22/12/17 |   Pesca e aquicultura

Parceria entre instituições viabiliza inovação em derivados da pesca

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Foto: Nicoli Dichoff

Nicoli Dichoff - Projeto que investigou alimentos processados de pescado chega à conclusão no Pantanal

Projeto que investigou alimentos processados de pescado chega à conclusão no Pantanal

2017 é o ano que marca a finalização do projeto que elaborou as formulações para alimentos processados de pescado pantaneiro. Para se chegar a esse resultado, uma longa parceria foi estabelecida entre a Embrapa Pantanal, Centro de Pesquisa do Pantanal, Universidade Federal de Mato Grosso e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. A execução do projeto teve início em 2014, gerando formulações detalhadas e abertas ao público para quibes, hambúrgueres, patês, defumados, nuggets e marinados feitos a partir de peixes menos consumidos atualmente – piavuçu, jaú, curimbatá, palmito e barbado – que produzem carnes de alta qualidade, assim como o pacu e o pintado.

“Um projeto anterior trabalhou com os peixes mais consumidos no Pantanal – pintado e pacu – buscando desenvolver produtos tecnológicos que utilizassem os resíduos de filetagem, que antes eram desprezados, e também dessem uma vida de prateleira maior a essas carnes no período de defeso, quando os pescadores não conseguiam pescar”, conta Jorge Lara, chefe-geral da Embrapa Pantanal. “No ano de 2013, pensamos, então, em desenvolver produtos com os peixes que são menos procurados pelo consumidor, mas que têm grande potencial tecnológico e qualidade, inclusive nutricional”.

Jorge explica que, na última reunião de planejamento estratégico, realizada em 2013 com todos os parceiros que constituem o CPP – entre eles, a Embrapa Pantanal – é que se decidiu quais seriam os projetos prioritários para os quatro anos seguintes. “Foi definido que esse seria um projeto importante para a região, para os pescadores, porque envolve um uso mais equilibrado da biodiversidade pantaneira”. Um dos principais objetivos da iniciativa é a inclusão social, segundo o chefe-geral.

“À medida em que oferecemos alternativas para os pescadores, aumentamos a independência deles e suas oportunidades de negócios. O projeto também busca aliviar um pouco – não que esta seja a única solução – o esforço de pesca sobre as espécies mais comuns no mercado. Outro objetivo é oferecer para a população proteína de qualidade, de origem animal, com alto valor biológico e com qualidade nutricional suficiente para ajudar na alimentação da nossa sociedade”, pontua.

O pesquisador Paulo Teixeira, um dos fundadores do CPP e associado honorário da instituição, fala sobre a parceria com a unidade pantaneira de pesquisa da Embrapa. “A atuação com a Embrapa Pantanal se iniciou em 2004 com a criação da Rede Pesca no âmbito do CPP. Os trabalhos evoluíram e chegaram ao ponto em que se julgou necessário realizar uma iniciativa aplicada, de forma a gerar produtos que pudessem contribuir com a criação de emprego e renda no Pantanal”.

De acordo com Paulo, o CPP elabora projetos, arrecada recursos e os repassa aos pesquisadores, cuidando do cumprimento de metas e supervisionando a qualidade científica dos trabalhos. Neste projeto, a unidade de pesquisa da Embrapa realizou o trabalho científico e contribui para a formação de recursos humanos.

Novos parceiros

Além das instituições que ajudaram na elaboração das formulações, o projeto atraiu parceiros como o campus de Coxim do Instituto Federal Tecnológico de Mato Grosso do Sul (IFMS), que possui um curso de graduação em tecnologia em alimentos e outro de engenharia de pesca. Durante o ano de 2017, eles enviaram turmas à Embrapa Pantanal para conhecer o trabalho de pesquisa da unidade em áreas como a dos alimentos processados.

“Em Coxim, se trabalha com a pesca, abate e comercialização do peixe inteiro ou em filés e outros cortes de carne, mas não se produz nada a partir do pescado”, esclarece Angela Kwiatkowski, coordenadora do curso de tecnologia em alimentos da instituição. “É importante trabalhar com os processados porque assim, aumentamos o tempo de conservação do pescado. O pescador pode continuar comercializando o peixe in natura, os filés e os diferentes tipos de cortes, mas também pode aproveitar a matéria-prima para outros produtos como almôndegas e hambúrgueres”.

Atualmente, 70 estudantes estão matriculados nos dois cursos, diz Angela. Em 2017, um dos trabalhos de conclusão de curso apresentados por formandos do curso de engenharia em alimentos abordou o aproveitamento das carnes de piranha e pacu para a produção de almôndegas. “Tivemos um grande índice de aceitação sensorial, boa qualidade microbiológica e boa composição química dos produtos”, afirma. Em 2018, novas turmas deverão ser formadas, trazendo mais cerca de 40 alunos para cada um dos cursos.

Para Jorge Lara, parcerias como as firmadas com o CPP e IFMS são fundamentais para a transferência de tecnologias. “O IFMS vem mostrando interesse crescente nessa temática. Eles nos procuram, inclusive, para transferir esse conhecimento aos egressos, aos ex-alunos, a aqueles que estão em fase final de formação para que essas pessoas possam levar, dentro da realidade do Pantanal, alternativas para agregar valor aos seus produtos”, destaca. “O CPP, nesse contexto, atua como um grande agregador de instituições, fomentando recursos para promover o desenvolvimento do Pantanal. Trabalhar em parceria permite uma maior troca de informação entre os pesquisadores e, principalmente, um senso mais comum de bem coletivo”.

 

Nicoli Dichoff (Mtb 3252/SC)
Embrapa Pantanal

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