Embrapa leva tecnologias à Bolívia
Embrapa leva tecnologias à Bolívia
O seminário internacional “Boas Práticas Pecuárias: desafio para o produtor”, realizado no final de dezembro em Santa Cruz de la Sierra, a cidade mais populosa do departamento de Santa Cruz na Bolívia, contou com a participação e as palestras de representantes da Embrapa Pantanal. O evento foi realizado por meio de parcerias entre a unidade de pesquisa brasileira, governo e instituições bolivianas como a Secretaria de Desenvolvimento Produtivo do Governo Departamental de Santa Cruz, Centro de Investigação Agrícola Tropical (CIAT), WWF - Bolívia, Universidade Evangélica Boliviana (UEB) e Universidade de Aquino Bolívia (Udabol), com o apoio da Federação de Criadores de Gado de Santa Cruz (Fegasacruz), Associação Boliviana de Experimentação Agropecuária (AB-Crea) e Union Agronegócios.
Na ocasião, o chefe-geral e quatro pesquisadores da unidade de pesquisa pantaneira ministraram palestras sobre a Embrapa e parceiros, qualidade da carne, substituição de pastagens no Pantanal, sistemas agroecológicos como garantia de segurança alimentar, emissão de gás metano em ruminantes e Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS). “Falamos um pouco da experiência brasileira, contando como nos tornamos o principal exportador de carne mundial. Acredito que a Bolívia está tomando uma decisão muito interessante, muito positiva, de buscar a carne natural ou sustentável. Boas práticas, bem-estar animal e balanço de créditos de carbono, por exemplo, são assuntos que vão estar na pauta de todo produtor rural daqui para a frente”, pontua o chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara.
De acordo com o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia e Negócios da unidade de pesquisa, Thiago Coppola, as negociações para a realização do evento tiveram início no mês de fevereiro. “Essa troca visa contribuir com o desenvolvimento do agronegócio nos dois países e subsidiar as ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os pesquisadores interagiram bastante nas discussões com os profissionais bolivianos; com as instituições parceiras, discutimos o estabelecimento de convênios técnicos, novas parcerias e a realização da segunda edição do seminário no próximo ano”, afirma. Em 2017, a participação no seminário foi limitada a 150 alunos das universidades parceiras e 150 produtores rurais bolivianos. A previsão, segundo Thiago, é chegar a um público de 600 pessoas em 2018.
Além da realização do seminário, sete representantes da Embrapa também participaram de encontros com a diretoria e funcionários do CIAT e AB-Crea, visitando campos experimentais e abordando possíveis parcerias. O grupo se reuniu, ainda, com a diretoria da Udabol para discutir convênios técnicos, realizações de dias de campo, submissão de projetos conjuntos e visitas de estudantes bolivianos à unidade pantaneira de pesquisa. O grupo esteve em conferência com a Secretaria de Desenvolvimento Produtivo de Santa Cruz e Associação Boliviana de Criadores de Zebu (Asocebu) e participou, por fim, de uma visita a uma fazenda que trabalha com pecuária leiteira e de um dia de campo realizado pela AB-Crea e parceiros em uma propriedade rural da região com cerca de 200 produtores locais.
Parceiros bolivianos
Para Luis Alberto Alpire, secretário de desenvolvimento produtivo, um dos objetivos da parceria entre as instituições é a adoção de critérios técnicos comuns à produção pecuária no Brasil e na Bolívia, de forma a atender às exigências de importadores de carne como a Rússia e a China. “O que estamos fazendo de forma conjunta com nosso parceiro, a Embrapa, é gerar segurança sanitária, mas também critérios técnicos comuns para propiciar a tão ansiada transferência de tecnologia e o desenvolvimento de nossas capacidades”. O diretor-executivo do CIAT, Luiz Ernesto Hurtado, destaca a importância do estabelecimento de parcerias e convênios técnicos entre o centro de pesquisa boliviano e a empresa de pesquisa brasileira. “Creio que isso servirá muitíssimo para ampliar o conhecimento de ambos os países”.
A discussão sobre as boas práticas pecuárias promovida pelo evento, segundo Jose Luiz Vaca – Presidente da Fegasacruz – é realizada em um momento estratégico para a região: de acordo com Jose, os produtores de carne locais deverão passar a exportar seus produtos para a China e Rússia em cerca de seis meses. “Há dois temas que são emergentes e de cumprimento obrigatório: bem-estar animal, vinculado às boas práticas. Os países que não cumprirem o protocolo, os procedimentos de bem-estar animal, não vão estar qualificados no futuro para a exportação internacional. O segundo tema, muito grave, é o do controle de resíduos”, explica. “Por isso, o tema das boas práticas, para nós, se transformou não só em uma necessidade, mas em uma obrigatoriedade que temos que cumprir”.
Samuel Sangüeza, representante nacional da WWF - Bolívia, salienta que as discussões do evento foram beneficiadas pela participação de representantes de diversas áreas, como a própria organização, instituições de pesquisa, entidades governamentais, setor produtivo e acadêmico, para “apoiar processos que fortaleçam o conceito de um planeta vivo, de sistemas de vida sólidos, fortes, que não somente beneficiem as espécies animais, mas que também – e fundamentalmente – apoiem os processos de bem-estar humano”. Cristian Torrez, vice-reitor nacional da Udabol, completa: “a educação inclui a formação da consciência, mas também a pesquisa e a extensão. E um dos pilares da extensão é a interação entre as instituições”.
Participantes
O estudante Daimon Deai, de 22 anos, cursa o sexto semestre do curso de Ciências Agropecuárias da UEB e trabalha com a atividade agropecuária na Bolívia na propriedade rural de sua família. Ele conta que pretende levar ao campo as informações a que teve acesso durante o seminário. “O tema mais interessante foi o de boas práticas pecuárias. Vimos estatisticamente como essas práticas podem melhorar nossa atividade sem, necessariamente, termos que comprar mais terreno”, relata. “Os planos são pesquisar e implantar o sistema de pasto rotacionado, que me impressionou por podermos manter mais gado em um espaço menor com uma grande produção e um retorno bom. Além do mais, assim cuidamos do ambiente também, sem a necessidade de desmatar mais para produzir”.
Já o produtor rural Eberto Vaca, que também é presidente da associação de criadores de gado de Cuevo, viajou cerca de 320 km para participar do evento realizado em Santa Cruz de la Sierra. Em suas propriedades, Eberto explica que trabalha com pecuária de leite e de corte. Ao assistir o seminário, o pecuarista se mostrou interessado nas discussões que abordaram a seleção genética dos animais e o manejo do campo para a alimentação do gado. “É muito importante o que evento que se está realizando aqui. Nos convencemos de que, quanto mais tecnologia colocarmos no nosso campo, mais Santa Cruz e a Bolívia irão melhorar”. O chefe-geral da Embrapa Pantanal reforça a expectativa em criar, a partir da aproximação entre os países, uma agenda comum de pesquisa e desenvolvimento. “Temos que aproveitar as oportunidades econômicas para nos tornar uma região unificada”.
Nicoli Dichoff (Mtb 3252/SC)
Embrapa Pantanal
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