03/06/15 |   Transferência de Tecnologia

Tecnificar as lavouras do morangueiro

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Victor Costa

Victor Costa - Produtividade da cultura do morangueiro, ao utilizar a técnica da plasticultura, aumenta entre 10 a 15 toneladas a mais por hectare

Produtividade da cultura do morangueiro, ao utilizar a técnica da plasticultura, aumenta entre 10 a 15 toneladas a mais por hectare

 
Dia de campo reuniu agricultores de Arroio do Padre e região para oferecer tecnologias capazes de melhorar o manejo da cultura do morango e diversificar as lavouras de fumo. 
 
Durante toda esta quarta-feira, 3 de junho, agricultores interessados em substituir as lavouras de fumo, do município de Arroio do Padre/RS, participaram do Dia de Campo Intermunicipal da Cultura do Morangueiro, promovido pela Emater/RS. A intenção é tecnificar o agricultor de morango para melhorar as formas de manejo e diversificar as culturas nas propriedades agrícolas. A Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS, parceira da ação, apresentou várias tecnologias que beneficiam a produção e a produtividade do morango. 
 
O município de Arroio do Padre, segundo dados do IBGE, até o ano de 2013 estava produzindo cerca de 2 mil e 200 toneladas de fumo. A cultura do morangueiro surgiu como uma opção de diversificação e agregação de renda familiar. "O morango está substituindo o fumo e há um bom tempo tem aumentado o número de agricultores que se dedicam à cultura.  Já que o fumo não está tendo o mesmo retorno financeiro, o morangueiro aparece como uma boa opção de renda", disse a extensionista da  Emater/Arroio do Padre, Cláudia Lima. Para o extensionista da Emater/Pelotas, Rodrigo Prestes, o dia de campo será marcado principalmente pela troca de experiências entre as instituições e os agricultores entre si.
 
A produção de morango no município é considerada boa e atualmente há cerca de seis hectares, que produzem quase 800g/planta, inseridas num sistema de incorporação de novas tecnologias, como o sistema de manejo fora do solo, que permite a disponibilidade da fruta o ano todo. Uma equipe de pesquisadores da Embrapa estiveram mostrando o que há de novidades em tecnologia para a cultura. Entre os temas abordados foram apresentados dados sobre o manejo do solo, adubação e insumos alternativos para o morangueiro; manejo de pragas e doenças, cuidados no plantio e cultivo fora do solo; preparação de mudas; técnicas de plasticultura.
 
Técnicas de plasticultura
Um dos assuntos tratados durante o dia de campo foi o uso da técnica de plasticultura. O engenheiro agronomo Gerson Vignolo, ligado aos projetos na área do morangueiro da Embrapa, falou sobre a troca do uso do plástico de solo preto convencionalmente mais utilizado, por um plástico de solo branco. "No plástico preto as plantas alcançam uma temperatura de 40°C ou mais no verão, e no plástico branco chegam a 30°C no verão, sendo uma temperatura adequada para a estação, pois acima dessa marca as raízes do morangueiro morrem", explicou Gerson.
 
Ele listou outras vantagens no uso dessa tecnologia. Uma delas é o alto refletimento da radiação nas plantas, ao usar o plástico de solo branco, e com isso, aumentar a sua capacidade de realização de fotossíntese. "Isso é um benefício já que nas estações do outono e inverno são meses de pouca radiação, quando se quer a disponibilidade da fruta o ano inteiro", completou Gerson. Evitar a germinação de plantas daninhas, manter a umidade do solo e apresentar o desenvolvimento de uma fruta limpa também são associadas as vantagens do uso da técnica. "Além disso a produtividade da cultura é muito maior quando se usa esse plástico branco. Tem se observado entre 10 a 15 toneladas a mais por hectare", contou Gerson.
 
Na sua avaliação, os agricultores do morangueiro não usam todas as tecnologias disponíveis que garantam maior desenvolvimento às lavouras e motivação de negócios. "Muitos não usam a cobertura de túnel baixo, não usam técnicas de manejo de solo e tem problemas com a qualidade de suas mudas, e tudo isso, se torna um problema", relatou Gerson.
 
Experiência entre agricultores
Durante a tarde, os agricultores contaram um pouco de suas experiências nas propriedades com a cultura. Foi o caso do agricultor Valni Jaiber Perleberg, do Arroio do Padre, que  vai completar um ano que está cultivando o morangueiro, sendo estimulado pela experiência com o agricultor Alvacir Neuschrank, de Turuçu/RS. "Implantei na minha propriedade a cultura do morangueiro com uso do sistema de pirâmide, mas não deu certo, por que os morangos sufocaram-se, e agora, estou utilizando o sistema de plantio fora do solo, através de bancadas proposto pela Embrapa e está dando certo", comentou Valni. Ele contou que não plantam mais fumo. Dos 140 mil pés de fumo da propriedade, agora, possuem 2.400 pés de morangueiro. Toda a sua produção é orgânica, mas tem um dificuldades com o manejo do solo e está  interessado em levar informações de como melhorar a adubação orgânica na lavoura. "O plantio orgânico exige mudanças de hábitos, exige paciência e vontade de trabalhar",  relata Valni. Atualmente produz morangos da variedade San Andreas, com produção mensal de cerca de 100k, repassados para comercialização junto a Cooperativa Sul-Ecológica.
 
O dia de campo também levou os participantes à propriedade dos Rutz. Os agricultores Egon e Leida participaram do evento e ofereceram a propriedade como exemplo de quem está estimulado a substituir as lavouras, do fumo para o morangueiro. Já estão há cinco anos com a lavoura de morangueiro, mas possuem pequenas parcelas do plantio direto no solo e do plantio fora do solo (o de bancadas). Através do apoio do Pronaf e da Emater/RS, o casal montou a pouco a sua estufa de morangueiro. "Estamos entusiasmados  com a cultura, fizemos todos os manejos orientados e temos muita expectativas por que no ano passado tivemos uma grande demanda e não tínhamos o produto. E optamos pelo morango por que comercialmente é atrativa", disse Leida Rutz. 
 
Os Rutz plantaram quatro mil mudas das variedades Camino Real e Albion. Três mil serão destinadas ao plantio convencional e 1 mil mudas serão cultivadas em estufa, com bancadas. A propriedade produz cerca de 1k/pé da fruta.
 
Participaram da programação do dia de campo os pesquisadores Carlos Augusto Posser Silveira, José Ernani Schwengber, Carlos Reisser Júnior e Luis Eduardo Corrêa Antunes e os engenheiros agronômos Gerson Vignolo e Michel Aldrighi Gonçalves. O evento foi realizado na Comunidade do Arroio do Padre II e contou com a contribuição da Prefeitura Municipal de Arroio do Padre, Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, Prefeitura Municipal de Pelotas, IFSul Campus CAVG, UFPel/ Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel e Embrapa Clima Temperado. 
 

Cristiane Betemps (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado

Contatos para a imprensa

Telefone: (053) 3275-8215

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/