11/04/18 |   Produção animal

Ovinocultura em Debate se consolida na região

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Foto: Felipe Rosa

Felipe Rosa - Pesquisador da Embrapa Marcos Borba fala sobre contexto da cadeia ovina

Pesquisador da Embrapa Marcos Borba fala sobre contexto da cadeia ovina

Participantes defendem a importância da criação e valorização dos territórios

Em sua 4ª edição, o Ovinocultura em Debate reuniu na Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), cerca de 120 pessoas, entre produtores, núcleos de produtores, pesquisadores, técnicos, extensionistas, representantes de entidades, Sebrae, Senar, indústria, cooperativas e universidades, que lotaram o auditório da Embrapa para tratar da cadeia produtiva no RS. A abertura contou com a presença do deputado federal Afonso Hamm, do deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (representando a presidência da Assembleia Legislativa do RS), do diretor das Câmaras Setoriais da Secretaria de Agricultura do estado, Rodrigo Rizzo (representado o Secretário de Agricultura), de Vicenti Ney (representando a Secretaria de Desenvolvimento Rural do estado), do assessor e coordenador do GT Proteína Animal do BRDE, Paulo Roberto da Silva, do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, e do chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Alexandre Varella. 

Conforme a programação, a primeira palestra foi do chef Marcos Livi, que falou da importância das relações entre os alimentos e o território no conceito de qualidade. Livi destacou o significado do bioma Pampa e o que ele representa no mercado gastronômico do país, além do grande alinhamento entre a gastronomia e o turismo, oportunidade que pode ser melhor trabalhada na região. “Aqui tem tudo, tem solo, tem produção e produto de qualidade e tem história”, destacou, ao enfatizar o turismo gastronômico, por ser um setor de grande valorização e com poder de geração de trabalho e renda.

A ovinocultura de leite também foi destaque do evento, com a participação do presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos de Leite, Anderson Bianchi, que mostrou o panorama atual da produção de leite de ovelha no Brasil e do grande potencial de expansão da atividade, que tem grande valor agregado na produção de iogurtes, queijos, doce de leite, sorvetes e até cosméticos. “Hoje no Brasil temos 25 propriedades produzindo cerca de 700 mil litros de leite por ano”, diz Bianchi, lembrando que a renda das propriedades pode ser superior com a venda dos cordeiros para abate e com o aproveitamento da lã, como já acontece em algumas propriedades. 

No setor da lã, Edison Ferreira, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Lãs Mauá, apresentou dados do mercado da lã que está sendo retomado no sul do estado e as novas iniciativas da cooperativa, no sentido de valorizar o produto lã e o produtor através de ações como visitas técnicas, orientação aos produtores na hora da colheita da lã e a distribuição de embalagens reutilizáveis e que mantêm a qualidade no armazenamento da lã. Segundo Ferreira, as novas embalagens, além de darem maior qualidade ao produto, são transparentes, auxiliando inclusive no trabalho do classificador. Também reduzem a quantidade de mão de obra na hora do transporte do produto da propriedade até a cooperativa e podem ser reutilizadas. “Demonstramos assim aos produtores que temos como ajudá-los a valorizar e dar maior credibilidade ao produto” diz Ferreira.

A pesquisadora da Universidade Positivo, Andreia Vieira, trouxe o tema bem-estar animal e a influência dele na comercialização da carne. Andreia ressaltou que cada vez mais o mercado externo exige o comprometimento dos produtores, dos agentes envolvidos no transporte e logística e da indústria quando o tema é bem-estar. A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem como fonte de pesquisa a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), órgão responsável pelo bem-estar e saúde animal em todo o mundo. 

Andreia apontou itens que devem ser intensificados e pesquisados nas propriedades, como a oferta de alimento, locais protegidos para parição e para proteção dos cordeiros recém-nascidos, áreas para proteção de excesso de sol, calor e chuvas, controle de doenças como parasitas, mangueira, entre outros. “Tem coisas que só podemos constatar indo a campo, acompanhando de perto o rebanho e prestando atenção ao comportamento dos animais” diz a pesquisadora.

O relatório da cadeia de ovinos obtido a partir do trabalho desenvolvido no GT Proteína Animal foi apresentado por seu coordenador Paulo Roberto da Silva, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O relatório apresenta dados de mercado e de produção, aponta objetivos e sugestões de ações e estratégias para todos os pontos levantados, que vão desde a produção até o consumidor final, passando pela indústria, atacado e varejo, segurança e sanitário. “Este documento norteia todos os agentes envolvidos na cadeia da ovinocultura e esperamos que estes próprios agentes nos ajudem a desenvolver o que está proposto e até a modificar o que acharem necessário”, disse o coordenador do GT, ressaltando que o relatório não é um documento fechado, “há espaço para colaboração de todos” concluiu.

Há quatro anos o Ovinocultura em Debate vem apresentando demandas importantes do setor através da discussão de pontos que envolvem a produção de ovinos no estado. Algumas propostas apresentadas em 2017 foram trazidas para este ano, como a importância da territorialização, preservando os biomas, as características de produção e manejo de cada região, criando identidades para cada região/território, como já vem sendo explorado no Alto-Camaquã, na Fronteira Oeste, na região do Pampa e agora podendo se estender para as Missões, Litoral, Central, Alto Uruguai entre outros. 

“O nosso objetivo maior é trazer o maior número de agentes da cadeia produtiva de ovinos, envolvê-los no que acreditamos ser um trabalho construído a várias mãos de ações efetivas e de resultados para todos” diz o presidente da Arco, Paulo Afonso Schwab, destacando que o Ovinocultura em Debate tem cumprido seu papel nesse sentido, a cada ano envolvendo mais pessoas, mais entidades, mais representantes de órgãos e instituições que podem colaborar para o desenvolvimento da ovinocultura no estado e no Brasil.

O chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, Alexandre Varella, destacou a pluralidade de participação de instituições e atores da cadeia como um exemplo positivo para fortalecimento da ovinocultura. “A cadeia precisa unir forças para que seus elos possam funcionar de uma forma sincronizada e eficiente, que é o que está faltando para a cadeia da ovinocultura no RS. O evento também foi importante para debater tecnologias, questões de mercado e políticas públicas”, disse. 

A reunião de trabalho que se seguiu à tarde já rendeu frutos: a realização de encontros em cada um dos territórios presentes, reunindo associações, empresários, criadores, técnicos e setor público no sentido de mapear a produção em cada um deles, apontar as forças e oportunidades e o que precisa ser feito efetivamente para formação de grupos com foco na criação de ovinos e na forma de valorizar as potencialidades de cada uma das regiões, municípios e territórios envolvidos.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Marcos Borba, “o evento além de cumprir com o compromisso conjunto assumido pela Arco e Embrapa de a cada ano realizar um relato sobre a situação das cadeias ovinas no estado, também proporcionou um olhar de oportunidades sobre a ovinocultura e, sobretudo, permitiu avançar na construção de uma estratégia para a reorganização das cadeias ovinas”.  Para Borba “a adoção de uma perspectiva territorial para a organização da ovinocultura em articulação com a política do GT Proteína Animal, coordenado pelo BRDE, representa o avanço mais significativo para as cadeias produtivas de ovinos em termos recentes”.   

O Ovinocultura em Debate teve a promoção da Embrapa Pecuária Sul, ARCO, juntamente como BRDE e apoio do Sicredi Fronteira Sul e Supra.

Texto: Lorena Riambau Garcia

Felipe Rosa (14406/RS)
Embrapa Pecuária do Sul

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