Melhoramento genético de bovinos e pastagens são temas de palestras na PecBrasília 2017
Melhoramento genético de bovinos e pastagens são temas de palestras na PecBrasília 2017
Melhoramento genético de bovinos, novas cultivares de forrageiras e manejo de pastagens foram temas de palestras ministradas por pesquisadores da Embrapa, no dia 27 de outubro, na Mostra Tecnológica da Pecuária do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride) – PecBrasília 2017. O evento encerrou no dia 29 de outubro, no Parque de Exposições Agropecuárias Granja do Torto, em Brasília.
A primeira palestra foi sobre “Biotécnicas da reprodução aplicadas à produção de bovinos” apresentada pelos pesquisadores Carlos Frederico Martins (Embrapa Cerrados) e Margot Dode (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia). As biotécnicas reprodutivas são importantes ferramentas para o melhoramento genético bovino e colaboram para a sustentabilidade da pecuária brasileira, pois permitem o aumento da produtividade animal com menor ocupação de áreas.
As biotécnicas abordadas pelos pesquisadores foram a Inseminação Artificial (IA), Transferência clássica de embriões (TE), Produção in vitro de embriões (PIV), Clonagem por transferência nuclear e Transferência Intrafolicular de ovócitos imaturos (TIFOI). Martins falou sobre a importância de cada uma das tecnologias e o quanto a escolha da técnica depende da estrutura do produtor. “A escolha da biotécnica está relacionada ao nível de tecnificação da propriedade, a condição financeira do produtor e a velocidade de melhoramento genético que ele quer. Vai depender do tempo que ele quer gastar e quanto pode pagar para melhorar seu rebanho”, afirmou.
A biotécnica reprodutiva de menor custo é a IA, sendo, por isso, a mais indicada para pequenos produtores. Já com a Fecundação in vitro é possível acelerar o melhoramento genético e ter um melhor aproveitamento das fêmeas, tanto bezerras quanto vacas senis. O ganho de produtividade com a transferência de embriões é notado já na primeira geração. Por exemplo, na produção de leite, com a transferência de embrião de rebanho elite é possível ter animais com 9.500 kg de produção por lactação, na primeira geração. Se for utilizar IA, em média, apenas a décima geração chegará a 9 mil kg. A clonagem pode ser utilizada para a produção de animais geneticamente superiores, de animais transgênicos e para conservação de animais silvestres. O custo dessa biotécnica é maior em comparação as demais e ainda precisam ser realizados estudos para melhorar sua eficiência.
A primeira opção para produção de embriões no Brasil é a PIV, mas a técnica apresenta algumas limitações. Entre elas variabilidade no sêmen, lesões na fêmea, dificuldade de criopreservação e embrião de pior qualidade, com perdas embrionárias e fetais. Para eliminar as desvantagens da TE e PIV foi desenvolvida e lançada ano passado, a TIFOI. A pesquisadora Margot Dode explicou que o processo é semelhante ao da fertilização in vitro, com a diferença que ovócitos são maturados em uma vaca ovuladora. “Nosso objetivo é produzir grande quantidade de embriões de uma doadora. Tudo que se faria em laboratório se faz dentro da vaca ovuladora. A produção é totalmente in vivo na própria fazenda”, ressaltou.
Com a TIFOI, não é preciso utilizar hormônios, não há necessidade de laboratórios, melhor possibilidade de criopreservação (importante para a comercialização), otimiza-se a receptoras e produz embriões de melhor qualidade. A técnica, de acordo com Dode, é mais acessível ao produtor e facilita a disseminação do material genético.
Pecuária de ciclo curto – para solucionar um dos maiores problemas da pecuária brasileira – animais de baixa produtividade – é fundamental aperfeiçoar as características que definem os animais eficientes, isto é, os que apresentam habilidade materna, fertilidade e precocidade sexual, eficiência alimentar e qualidade de carcaça, entre outras.
