Projeto que integra zoneamentos dos estados amazônicos é apresentado no AC
Projeto que integra zoneamentos dos estados amazônicos é apresentado no AC
Pesquisadores, técnicos e representantes de instituições de pesquisa e ensino, ligadas ao setor ambiental do Acre, participaram de reunião, em Rio Branco (AC), para conhecer os resultados do Projeto Uniformização do Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia Legal (UZEE), ferramenta que reúne informações territoriais a partir da integração de dados dos Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEE) dos nove estados amazônicos (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão), articulando com os respectivos zoneamentos agroecológicos, permitindo maior conhecimento sobre a região.
O evento, realizado no auditório da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), na quinta-feira (29), faz parte de uma agenda de trabalho da Embrapa e Ministério do Meio Ambiente, parceiros na execução do UZEE, iniciativa que também conta com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Profissionais dos dois órgãos estão percorrendo os estados amazônicos para apresentar os resultados do projeto e discutir estratégias de operacionalização do sistema. No mês de abril as atividades aconteceram no Pará e Acre e até o final de junho se estendem aos demais estados contemplados.
A partir de plataformas interativas de análises geoespaciais, uma equipe de profissionais de diversas instituições realiza o cruzamento e compatibilização das informações produzidas nas diversas iniciativas de ZEEs da região, com foco nas potencialidades agroenergéticas de cada localidade. Entre as Unidades que participam do projeto estão a Embrapa Amazônia Oriental (PA), Instrumentação Agropecuária (SP) e Acre.
Gestores e profissionais de diferentes áreas poderão acessar conhecimentos sobre solos, cobertura vegetal e uso da terra, áreas protegidas, áreas indígenas, entre outros fatores relacionados à gestão territorial. Também é possível visualizar a composição de mapas georreferenciados e fazer downloads destes recursos, conforme o interesse e necessidades do usuário. De acordo com o pesquisador Adriano Venturieri, coordenador do projeto e chefe geral da Embrapa Amazônia Oriental, além de oferecer uma base de dados integrada e de uso interativo, também é proposta do projeto contribuir para potencializar o uso de áreas alteradas pela ocupação humana, numa perspectiva macrorregional. "A partir de diretrizes de uso e ocupação unificada para a região é possível implantar sistemas agrícolas, pecuários e florestais mais intensivos, produtivos e sustentáveis nestas áreas", explica.
Resultados
O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) é uma estratégia de gestão territorial utilizada por regiões, estados e municípios para conhecer suas potencialidades produtivas, considerando caraterísticas, aptidões e a população local. Entre os estados da Amazônia Legal, o Acre se destaca como pioneiro na elaboração e condução dessa ferramenta que também é considerada condição fundamental para a conservação do meio ambiente. A partir da integração desses dados o projeto atuou prioritariamente na identificação de espécies arbóreas mais promissoras para a produção de energia e de áreas mais aptas para plantio na região. Uma das espécies indicadas para o Acre é o tachi-branco, leguminosa com grande poder de fixação de nitrogênio, que pode ser aproveitada na produção de carvão. Empresas siderúrgicas do Pará já utilizam essa espécie para fins energéticos, com aproveitamento do carbono presente na madeira.
O Brasil é referência mundial na produção de agroenergia, mas a busca por fontes energéticas renováveis ainda representa um desafio para o setor. A formação de florestas destinadas à produção de energia constitui importante alternativa para tornar a matriz energética do país mais sustentável, além de contribuir para reduzir a pressão sobre as florestas naturais. Outro fator que articula os objetivos do projeto UZEE à questão agroenergética brasileira está diretamente relacionado às condições de desenvolvimento socioeconômico dos estados amazônicos.
No Acre, grande parte da energia consumida vem de usinas hidrelétricas instaladas em Rondônia e essa dependência energética reflete fortemente na economia do estado, uma vez que a implementação de programas de expansão econômica, com destaque para as indústrias, depende, entre outros fatores, do fornecimento efetivo de energia elétrica.
Para Eufran Amaral, chefe geral da Embrapa Acre, o projeto proporciona uma visão macro da Amazônia, ao mesmo tempo em que revela particularidades dos estados em relação às suas potencialidades. "Seus resultados representam importante instrumento para a tomada de decisão por parte dos gestores estaduais", diz.
Segundo o secretário de Meio Ambiente do Acre, Edegard de Deus, as informações geradas confirmam uma tendência agroenergética dos estados amazônicos e serão úteis no processo de revisão do Zoneamento Ecológico-Econômico do estado, iniciado este ano, previsto para ser concluído até 2018. "Além disso, agregam a possibilidade de um trabalho conjunto entre os estados, estratégia que pode fortalecer o desenvolvimento regional", destaca.
Os resultados gerados pelo projeto serão analisados e validados por gestores estaduais, como medida de integração ao sistema. O pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, João Vila, diz que é importante que representantes e técnicos dos governos chequem as informações e realizem os ajustes necessários, não só neste primeiro momento, mas periodicamente. Esse procedimento ajuda a manter a base de dados sempre atualizada e confere maior credibilidade ao sistema. No Acre, o prazo para análise e adequação dos dados é 30 de maio.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre
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