Resultados de um experimento que alia o cultivo da palma de óleo (dendê) à produção de alimentos, neste caso mandioca, vão ser apresentados nesta quarta-feira (13), em propriedade rural no município de Acará (PA). Na área de agricultura familiar, foi aplicado o Trio da Produtividade, um processo tecnológico que pode aumentar em mais de 60% a produtividade da mandioca plantada no Pará, o maior produtor nacional da raiz. A expansão do cultivo de palma de óleo vem se intensificando no Brasil nos últimos anos, em decorrência de ações governamentais e do ingresso de grandes empresas na atividade, em especial para produção de óleo para biodiesel. Por outro lado, a mandioca, produto básico da alimentação na Amazônia, é produzida em mais de 90% por produtores familiares que praticam agricultura de subsistência com baixo nível tecnológico. "Diante do desafio de que a expansão da produção seja social e ambientalmente sustentável, justifica-se a validação de tecnologias para o cultivo de culturas intercalares apropriadas ao consórcio com a palma de óleo, como alternativa ecológica, econômica e socialmente viável que possam ser divulgadas e adotadas , pelos agricultores envolvidos", declara o pesquisador Raimundo Brabo, da Embrapa Amazônia Oriental, responsável pela tecnologia do Trio da Produtividade na Cultura da Mandioca. De acordo com o pesquisador, os agricultores que adotaram o Trio da Produtividade nos municípios paraenses de Moju e Acará obtiveram, em 2007, uma produtividade média na ordem de 27, 64 toneladas por hectare, cerca de 60% a mais que a média estadual. O processo tecnológico consiste de três passos básicos: seleção e corte reto das manivas-semente, plantio no espaçamento de 1m x 1m e controle de plantas daninhas durante os 150 dias após o plantio da cultura. Nos últimos 23 anos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o Pará tem sido o maior produtor de mandioca do Brasil, com quase 300 mil hectares de área colhida em 2013. Por meio de tecnologias recomendadas pela pesquisa e já disponíveis, "é possível obter maior produtividade no campo e aumento de 50 até 100% por cento na farinha obtida, sem ser preciso aumentar a área plantada de mandioca", avalia o pesquisador. Produto básico da alimentação na Amazônia, a mandioca é produzida em mais de 90% por produtores familiares que praticam agricultura de subsistência com baixo nível tecnológico. Cultura altamente intensiva em mão de obra, estima-se que, no Pará, para cada três hectares de mandioca, um mínimo de duas pessoas sejam empregadas durante o ano. "Isso indica que o cultivo da mandioca gera mais de 200 mil empregos no ano, talvez a maior fonte geradora de emprego no Estado", comenta Raimundo Brabo, apontando para o potencial socioeconômico da mandiocultura no Pará vinculada ao aproveitamento integral de seus subprodutos. Os experimentos com dendê em consórcio com mandioca estão sendo realizados em propriedade do agricultor familiar Vanildo Maias, na comunidade Colatina, em parceria com a empresa Biopalma.