Apresentar novas opções de cultivo de mandioca foi o objetivo que levou centenas de produtores rurais, técnicos e estudantes de Agronomia ao Dia de Campo sobre "Cultura da Mandioca Tipo Mesa Irrigada" que ocorreu no Sítio Folha Larga, localizado na Zona da Mata de Alagoas, município de Teotônio Vilela, Alagoas. Os materiais apresentados no evento foram resultado de cinco anos de testes da Unidade de Execução de Pesquisa de Rio Largo (UEP-Rio Largo), coordenada pela Embrapa Tabuleiros Costeiros. De acordo com o pesquisador Antônio Dias Santiago, líder do projeto, foram testados materiais para avaliar os que melhor se adaptam às condições de clima e solo da região da Zona da Mata de Alagoas. "Nós introduzimos 25 materiais de mandioca de mesa, que chamamos de macaxeira, e selecionados em termos de quantidade e qualidade, tempo de cozimento e sabor", disse Santiago. Dos 25 selecionadas, três foram avaliados a nível de produtor, além da variedade Rosinha. "O objetivo é oferecer aos produtores de mandioca novas opções de cultivo, pois é ruim para o produtor ter somente um material" acrescentou o pesquisador. "Além disso, as indústrias de alimentos da região têm demanda por matéria-prima o ano inteiro, por isso há potencial de mercado para mandioca irrigada. Uma fábrica de frituras de mandioca tem demanda de 5 ton/mês", complementou. A estudante de Agronomia Ana Paula Maria da Silva, da Universidade Federal de Alagoas, disse que a novidade apresentada no evento foi a mandioca irrigada. "Na disciplina Fruticultura, vemos que temos que plantar, colher e acompanhar todo o processo da mandioca, só que não é em sistema irrigado, mas de sequeiro. E, aqui, vimos que podemos ter a mandioca irrigada em Alagoas e isso foi algo novo, além das variedades apresentadas que são novas pra mim: Rosinha, Desconhecida, Dona Diva e Recife que dizem ser muito saborosas e boas", disse. Já o agricultor e técnico Teovânio dos Santos, proprietário da área do experimento, ressaltou o ganho na produtividade dos materiais apresentados. "Com a variedade Dona Diva, por exemplo, quase dobrou a quantidade e a segunda pesagem da variedade Recife foi 35 ton/ha. Esses materiais surpreenderam", comemora. Santos falou da sua experiência em plantar mandioca irrigada e relata que o plantio em sistema de cultivo compensa, mas que tem que ser por gotejamento. "Todo turbérculo é exigente em fósforo. Então, quando você usa o fósforo convencional, você vai ter problema de deslocamento porque fósforo é pouco móvel. Quando você usa o map cristalizado é como injeção na veia: você vai fazer uma aplicação a cada 15 dias ou a cada 30 dias, o resultado é bem satisfatório", ressalta. Para ele, o produtor rural que tem interesse em trabalhar com mandioca irrigada precisa procurar assistência técnica porque para esse tipo de plantio é necessário o uso de outros insumos que demandam mais conhecimentos. O Dia de Campo contou ainda com a participação de Vicente Rodolfo Santos Cezar, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Alagoas, Campus Marechal Deodoro, que apresentou o biodigestor para aproveitamento da manipueira, um líquido tóxico que sai da mandioca quando está sendo processada para produção de farinha. "Nas unidades produtivas de farinha em Alagoas, são produzidos aproximadamente 300 litros de manipueira para cada tonelada de mandioca processada, sendo inclusive superior à produção final de farinha. A quase totalidade da manipueira produzida durante a fabricação é jogada nas proximidades das agroindústrias o que está poluindo o meio ambiente", alerta. O evento teve a parceria da Escola agrícola de Alagoas, Universidade Federal de Alagoas, Câmara Setorial de Mandioca de Alagoas e do Arranjo Produtivo Local. Assista, clicando aqui, a matéria veiculada na TV Gazeta, de Alagoas.