Dia de Campo da Embrapa movimenta ExpoZebu 2018
Dia de Campo da Embrapa movimenta ExpoZebu 2018
Cerca de 600 pessoas participaram do Dia de Campo e das visitas guiadas na Fazenda Experimental da ABCZ- Orestes Prata Tibery Júnior, no dia 04 de maio, em Uberaba (MG). Nos dias 02 e 03 de maio ocorreram visitas técnicas e palestras com um público médio de 400 participantes por dia. O evento, promovido pela Embrapa, integrou a programação da 84ª ExpoZebu, organizada anualmente pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e encerrada no último domingo (06).
Secretários de Agricultura de municípios mineiros, técnicos da Emater – MG, agropecuaristas, professores e estudantes de Ciências Agrárias e de Medicina Veterinária tiveram a oportunidade de conhecer novidades tecnológicas na área de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), além de novas opções de cultivares forrageiras tropicais para sistemas intensivos de produção a pasto, com destaque para a cultivar BRS Quênia, o mais recente lançamento da Embrapa. Também foram implantadas áreas com as cultivares BRS Tamani, BRS Zuri, BRS Ypiporã e BRS Paiaguás, todas com animais em pastejo rotacionado.
Para o chefe geral da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), Cláudio Karia, que acompanhou o Dia de Campo realizado na sexta-feira passada (04), a parceria com a ABCZ está bem estruturada e consolidada. “A cada ano a estrutura melhora e aumenta o movimento, tendo como foco o produtor. Esse ano, a parceria ainda foi fortalecida com o ingresso do Mapa, que aportou recurso financeiro para o evento”, afirmou.
O coordenador do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos do Mapa, Elvison Ramos, esteve presente em dois dias do evento e ressaltou que a iniciativa da ABCZ e Embrapa conta com o apoio do Ministério da Agricultura por buscar alternativas mais sustentáveis de produção. Ramos considerou de imensa importância a Fazenda Experimental da ABCZ como ponto de referência para os produtores rurais, principalmente pela proposta de mudança de sistema de produção.
Além da Embrapa, também parceiros comerciais fizeram demonstrações de produtos, insumos e máquinas agrícolas durante o evento. Por exemplo, foram feitas várias demonstrações de colheita de milho consociado com a forrageira BRS Paiaguás no Sistema Santa Fé com uma colheitadeira de duas linhas da empresa Jumil, adaptada para a realidade de pequenas e médias propriedades rurais.
Dia de Campo – Na área de 70 hectares da Fazenda Experimental da ABCZ foram expostas as tecnologias da Embrapa para os sistemas integrados de produção. Na primeira estação, o pesquisador João Kluthcouski falou sobre os conceitos dos modelos de integração. A estimativa, segundo ele, é de que “no Brasil a área com diferentes sistemas de integração já alcance 11,5 milhões de hectares. A maioria é de agricultores que fazem Integração Lavoura-Pecuária (ILP)”.
“Começamos os sistemas integrados em 1991 com o Sistema Barreirão. Hoje são 12 sistemas para pecuaristas e lavoureiros, com diferentes modelos de integração para as diversas regiões brasileiras. A palavra-chave para integração é diversificação”, enfatizou João K.
Uma das áreas de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) na Fazenda Experimental é composta de espécies exóticas (teca, mogno africano, acácia e nim indiano) e de pastagens, nos espaçamentos entre as fileiras de árvores. Com o componente florestal há uma melhora na ambiência para os animais, o que gera bem estar e maior potencial produtivo, além do produtor obter uma renda futura com a venda de madeira, desde que haja mercado ativo para este tipo de produto.
O pesquisador da Embrapa Cerrados Luiz Adriano Cordeiro explicou como foi formada a área de ILPF. Todas as árvores foram plantadas em 2012, incluindo a área com eucalipto localizada em outra parte da fazenda, onde é realizada prova de produção de leite da ABCZ no sistema de ILPF. Nos três primeiros anos, a área foi cultivada com milho e sorgo para silagem, e soja para produção de grãos, nas entrelinhas das árvores. A partir do quarto ano, a agricultura foi substituída pela pastagem. Desde 2015/2016, teve início a fase silvipastoril, com o ciclo mais longo para produção de madeira e gado de corte.
Cordeiro apresentou alguns dados de produção de leite e ganho de peso animal obtidos já no ano de 2018. A taxa de lotação na área de ILPF com espécies exóticas é de, aproximadamente, 5 UA/ha (unidade animal por hectare), e no período de 90 dias, observou-se um Ganho Médio Diário (GMD) de 600 gramas de peso por animal por dia somente à pasto. Em 2017, a produção média do peso da carcaça (carne e osso) do gado de corte, após 95 dias, foi de 18 @ (arrobas) por hectare, considerado um bom rendimento. Este ano a produção final será avaliada no final do ciclo de gado de corte.
A produção de leite em 2017 foi de 13,5 litros por cabeça/dia, durante o Concurso Leiteiro Natural da ABCZ que é realizado na área de ILPF com eucalipto. “Para o gado leiteiro, a ambiência ambiental, proporcionada pela sombra das árvores, é muito importante. Pesquisas sobre este tema ainda estão em andamento, mas sabemos que há um potencial de incremento na produção de leite em sistemas de ILPF”, afirmou o pesquisador.
