O Congresso Agroecologia 2017 foi realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília/DF), entre os dias 12 a 15 de setembro, concomitante ao VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia, o X Congresso Brasileiro de Agroecologia e o V Seminário de Agroecologia do DF e Entorno. O acontecimento foi marcado pelo anúncio do Prêmio Boas Práticas para Sistemas Agrícolas Tradicionais oferecido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) em parceria com a Embrapa, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na solenidade de premiação o diretor executivo de TT da Embrapa, Cleber Oliveira, reforçou que o Congresso Agroecologia 2017 foi o local perfeito para o lançamento do prêmio que contribuiu para que as práticas de agricultura tradicional do Brasil concorressem, pela primeira vez, a um importante reconhecimento internacional da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Além desse reconhecimento, os agricultores receberam capacitação da Embrapa com o objetivo de estimular a manterem os sistemas de cultivo tradicional, evitando a perda da diversidade genética. No mundo, os dados atuais são alarmantes e apontam que, nos últimos 100 anos, agricultores de todo o mundo perderam entre 90% e 95% de suas variedades e práticas agrícolas. Com um público de quase 5 mil pessoas, entre cientistas e professores de vários países da América Latina e, também, da Europa e Estados Unidos, além de agricultores, estudantes de graduação e pós e profissionais de diferentes segmentos dos sistemas agroalimentares, foram apresentados mais de 2 mil trabalhos distribuídos nos 13 temas geradores: 1. Políticas Públicas e Conjuntura; 2. Mulheres e Agroecologia; 3. Juventudes e Agroecologia; 4. Educação em Agroecologia; 5. Construção do Conhecimento Agroecológico; 6. Campesinato e Soberania Alimentar; 7. Conservação e Manejo da Sociobiodiversidade e Direitos dos Agricultores e Povos e Comunidades Tradicionais; 8. Agroecologia e resiliência socioecológica às mudanças climáticas e outros estresses; 9. Manejo de Agroecossistemas e Agricultura Orgânica; 10. Agrotóxicos e Organismos Geneticamente Modificados; 11. Agroecologia e Agriculturas Urbana e Periurbana; 12. Estratégias Econômicas em Diálogo com a Agroecologia; 13. Memórias e História da Agroecologia. O curso "III Curso Internacional de Agroecologia - Avanços da Agroecologia em um planeta em crise: em direção à transformação dos sistemas agroalimentares", oferecido pela Sociedade Científica Latino-Americana de Agroecologia (SOCLA) ocorreu dois dias antes do início do congresso e teve palestras de grandes nomes da agroecologia como Miguel Altieri e Clara Nicholls, professores da Universidade de Berkeley (Califórnia), entre outros pesquisadores latino americanos e europeus renomados na área. A Embrapa Arroz e Feijão esteve presente no Congresso Agroecologia 2017 por meio da pesquisadora Flávia Alcântara, que apresentou trabalho intitulado "Ensaio teórico sobre os desafios da Agroecologia como nova ciência e seu papel em um mundo em transformação". O Estudo teve como objetivo propor uma reflexão aos cientistas em Agroecologia sobre os desafios desta nova ciência e a importância de seu fortalecimento para apoiar sistemas agroalimentares diversos, limpos e justos. “Felizmente, pude perceber que este estudo está bem alinhado ao pensamento de colegas de outras instituições nacionais, e principalmente, internacionais que também estão preocupados com o fortalecimento da agroecologia em todo o mundo, valorizando seu principal diferencial que é, além da saúde ecológica dos sistemas, a busca por sistemas agroalimentares socialmente justos e equilibrados”, destacou a pesquisadora. Durante a realização do Congresso houve uma oficina com os pesquisadores e analistas da Embrapa que trabalham com agroecologia, para tratar do Marco Referencial em Agroecologia e sobre as conquistas e desafios na área desde sua publicação em 2006. Também, Glays Matos, supervisor do Setor de Transferência de Tecnologia para a Agricultura Familiar (Staf), representante da mesma Unidade de Goiás, esteve na oficina sobre Marco Referencial que teve a apresentação do histórico feita pela pesquisadora Tatiana Deane de Abreu Sá (Embrapa Amazônia Oriental) e João Carlos Costa Gomes (Embrapa Clima Temperado); o trabalho em grupo veio logo depois, para tratar das estratégias em agroecologia e construção de proposta institucional e sua relação com os parceiros externos. Glays participou, ainda, da oficina sobre "Plant SAFs: método de diagnóstico, avaliação e planejamento de SAFs Agroecológicos", com Andrew Miccolis, do Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (ICRAF), mesas redondas, painéis e lançamentos de Guia técnico: Restauração Ecológica com Sistemas Agroflorestais, com autoria de pesquisadores da Embrapa, além de diversas palestras nacionais e internacionais. Ao final do Congresso foi realizada votação em plenária, coordenada pela Associação Brasileira de Agroecologia, sendo definido que o próximo Congresso de Agroecologia será em 2019 na cidade de Aracaju (SE), por ter sido o Nordeste uma região com grandes avanços em agroecologia nos últimos anos.