O desempenho animal é resultado da genética e do ambiente. E um dos fatores mais importante no ambiente, é a alimentação que representa 60% dos custos de produção. A redução desse custo, de acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados Cláudio Magnabosco, ocorre quando há uma melhoria na eficiência e conversão alimentar . “Para elevarmos a eficiência alimentar precisamos de material genético que consuma menos, mas tenha um bom ganho em peso”, disse.
O pesquisador apresentou os trabalhos de avaliação em relação à eficiência alimentar que são desenvolvidos no Centro de Desempenho e Eficiência Alimentar em bovinos Nelore, no Núcleo Regional da Embrapa Cerrados em Goiás. Maganabosco adiantou que a ideia é criar um Selo de Qualidade da Pecuária de Ciclo Curto no bioma Cerrado, com animais que tenham resultados positivos na eficiência alimentar.
Outro item importante para a pecuária de ciclo curto é a precocidade sexual que permite a redução da idade no primeiro parto, aumento da vida útil da fêmea e diminuição do intervalo de gerações. Com a identificação e multiplicação de fêmeas precoces é possível aumentar a produtividade e rentabilidade da fazenda, além de garantir o progresso genético. No entanto, nada disso acontece caso não se conjugue genética, precocidade e alimentação. “Não tem precocidade sem comida. E não adianta dar comida, se não tiver genética”, resumiu Magnabosco.
O melhoramento genético também pode resolver um grande problema para exportação da carne brasileira. Embora o Brasil seja o maior exportador em volume, o principal fator da depreciação da carne brasileira pelos compradores internacionais é a maciez. A partir do uso de biotécnicas moleculares são identificados genes associados à maciez da carne especificamente nas raças zebuínas. Os resultados das análises genômicas poderão aumentar a competitividade do País no mercado internacional, inclusive permitindo uma remuneração mais justa e diferenciada ao produtor que se comprometa a fornecer regularmente ao frigorífico um produto de qualidade superior, e incluir definitivamente a seleção para maciez da carne em programas de melhoramento genético.
Pastagens - as características das forrageiras das espécies Panicum maximum (cultivares BRS Zuri, BRS Quênia e BRS Tamani) e Brachiara brizantha (cultivar BRS Ipyporã e BRS Paiaguás), especialmente em relação à produtividade, valor nutricional e ganho em peso de bovinos de corte, e recomendações de manejo de forrageiras sob pastejo foram apresentadas pelo pesquisador Allan Kardec Ramos.
A BRS Ipyporã apresenta resistência às cigarrinhas-da- pastagem, e se destaca como a única resistente à cigarrinha Mahanava Fimbriolata. Já o ponto forte da BRS Paiaguás é a maior tolerância à seca, além da flexibilidade de uso, tanto para gado de corte quanto leiteiro e nos sistemas ILP (Integração Lavoura-Pecuária) e consórcios (com milho safrinha). Ambas cultivares foram lançadas pela Embrapa em 2013.
As cultivares BRS Quênia e BRS Zuri são resistentes à mancha foliares e proporcionam alta produtividade animal. O último lançamento da Embrapa, de 2015, foi a cultivar Tamani, indicada para solos bem drenados do Cerrado, resistente à cigarrinha-da-pastagem, alternativa para produção de feno e de manejo mais fácil em comparação a outras cultivares de Panicum maximum. No aplicativo “Pasto Certo”, disponível para dispositivos móveis, o produtor encontra informações morfológicas, agronômicas e zootécnicas para subsidiar a escolha de cultivares de forrageiras tropicais.
Quanto maior a oferta de forragem, maior o desempenho animal. Por isso, é tão importante o manejo da pastagem. O conceito, como frisou Ramos, é amplo, envolve solo, planta forrageira, animal, instalações e equipamentos. O pesquisador chamou a atenção da necessidade do produtor gerenciar a entrada e saída do animal no pasto. “Se não der para controlar nos dois momentos, escolha a saída para evitar o superpastejo que leva a degradação do pasto ou a depressão na produtividade animal”, aconselhou.
Liliane Castelões (16.613 MTb/RJ)
Embrapa Cerrados
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