Embrapa demonstra vantagens do plantio direto, da subsolagem e da integração lavoura-pecuária
Embrapa demonstra vantagens do plantio direto, da subsolagem e da integração lavoura-pecuária
Foto: José G Figueiroa
O plantio direto consiste em um conjunto de tecnologias que promove a cobertura permanente do solo
O plantio direto, subsolagem e a Integração Lavoura Pecuária foram temas de cinco dias de campo em diferentes municípios de Sergipe onde estiveram presentes 329 participantes entre produtores rurais, estudantes, extensionistas e técnicos agrícolas
Nesta primeira Semana do Plantio Direto de Sergipe, que aconteceu de 11 a 15 de maio, os municípios de Simão Dias, Pinhão, Carira e Poço Verde, todos do agreste sergipano, que integram um dos mais importantes cinturões produtores de grãos no Nordeste (com destaque para o milho), foram contemplados com demonstração de técnicas de conservação do solo e água, como o Sistema de Plantio Direto (SPD), a subsolagem, e a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) com consórcio do milho e capim.
O plantio direto consiste em um conjunto de tecnologias que promove a cobertura permanente do solo, por meio de rotação e sucessão de culturas e da movimentação e corte do solo, apenas na linha de plantio.
As principais vantagens do plantio direto são a eliminação de erosão do solo, a conservação da água, economia de combustível, tempo, mão de obra, maior possibilidade de semeadura na época certa, menos risco na seca (devido à retenção de umidade no solo), melhor resposta da cultura às chuvas, após um período de seca e melhor germinação de sementes e emergência das plantas.
"Cerca de 22 milhões de hectares de lavouras de grãos foram cultivados no Brasil sob o Sistema Plantio Direto. Por enquanto, a maioria das áreas em plantio direto se concentra no sul e nos cerrados do país. Mas aos poucos essa técnica conquista os produtores sergipanos", disse o pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Edson Patto Pacheco.
No sistema convencional, o uso de arados e grades degrada o solo e suas matérias orgânicas, deixando, assim, o solo exposto ao sol e chuva provocando compactação superficial da terra devido ao uso de máquinas pesadas.
Além disso, o solo fica vulnerável ao processo erosivo. "Quando vem chuva forte, a água leva a camada fértil do solo. Além de provocar sulcos, buracos e barrancos, o solo acaba indo para os mananciais de água. Os rios e córregos acabam, assim, ficando rasos, poluídos com resíduos químicos e orgânicos indesejados, ou melhor, assoreados. É ruim para o meio ambiente, a reprodução de peixes, a qualidade da água que bebemos, além de aumentar a possibilidade de enchentes. Até o transporte fluvial é afetado", alertou o pesquisador.
"Sob a ótica da conservação do solo e da água, o plantio direto traz diversos benefícios, pois reduz erosão e perda de nutrientes, evita assoreamento de rios, enriquece o solo com matéria orgânica na superfície, menor compactação do solo, menos aração e gradagem, resultando em menor uso dos tratores e menor desgaste, causando assim menos impacto ao meio ambiente", explica Lauro Rodrigues, também pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.
Subsolagem
Quando o solo se apresenta compactado ou com o conhecido pé de grade, o subsolamento pode ser a primeira etapa. Sérgio Filipin, professor do Instituto Federal de Sergipe (IFS), demonstrou os atributos do subsolamento que consiste no rompimento das camadas compactas do solo, com o subsolador, puxado por trator, que melhora a retenção da água e dos nutrientes, favorece o crescimento das raízes e o aumento da produtividade das culturas.
Para demonstrar a necessidade da subsolagem, o professor cavou um buraco no solo tratado com método convencional e jogou água que ficou empossada, sem penetrar na terra e escorreu terra abaixo, desperdiçando água e podendo levar nutrientes do solo morro abaixo. Logo em seguida, ele fez outro buraco no solo que passou por um processo de subsolagem e a água penetrou completamente no solo, ficando retida a 30 cm de profundidade.
"Isso mostra que, com o solo compactado, a água não penetra na terra e ainda "lava" o solo levando os nutrientes. Com o subsolamento, a água penetra e fica retida, assim como os nutrientes", explicou ele (veja vídeo abaixo).
Integração Lavoura e Pecuária
A integração lavoura com pecuária em uma mesma área também foi abordado no evento. O analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Samuel Figueiredo de Souza, destacou o consórcio do milho e capim.
José Carlos Santos Cruz mais conhecido como Alemão no povoado Malhadinha, no município de Poços Verde, tinha receio de que o milho pudesse competir água e nutrientes com capim, ocasionando diminuição da produção. "Fico feliz em saber que não há competição" disse. O analista Samuel informou que o capim, neste caso, se desenvolve de forma mais lenta, pois está sombreado pelo milho quando plantado com menores espaçamentos. Dessa forma, o milho se desenvolve mais rápido e não tem dificuldade em buscar nutrientes no solo, inclusive água.
Durante os eventos, vários produtores questionaram que, por serem pequenos, não têm condições de adquirirem maquinário para o plantio direto. A representante da Emdagro, Fátima de Souza, respondeu que o que faz a diferença é a união, através de associações ou cooperativas. "Com a união de forças, o custo de aquisição reduz e a oportunidade aparece", disse ela resumindo tudo em uma só palavra: mudança.
No entanto, José Maciel Santos, presidente da Associação Assentamento Edmilson de Oliveira, de Carira, disse que "sabendo da rentabilidade do sistema plantio direto, com a associação legalizada, união de esforços, financiamento bancário e a ajuda da Embrapa é possível passar do modo convencional para o plantio direto, pois nossa área permite a implantação". Já João Garcia Santana Filho (Duda), do assentamento Santa Maria da Lage, do município de Poço Verde, fez duas vezes plantio direto em uma área de três hectares. "Tem sido bem proveitoso. Temos que fazer mutirão para levar adiante com as propriedades vizinhas", declarou ele.
Junto com a Embrapa Tabuleiros Costeiros, os eventos tiveram o apoio da Emdagro (Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe), do CFAC (Centro de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Colegiado da Cidadania Sertão Ocidental, das prefeituras de Simão Dias, Pinhão, Carira e Poço Verde, e de empresas de insumos e implementos agrícolas (SafraSul, Baldan e Massey Ferguson).
Clique aqui para mais fotos sobre os eventos.
Clique aqui para assistir reportagem da TV Sergipe sobre o evento (subsolagem, plantio direto e Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta).
Ivan Marinovic Brscan (com a colaboração de Joel Lamoglia e Eduardo Henrique de Oliveira) (1634/09/58/DF)
Embrapa Tabuleiros Costeiros
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