Cerca de 30 alunos do curso Técnico em Agroecologia, da Escola Estadual Igarapé da Fortaleza, localizada no município de Santana (AP), participaram de uma ação do programa Embrapa & Escola, na manhã da última quinta-feira, 25/1, na sede da Embrapa Amapá, em Macapá. Os visitantes receberam quebra-cabeças educativo sobre hortaliças e materiais impressos sobre temas como produção de composto orgânico, o Guia Prático de Manejo de Açaizais Nativos para aumento da produção de frutos, e ainda cartilha abordando o controle para garantia da qualidade orgânica. O professor José de Souza Nazaré acompanhou toda a programação, junto com a coordenadora do MedioTec da Escola Estadual Igarapé da Fortaleza, Márcia Neves, e o auxiliar administrativo Gustavo Oliveira. “A programação preparada pela Embrapa foi de relevante importância no esclarecimento das perspectivas de mercado local para os técnicos em agroecologia”, pontuou o professor Nazaré, que ministrou a disciplina Gestão da Propriedade Agroecológica para esta turma pioneira e considerou oportuno buscar a contribuição da Embrapa. A programação iniciou no Auditório Tucuju, onde os alunos e professores foram recepcionados pela coordenadora do Programa Embrapa & Escola da Embrapa Amapá, Aline Furtado. Ela apresentou o site temático da Embrapa voltado para o público infanto-juvenil – Espaço Criança da Embrapa – Agroecologia (http://www.gentequecresce.cnpab.embrapa.br/index.html), e o site da Estante Virtual da Embrapa / Minibiblioteca (https://www.embrapa.br/minibibliotecas/virtual). “Foi feito um trabalho cuidadoso para os estudantes, procuramos focar na realidade ambiental, social e econômica deles. Por exemplo, muitos são de famílias que manejam açaizais, então este foi um dos temas prioritários para a programação. Outro fator relevante é que trata-se da primeira turma de técnicos em Agroecologia do Estado do Amapá, então durante o curso eles tiveram a oportunidade para compreender a aplicação do conceito da agroecológica, que é amplo, não é somente voltado para horticultura, permeia a também a produção florestal e passa pelo campo da aquicultura e pesca”, acrescentou Aline Furtado. Em seguida, os visitantes participaram da série de palestras interativas sobre temas de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Amapá, relacionados a práticas e conceitos de agroecologia. O produtor e comerciante de produtos agroecológicos, Domingos Gomes - proprietário do Mundo das Plantas, localizado no distrito de Fazendinha, em Macapá – falou sobre a aplicação prática do conceito agroecológico em sua propriedade. “Utilizo desde biofertilizantes e composteira doméstica, que me foram ensinados pela Embrapa. O cultivo das hortaliças exige dedicação e cuidado, seguindo exatamente o indicado para cada planta. Por exemplo, regar com muita água nem sempre é o indicado para uma hortaliça. A garantia de uma boa colheita exige o conhecimento das técnicas adequadas”, explicou o horticultor. A segunda apresentação foi conduzida pela pesquisadora Ana Euler, enfatizando as articulações regionais e locais para promover políticas públicas de fortalecimento da agroecologia e produção orgânica, tendo como base o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Este Plano estabelece dentro da esfera do governo federal a implementação de politicas públicas voltadas para agroecologia e produção orgânica, em básicos aspectos como crédito agrícola, apoio, fomento e ciência e tecnologia. No âmbito do Planapo, a Embrapa possui metas nos eixos de produção e recursos naturais. O técnico agrícola Izaque Pinheiro destacou as vantagens, benefícios e etapas do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos para aumento da produção de frutos, uma das principais demandas dos agroextrativistas e consumidores locais. O manejo de mínimo impacto foi desenvolvido com base em levantamentos realizados por pesquisadores em açaizais nativos manejados pelos produtores e em experimentos e módulos de manejo estabelecidos em diversos tipos de açaizais. É utilizado desde 2002 por produtores de açaí do estuário amazônico. Por meio desta técnica, produtores são capazes de passar de um patamar de produção de 20 a 30 sacas em média por hectare para até 100 sacas. O impacto positivo mais relevante dessa tecnologia talvez não seja este, mas a geração de emprego local. O manejo ocupa a força de trabalho familiar e, em alguns casos, a contratação de mão de obra disponível na própria comunidade, a fim de atender a demanda de aumento da produtividade do açaizal. A programação do Embrapa & Escola foi encerrada com a visita monitorada aos tanques de criação de tracajás da Embrapa Amapá, coordenada pela pesquisadora Jamile Araújo. A unidade demonstrativa dos animais foi instalada como parte do projeto “Produção de tracajá em cativeiro como alternativa sustentável para o desenvolvimento amazônico” (AmapaJá), financiado pelo Banco da Amazônia. Desenvolvido pela Embrapa Amapá, o projeto é voltado para sistema de produção comercial do tracajá em cativeiro na Amazônia. Esta espécie possui boa condição para criação em cativeiro, é de fácil adaptação às condições de manejo de criação e tem boa aceitação pelos consumidores. Visando contribuir para o desenvolvimento do sistema de produção comercial de tracajá, o projeto da Embrapa objetiva elucidar o comportamento de crescimento, densidade de estocagem, manejo nutricional (exigência proteica e restrição alimentar) e medidas de bem-estar animal na produção desta espécie, além de estudar o potencial de comercialização dos produtos oriundos deste sistema de produção, e do potencial econômico e nutricional. MedioTec- Os estudantes visitantes são matriculados no MedioTec, uma modalidade de ensino técnico vinculado ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), ofertado pelo Ministério da Educação. As vagas do MedioTec levam em consideração o mapeamento das demandas do mundo do trabalho e renda, com dados sobre as oportunidades reais de inserção, por município, e as aptidões formativas necessárias para atendê-las. Embrapa & Escola- O Programa Embrapa & Escola é uma ação da Embrapa, desenvolvida em todo o país, aproximando cientistas, estudantes e professores para estimular nos jovens o interesse pelo conhecimento científico. Direcionado a crianças e jovens matriculados no ensino fundamental e médio, o programa cria condições para a aprendizagem e a reflexão sobre as interfaces da ciência e da tecnologia com o setor agrícola e o meio ambiente. As modalidades de ações são por meio de palestras nas escolas ou visitas programadas em laboratórios, campos experimentais e outros ambientes da Embrapa. Escola Estadual Igarapé da Fortaleza. Está localizada à rua rio Matapi, no bairro Igarapé da Fortaleza, em Santana (AP). Funciona desde 2001, contribui com a formação educacional e cultural das comunidades urbana e ribeirinha local. Mantém turmas de ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos.