métodos e técnicas”. Para ela, o conceito de “Saúde Única” (melhoria da saúde do indivíduo, dos animais, das plantas e do meio ambiente) deve ser mais difundido.

Em seguida o médico veterinário da FMVZ/USP (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) Fábio Gregori falou sobre os Fundamentos em Educação Sanitária, questionando qual a ação educativa para você? Quais metodologias e recursos podem deixar as atividades educacionais mais interativas? Como avaliar? Educação em saúde consiste geralmente em folder, palestra e propaganda? Ele também fez uma síntese das tendências pedagógicas. Fábio acredita que “se o aluno não se sentir bem em um ambiente, não se sentir acolhido, não vai absorver os conhecimentos, não vai aprender”. Ele concluiu dizendo que “é necessário acreditar no potencial transformador da educação”.

Paula Bastos professora das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) de São Paulo enfatizou também a inserção da educação sanitária nos currículos universitários. Ela apresentou as diretrizes curriculares em Medicina Veterinária e em Zootecnia, listando as competências gerais e avançadas do veterinário, enfatizando em ambos a importância do domínio da comunicação e informação pelos profissionais. Apresentou também sugestões de um plano de ensino em educação sanitária, onde entraria a importância e histórico da comunicação e processo educativo.

A representante da Coordenação de Boas Práticas Agropecuárias do Mapa, Mirela Eidt apresentou as ações desenvolvidas pela Coordenação de Boas Práticas e Bem-estar Animal da CBPA/DEPROS, atualmente com 312 projetos executados, 20 estados envolvidos e cerca de 60 mil produtores atendidos.  Para ela para “alavancar o conhecimento na área é preciso andar de braços dados com a academia, pois é necessária a base científica”. Listou eventos realizados e alguns programas em execução pela CBPDA/Mapa, como o Programa Mais Leite Saudável (PMLS), além dos Programas de Boas Práticas de Alojamento de Matrizes Suínas; de Transporte de Suínos; Boas Práticas no Manejo de Aves Poedeiras, todos em parceria com a Embrapa Suínos e Aves (Concórdia, SC) e com término previsto para 2018.

A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Fagoni Calegário apresentou em seguida a ação educativa na área vegetal – Produção Integrada (PI) mostrando o exemplo de sucesso da PIMo (Produção Integrada de Morango), projeto conduzido em Atibaia e Jarinu, SP com produtores, com o objetivo de implantar e estabelecer o Selo Brasil Certificado. “Se deu certo com o morango, pode dar certo com outros produtos”, disse. Salientou que “o coração da produção integrada é o MIP (Manejo Integrado de Pragas)”. Apresentou um vídeo disponível no Youtube que conta a história da implantação da Produção Integrada e a Macroeducação.

A professora Luzia Helena Queiroz da Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba (FMVA/Unesp) discorreu sobre a Ação Educativa na Universidade. Apresentou as experiências e o histórico de doenças transmissíveis detectadas na região, a exemplo da raiva e da febre aftosa, e salientou que “há necessidade de implantação de ações educativas urgentes, com conscientização sobre medidas de controle e prevenção destas doenças”. Luzia enfatizou que o trabalho da FMVA é sempre efetuado em parceria com empresas, instituições de pesquisa e ONGs. Como exemplo citou o projeto educativo para controle da raiva, que atingiu mais de 10 mil pessoas, entre alunos de escolas municipais e estaduais (básico, fundamental e médio), profissionais, pais, carteiros, bombeiros e soldados do Tiro de Guerra. Para combate à febre aftosa visitaram cerca de 400 pequenas propriedades rurais para coleta de dados (diagnóstico educativo e transmissão de informações). Na campanha de vacinação o público atendido foi de cerca de 600 produtores rurais. Também trabalharam com animais domésticos, difundindo o Projeto Posse Responsável, dentre outras ações de educação sanitária.

O evento continuou à tarde com grupos de trabalho que debateram manejo de pragas em citros; exposição ocupacional do trabalhador rural; boas práticas e bem-estar na produção animal; boas práticas na produção vegetal; e a importância da comunicação na educação sanitária, temas que foram bastante debatidos na parte da manhã, durante a apresentação das palestras.

Os participantes acreditam que incluindo nas instituições os conceitos debatidos no evento, estarão sendo formados profissionais mais conscientes e capacitados para utilizar tal ferramenta para um esforço conjunto. O objetivo final é promover uma produção sustentável com adoção de boas práticas agropecuárias e bem estar animal, contribuindo para mudar a realidade do produtor rural, com maior integração entre os setores acadêmico, cadeia produtiva, serviço oficial e consumidores.

O Brasil desponta como um dos grandes líderes mundiais na produção e exportação de alimentos, e a educação sanitária é uma importante ferramenta que contribui para otimizar a produção sustentável, a adoção de boas práticas agropecuárias e o bem estar animal, além de mitigar riscos, evitar doenças e pragas e também conscientizar a população.

 

Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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