Boas práticas na agricultura de baixo carbono, como plantio direto e moratória da soja, foi tema de audiência pública interativa, promovida, na quarta-feira (11), pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas. O pesquisador da Embrapa Cerrados Robélio Marchão representou a Embrapa e abordou o papel do sistema plantio direto na agricultura conservacionista. O chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Cerrados Sebastião Pedro acompanhou a audiência no Senado Federal. O presidente e relator da Comissão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), destacou a importância da produção agrícola do país para atender a demanda mundial por alimentos, além de incrementar a economia brasileira. O senador Jorge Viana (PT-AC) ressaltou a necessidade de harmonia entre atividade produtiva e recursos naturais, e disse que o crescimento do setor é fruto do uso de tecnologias e esforço dos agricultores. A audiência contou com a participação dos senadores Regina Sousa (PT-PI), Paulo Rocha (PT-PA) e Pedro Chaves (PSC-MS) e dos palestrantes Leda Fontelles, da WWF e representante do GT do ABC – Coalizão Clima, Floresta e Agricultura, Elvison Nunes, coordenador de Produção Sustentável do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Bernardo Pires, gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Plantio direto - o sistema plantio direto é uma das tecnologias preconizadas no Programa ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, que tem como objetivo estimular os agricultores a adotarem técnicas que reduzam as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). O pesquisador da Embrapa Cerrados Robélio Marchão apresentou a tecnologia no contexto do Programa ABC, falou sobre sua adoção no Brasil e o potencial do plantio direto nos sistemas integrados de produção. Embora o sistema plantio direto já seja utilizado em uma área estimada em 35 milhões de hectares, Marchão afirmou que ainda há muito a avançar para aperfeiçoar a tecnologia. Entre os problemas ainda existentes na adoção do sistema, ele destacou a falta de cobertura no solo na região do cerrado, retirada de terraços (mecanismo de correção do solo), o plantio em desnível, a escarificação e o revolvimento do solo. Em relação à busca pela intensificação sustentável, o pesquisador apontou a associação da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e sistema plantio direto como uma das alternativas. Marchão também apresentou alguns resultados de pesquisas em experimento de longa duração (26 anos) em manejo do solo conduzido na Embrapa Cerrados. Um desses resultados foi a avaliação do estoque de carbono no solo, em que foi possível estimar que a conversão de 8 milhões de hectares em sistema de plantio convencional para sistema plantio direto representa ganho significativo para acúmulo de carbono no solo. Outras iniciativas da Embrapa, como Plataforma de Mudanças Climáticas e o Protocolo Carne Carbono foram citadas pelo pesquisador da Embrapa Cerrados. Moratória da Soja – outro exemplo de boa prática na agricultura de baixo carbono apresentada na audiência púbica foi a moratória da soja, acordo feito entre governo, setor produtivo e sociedade civil em 2008 para garantir que a soja brasileira só tenha acesso ao mercado de commodities caso a produção não cause desmatamento, não utilize trabalho escravo nem ameace terras indígenas. De acordo com Bernardo Pires, gerente de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), quase 6 mil quilômetros quadrados que eram desmatados anualmente na Amazônia para plantio da soja antes da moratória foram reduzidos a 826 quilômetros quadrados anuais, o equivalente a 1,2% do total desflorestado no bioma. Acesse aqui o vídeo da Audiência Pública