Sistema de Alerta de pragas e doenças reinicia em 2015
19/06/15
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Transferência de Tecnologia
Sistema de Alerta de pragas e doenças reinicia em 2015
Foto: Paulo Lanzetta
Mosca-das-frutas é o alvo do Sistema de Alerta, mas outros insetos e doenças podem ser beneficiadas com o monitoramento. Pomares de pêssego podem ser os maiores prejudicados com perdas que podem variar até 50%, ou mais, das safras.
Programa de monitoramento e controle atende a cultura do pessegueiro e outras frutíferas ao utilizar estratégias adequadas para saúde do produtor e do consumidor
A equipe de gerenciamento do Sistema de Alerta para monitoramento e controle de pragas na cultura do pessegueiro, com envolvimento da Embrapa, Emater/RS, indústrias e associações de produtores, estão em preparativos para reinício das atividades semanais, que transferem tecnologias mais adequadas e ambientalmente corretas no desenvolvimento e produção da cultura do pessegueiro. Nesta sexta-feira, 19 de junho, uma reunião entre os parceiros do Sistema de Alerta, nas dependências da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) definiu a realização de reuniões técnicas em três áreas da região da Metade Sul do Estado, uma das maiores produtoras de pêssego industrializado no país.
As reuniões técnicas vão acontecer, durante as tardes, entre os dias 11 e 13 de agosto, nas localidades da Vila Maciel (Pelotas), Vila Nova (Pelotas) e Comunidade da Glória (Canguçu). Os assuntos a serem trabalhados junto aos produtores serão a importância da adubação, os dados meteorológicos do Sistema de Alerta nas últimas safras, dicas para o manejo da mosca-das-frutas e uma avaliação de produção da safra 2014/2015 feita pelos representantes das indústrias, do sindicato e das associações de produtores de pêssego.
Segundo o pesquisador Dori Edson Nava, que lidera o programa, as expectativas para esta safra 2015/2016 são ainda incertas em relação ao controle de insetos. "É muito cedo para se fazer projeções, o que se sabe no momento é que a mosca-das-frutas, a principal causadora de prejuízos nos pomares de pessegueiro, está com uma população baixa, mas teremos que fazer este trabalho de orientação semanal, verificando nas armadilhas instaladas nas estações de observação se há, ou não, a presença do inseto", falou. Mas, o clima tem apresentado grande volumes de chuva e uma temperatura acima da média para o período. "Teoricamente, com essas ocorrências climáticas se espera que se tenha maior incidência de doenças e pragas", completou.
O Sistema de Alerta surgiu do impedimento da oferta de determinados inseticidas no combate a pragas e doenças na fruticultura pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre elas, a mosca-das-frutas, que acomete a safra de pêssego. "Os inseticidas continuam sendo proibidos, e eles não serão liberados pelo Ministério, pois todos foram retirados por motivos de toxicidade ou por falta de eficiência no controle", explicou.
Atualmente os produtores de pessegueiro podem utilizar no controle de pragas e doenças na cultura do pessegueiro os inseticidas com princípios ativos com malationa e deltametrina.
De acordo com informações na página do Mapa, a legislação vigente indica que agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos para uso no cultivo, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, para alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação de seres vivos nocivos.
O Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit) é um banco de dados para consulta pública sobre pragas, ingredientes ativos, produtos formulados, relatórios e componentes de fórmulas registrados no Ministério da Agricultura, com informações dos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente. O Agrofit oferece informações sobre o uso correto dos produtos registrados. A pesquisa no sistema pode ser feita pela marca comercial, cultura, ingrediente ativo ou classificação toxicológica e ambiental. Pode ser acessado através do http://www.agricultura.gov.br/vegetal/agrotoxicos
O funcionamento do Sistema
O Sistema de Alerta funciona como um indicativo de manejo ao produtor de pêssego, incluindo também algumas orientações quanto a outras frutíferas, especialmente em relação a pragas e doenças. O programa vem funcionando há quatro anos, de forma a garantir sustentabilidade aos pomares, já que as estratégias de manejo no controle das pragas está na mudança de hábitos pelo produtor e no uso de inseticidas permitidos pelo Mapa.
O Sistema de Alerta a cada semana, após o monitoramento das estações de observação, que em 2011 iniciaram com três propriedades, e apartir de 2014, incluiram 11 estações ao contemplar a região envolvendo os municípios de Pelotas, Morro Redondo e Canguçu, está a cada edição em busca do maior número de produtores envolvidos no programa. Nestas estações, há uma estação meteorológica que faz a coleta de dados de umidade e temperatura e são repassadas via satélite para a central de dados do laboratório de Agroclimatologia da Embrapa. Posteriormente, a equipe do Sistema realiza uma avaliação da população de insetos relacionada as condições climáticas. Nestas mesmas estações também são colocadas as armadilhas tipo bola, onde há uma proteína - a proteína hidrolisada, ou caldas feitas em casa pelo produtor - que atraem os insetos, e com isso, é possível realizar o monitoramento, ou seja, verificar se há insetos e quantos possuem, pois semanalmente técnicos da Embrapa e das indústrias recorrem estas propriedades para realização da identificação e contagem. Com esses dados levantados, então, são indicadas as estratégias a serem realizadas. O Sistema preconiza duas ações: a aplicação de isca tóxica, que dependendo do número de insetos (1 ou mais) é feita nas bordas dos pomares, com aplicador costal, como a melhor forma de controle da praga; ou então, com a pulverização por cobertura (mais de 3 moscas), feita com trator ou motocicleta.
A mosca-das-frutas (Anatrepha fraterculus) é o alvo de controle neste programa, mas é possível também monitorar outros problemas como o aparecimento de antracnose e bacteriose, assim como, a presença da podridão parda, da falsa crespeira e de outros insetos como a grafolita e a mosca da asa manchada, a Drosophila suzuki. "Esta é uma mosca que está exigindo nossa atenção, por isso, vamos divulgar como é o comportamento do inseto, qual o tratamento que deve ser feito junto aos pomares de pêssego, embora a cultura não seja o seu hospedeiro. Ela prefere pequenas frutas e frutas nativas", alertou.
Como o Sistema se propõe a monitorar pragas para fruticultura, a mosca da asa manchada tem sido alvo de estudo e monitoramento. A cultura do morango, que é uma cultura forte na região, tem chegado dados de produtores indicando que é a preferida por esta mosca. "Ela tem preferência pelo morango em função da casca fina", observou. Também foram identificados prejuízos nos pomares de amora preta e mirtilo pelo inseto nas áreas experimentais da Embrapa. "Para esta mosca estamos estabelecendo formas de controle ao buscar métodos culturais, químicos e biológicos mais adequados", avaliou Dori.
Cristiane Betemps (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado
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