O Brasil e o uso da água no campo
O Brasil e o uso da água no campo
Foto: Nicoli Dichoff
Pesquisas da Embrapa e parceiros analisam a utilização dos recursos hídricos na produção agrícola
Estudar, compreender e otimizar o uso da água na agricultura, considerando os impactos das mudanças climáticas e do uso das terras nos recursos hídricos, é o objetivo que movimenta profissionais de 12 unidades da Embrapa e mais de 30 instituições de pesquisa e universidades em todo o Brasil. A Rede Agrohidro, desenvolvida pela Embrapa para encontrar soluções que viabilizem o uso sustentável de recursos hídricos na produção agrícola, reuniu representantes de diversas equipes de pesquisa para seu III Seminário, realizado esta semana na Embrapa Pantanal em Corumbá (MS). "Queremos saber o que é preciso para dar um salto de qualidade na questão da sustentabilidade – para não apenas produzir, mas produzir de forma sustentável", diz Lineu Rodrigues, coordenador da rede e pesquisador da Embrapa Cerrados.
Para o pesquisador Giampaolo Pellegrino, da Embrapa Informática Agropecuária, a análise dos recursos hídricos - seja por monitoramento, análise de tendências, modelagem hidrológica ou elaboração de cenários futuros - é essencial não apenas para viabilizar a produção agrícola, mas para a manutenção da própria sociedade. "Como a gente está fazendo um estudo para o Brasil todo, cada região tem os seus problemas. A gente encontra lugares no país em que se começa a perceber uma diminuição da precipitação, por exemplo. Consequentemente, a vazão do rio diminui e, então, diminui a disponibilidade de água para a agricultura", diz Giampaolo. "Com esse trabalho, investigamos como evitar futuros indesejáveis e, se esses futuros são inevitáveis, também podemos nos preparar e buscar metodologias para amenizar esses impactos".
No semiárido brasileiro, por exemplo, o pesquisador Rubens Sonsol – da Embrapa Agroindústria Tropical – afirma que, apesar dos frequentes cenários de escassez hídrica, a região também pode passar por situações de eventos extremos de cheia. "Às vezes, a chuva se concentra, acumulando 200 mm em um dia só", diz o pesquisador. "Todos esses casos precisam que se desenvolva a gestão dos recursos hídricos para a adaptação a essas situações". E, para que isso aconteça, Rubens afirma que é de grande importância fazer um bom planejamento, realizando análises dos recursos naturais para encontrar a melhor maneira de utilizá-los. "Com ferramentas mais precisas, podemos fazer um uso mais racional, compartilhar melhor a disponibilidade da água e combater a escassez".
Ainda que no Pantanal os processos hidrológicos sejam bem diferentes do semiárido, o pesquisador Carlos Padovani, da Embrapa Pantanal, ressalta a importância da troca de conhecimentos em casos como esses. "Às vezes, uma pesquisa feita no nordeste, na região da seca, parece não ter muita relação com a gente. Mas acaba tendo na medida em que um colega ou uma instituição pode aplicar uma metodologia ou desenvolver uma política pública que possa ser adaptada aqui para a nossa região". Para Lineu Rodrigues, o país passa por um momento crucial no que diz respeito à análise dos recursos hídricos. "Temos que olhar aquelas regiões mais críticas, aproveitar as que ainda têm espaço para crescer. Produzir alimento demanda água. Não tem como produzir sem esse recurso", finaliza.
Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal
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