Técnicos de cooperativas conhecem trabalho de ILPF no Rio Grande do Sul
Técnicos de cooperativas conhecem trabalho de ILPF no Rio Grande do Sul
No Brasil, 1/3 das pastagens cultivadas está degradada e 1/3 está em processo de degradação, causando redução na produtividade em 6% ao ano nos sistemas extensivos de produção agropecuária. A intensificação sustentável dos sistemas agropecuários é uma das principais alternativas para aumento de produtividade e redução de impactos ambientais negativos. O tema Integração Lavoura-pecuária-floresta foi apresentado na programação da capacitação na cadeia produtiva de cereais de inverno Embrapa e Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), realizado nos dias 19, 20 e 21 de junho.
Por definição, a ILPF é uma estratégia que visa a produção rural sustentável, que integra as atividades agrícolas, pecuárias e florestais realizadas em uma mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) já atingem 11,5 milhões de hectares no País, adotados por produtores de diferentes níveis tecnológicos.
Nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os sistemas de produção integrados estão presente na maioria das propriedades de agricultura familiar. Segundo a publicação “ILPF em Números”, são mais de 2 milhões de hectares trabalhando com ILPF. O modelo predominante é a integração lavoura pecuária, principalmente de grãos com bovinos, mas é possível observar novos modelos de integração com ovinos, aves, áreas de várzea, campo nativo, ervais e até aproximação com turismo rural.
De acordo com o pesquisador Renato Fontaneli, na região norte do RS, oeste de SC e sudoeste do PR o sistema ILPF tem sido atrativo, especialmente para pequenos agricultores, com menos de 20 ha de terras, onde o sistema ILPF está baseado na produção de carne e leite, associada à produção trigo/soja/milho. Outras experiências na Região Sul associam bovinos com florestas (bem estar animal, energia, infraestrutura nas propriedades); rotação com arroz, soja e engorde de novilhas; produção de erva-mate com lavoura de grãos; aproveitamento de dejetos animais (suínos e aves) na adubação da lavoura, com o utilização da floresta para manutenção das estruturas de criação animal, entre outras.
É importante equilibrar a lavoura de grãos com a produção animal, identificando a atividade mais rentável no momento. Investir somente na monocultura de grãos garante uma renda sazonal, enquanto a produção animal pode assegurar a renda mensal ao longo do ano. Diversas experiências com produtores que trabalham em ILPF pode ser acessadas no site da Rede de Fomento em https://www.embrapa.br/web/rede-ilpf.
Renda o ano inteiro
Uma das experiências que os participantes puderam conhecer foi o trabalho do produtor Ivonei Librelotto, que trabalha com a engorda de novilhas e a produção de grãos em Boa Vista das Missões, RS. Librelotto viu na ILPF a oportunidade de otimizar área e insumos, diversificando as fontes de renda na produção ao longo do ano. As mudanças promovidas há quase dez anos resultaram no aumento da produtividade de grãos (verão e inverno) em 4 vezes e a produção de carne aumentou em 8 vezes, com planejamento forrageiro e investimento em genética. O pecuarista hoje é empresário e produtor de sementes, reconhecido no Rio Grande do Sul como modelo de sustentabilidade ambiental, econômica e social.
Na produção de leite, a visita foi na propriedade de Ari Busanello, também em Boa Vista das Missões, RS, onde a média de produção chega a 34 litros/vaca/dia. O segredo do produtor é o equilíbrio na dieta nutricional, aliado ao melhoramento constante do rebanho e ao conforto dos animais. Na alimentação, as vacas recebem 56% de volumoso (pastejo de trigo), além do tratamento no cocho com 40 kg de trigo, 20 kg de milho, 9 kg de resíduo de cevada e 8 kg de ração concentrada (milho, triticale e farelo de soja).
Produtor de sementes e pecuarista em Chiapeta, RS, Ruben Kudiess é uma referência no uso e manejo de trigo duplo propósito (DP), cultivo que permite agregar renda à produção agropecuária, permitindo o pastejo dos animais seguido da colheita de grãos após o rebrote da planta. “Com o trigo DP você pode mudar o plano durante o jogo, direcionando a lavoura para produzir grãos ou manter a renda com produção de carne ou leite”, defende Kudiess.
As orientações técnicas do terceiro módulo da capacitação na cadeia produtiva de cereais de inverno Embrapa-OCB contou com especialistas da Embrapa Trigo, Embrapa Agropecuária Oeste e Emater/RS, além da visita a produtores do Rio Grande do Sul. Participaram das atividades 35 profissionais dos departamentos técnicos das cooperativas Camnpal, Coasa, Cotrijal, Coagrisol, Copermil, Cotriel, Auriverde, Cotricampo, Cooperalfa, Cotripal, Cotribá, Coagril, Frísia e Cotapel.
Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo
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