Manejo de pastagem – Para demonstrar a importância do manejo da fertilidade do solo para as pastagens, a cultivar de Panicum maximum BRS Quênia foi plantada em duas áreas distintas. A pesquisadora da Embrapa Cerrados Giovana Maciel explicou que as duas áreas foram plantadas no mesmo dia, sendo que em uma a pastagem não conseguiu se estabelecer, pois não foi feito nenhum tratamento de melhoria da fertilidade do solo, como correção da acidez e gessagem. Já na outra área, foram feitas as correções necessárias e adubação de cobertura e de manutenção. O resultado foi surpreendente e o desenvolvimento da pastagem foi muito superior.
“As cultivares de Panicum são bem exigentes em fertilidade do solo. O pecuarista é um pouco resistente, mas não adianta querer economizar e não investir na fertilidade do solo. Esse é um caminho sem volta”, declarou a pesquisadora. Giovana Maciel disse que a Brachiaria brizantha BRS Paiaguás é mais rústica e com melhor potencial de produção durante o período seco, principalmente em comparação com as cultivares de Panicum maximum. A vantagem da BRS Paiaguás é que ela é de fácil utilização com o milho safrinha para produção de forragem de outono-inverno e/ou de palhada para plantio direto.
O pesquisador da Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora – MG), Juarez Machado, apresentou as características da BRS Quênia, que é híbrido de Panicum maximum lançado em 2017. A BRS Quênia apresenta alto perfilhamento e elevada porcentagem de folhas de excelente qualidade nutricional. É ideal para sistemas intensivos de produção de carne e leite a pasto.
A cultivar de Panicum maximum BRS Zuri e o híbrido de Panicum maximum BRS Tamani, lançados pela Embrapa, respectivamente, em 2014 e 2015, foram apresentados pelo pesquisador da Embrapa Cerrados Gustavo Braga. A BRS Zuri apresenta elevada produção e alto valor nutritivo. Com boa adaptação ambiental é uma boa opção para diversificação de pastagens, devendo ser manejada, preferencialmente, sob pastejo rotacionado.
A alta qualidade e boa adaptação fazem com que a BRS Tamani seja indicada para engorda de gado bovino, principalmente no bioma Cerrado, sendo uma opção para diversificação de pastagens em solos bem drenados. Por ser de porte baixo, a BRS Tamani é de fácil manejo.
Braga também destacou algumas recomendações de manejo das pastagens. A altura do pasto para a entrada e saída de animais deve ser observada. Normalmente, a altura da saída dos animais é a metade do valor da entrada. Isso significa que no pasto com BRS Zuri, a entrada dos animais deve ser com a altura de 80 centímetros e de 40 centímetros para a saída. Com a BRS Tamani, a entrada é com pasto com altura de 50 centímetros e saída com 25 centímetros. “Se manejar errado, o capim não aguenta”, alertou o pesquisador.
Aplicabilidade das tecnologias – Os alunos do quinto período do curso de Agronomia do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), campus de Uberlândia, gostaram de poder ver na prática o que aprendem na sala de aula. Eles têm a disciplina de forragicultura, em que a professora Cristiane Amorim ensina sobre as forrageiras que devem ser usadas no sistema de produção.
“Nós precisamos ir onde a Embrapa está apresentando suas inovações para melhor conduzir os futuros profissionais da área. Aqui eles puderam ver como acontece na prática em uma fazenda e entender que os sistemas integrados são a solução para agropecuária e, principalmente, acabar com o mito de que a atividade destrói o meio ambiente”, afirmou a professora.
Também participaram dos eventos da Fazenda Experimental da ABCZ, alunos de instituições como IFTM (Campus Uberaba), FAZU e Uniube, e de outras regiões como do Instituto Federal de Muzambinho (MG) e de Barretos (SP).
Muitos produtores rurais de todo o Brasil e do exterior mostraram interesse pelas tecnologias apresentadas este ano. Por exemplo, o presidente da Associação dos Criadores de Búfalos da Costa Rica, Álvaro Sallas. Ele destacou a importância das pesquisas da Embrapa com forrageiras e disse que em suas propriedades já utiliza o capim BRS Zuri e ficou muito bem impressionado com BRS Quênia.
O produtor rural André Luiz da Costa também estava interessado em “novidades tecnológicas” que possa introduzir em sua propriedade, a Haras Calafate. Ele, que também é diretor do Sindicato Rural de Uberaba, tem a expectativa de utilizar algumas das forrageiras lançadas pela Embrapa.
Além de atualizar seus conhecimentos participando de feiras agropecuárias, Costa e os membros do sindicato participam mensalmente de uma cavalgada nas fazendas dos associados. “Essa é uma forma de todos interagirem e conhecer o que outro produtor está adotando em sua propriedade. É uma troca de experiência que junta conhecimento e diversão”, disse.
Liliane Castelões (16.613 (MTb/RJ))
Embrapa Cerrados
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