31/10/17 |   Transferência de Tecnologia

Visita à área de bambu nativo encerra evento internacional sobre a planta

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Foto: Diva Gonçalves

Diva Gonçalves - Agricultor Francisco Silva fala aos visitantes sobre a extração do bambu nativo

Agricultor Francisco Silva fala aos visitantes sobre a extração do bambu nativo

Pesquisadores, empresários, gestores públicos e estudantes visitaram uma área com bambu nativo, localizada em Porto Acre, município acreano onde agricultores estão iniciando a extração comercial da planta. A visita técnica, realizada no dia 26 de outubro, encerrou as atividades do Seminário Internacional sobre bambu, evento que reuniu resultados de pesquisas, experiências com a planta e informações sobre essa cadeia produtiva no Brasil, Colômbia, China e Equador e Peru.

Na propriedade do agricultor Francisco Silva, localizada no Assentamento Bandeirante, existe uma imensa mancha de bambu Guadua, especialmente a espécie conhecida popularmente como taboca gigante. Para conhecer de perto esse recurso natural, os visitantes percorreram uma trilha construída para facilitar a aproximação com as plantas, aspecto essencial para a troca de conhecimento durante a atividade.

Silva acompanhou o percurso na floresta, forneceu informações sobre a extração do bambu nativo e destacou as dificuldades com a cultura. “Antes, não sabia o que fazer com tanto bambu. Hoje, sei que se extraído de forma sustentável, esse vegetal pode ser uma fonte segura de renda. Já vendi várias remessas de colmos e pretendo continuar na atividade, mas ainda falta conhecimento sobre o manejo da planta. Quero aprender mais sobre como extrair esse recurso ofertado pela natureza e também pretendo plantar bambu”, diz o agricultor.

Parceiros potenciais
Para o pesquisador da Embrapa Florestas (Colombo/PR), André Biscaia, o bambu não é mais um tema desconhecido no contexto científico. Existe um interesse crescente pela temática e um campo vasto para a pesquisa. Alguns países se destacam na geração de tecnologias, mas também podemos avançar na geração de conhecimentos. O trabalho em rede é uma saída para fortalecer as pesquisas e os esforços institucionais em prol da cultura do bambu. A visita possibilitou visualizar, na prática, o potencial do Brasil para a cultura, abordado nas apresentações do evento, especialmente em relação ao Acre.

“O bambu está em grande parte das propriedades rurais do País e existem agricultores familiares envolvidos com a cultura. São pessoas que demandam o apoio da Embrapa e de outras instituições de pesquisa e fomento e se constituem parceiros potenciais. As reservas naturais de bambu representam uma oportunidade de renda para as famílias rurais. É uma questão de aprender a manejar e utilizar esse recurso e a pesquisa científica é essencial nesse processo. Há uma série de cuidados perfeitamente viáveis que contribuem para um manejo sustentável, como esperar o ciclo de crescimento e amadurecimento dos colmos para fazer a extração na idade certa, preservando plantas mais jovens. Essa é uma forma eficiente de conservar esse recurso natural”, afirma.

Para enfrentar as dificuldades no campo, os incentivos governamentais e da iniciativa privada são essenciais. A consolidação da extração do bambu como atividade econômica, requer o apoio das diferentes esferas e, segundo o engenheiro civil Vitor Marçal, Secretário Executivo da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (Aprobambu), existem maneiras eficientes de ajudar os moradores rurais a transformar um cenário de dificuldades em oportunidade de negócio.

“Fazer dessa planta rústica um produto com valor comercial exige investimentos. Deixar essa responsabilidade toda na mão do produtor rural vai dificultar o retorno financeiro com a cultura e o desenvolvimento da cadeia produtiva. Nesse primeiro momento os agricultores precisam contar com linhas de crédito com juros mais baixos e com assistência técnica. Além disso, a iniciativa privada poderia investir em ações voltadas para o marketing ambiental e social com a cultura”, explica Marçal.

Ganhos múltiplos
Realizado pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Governo do Acre, Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac) e Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/Acre), entre outras instituições, o Seminário  é uma das metas do projeto para desenvolvimento de ações no âmbito do Acordo de Cooperação Bilateral firmado entre Brasil e China, em 2011, para o compartilhamento de conhecimentos e tecnologias para a cadeia produtiva do bambu.

A pesquisadora Patrícia Drumond, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Acre e líder do projeto, acredita que o evento resultou em ganhos múltiplos. Do ponto de vista técnico, a apresentação de dados oriundos de projetos recém-concluídos permitiu a atualização de conhecimentos científicos tanto por quem já tem experiência na área como por aqueles que estão iniciando. Em termos institucionais, a interação entre pesquisadores resultou na construção de novas propostas de pesquisa e na ampliação de parcerias. “O Seminário também trouxe benefícios para o Estado.  Conseguimos mostrar que o Acre tem potencial para transformar o bambu em uma atividade econômica promissora, não só porque a maior floresta com bambu do mundo encontra-se aqui, mas também porque dispomos de pessoal e infraestrutura para alavancar essa cadeia produtiva como alternativa real de geração de trabalho e renda para a região”, ressalta.

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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