15/07/15 |   Agroecologia e produção orgânica

Lideranças indígenas Terena solicitam parceria com instituições de MS para promover evento sobre agroecologia

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Foto: Walmor Saldanha/Embrapa

Walmor Saldanha/Embrapa - Reunião entre Lideranças Indígenas Terena, Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Pantanal, Uems e UFMS

Reunião entre Lideranças Indígenas Terena, Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Pantanal, Uems e UFMS

Mato Grosso do Sul é o segundo Estado com a maior população indígena do Brasil, de acordo com o último censo divulgado pelo IBGE, com cerca de 72 mil indígenas (o primeiro, é o Estado do Amazonas, com quase 170 mil). Entre as etnias estão os Terena, índios que praticam a agropecuária - as outras etnias em MS são Atikum, Guarani kaiowá, Guarani ñandeva, Guató, Kadiwéu, Kiniquinau, Ofaié e Kamba (não reconhecida oficialmente).

A comunidade Terena, em busca da continuidade da prática de uma  agricultura e pecuária mais sustentáveis, solicitou uma reunião com instituições estaduais para verificar a possibilidade de se promover um evento em 2016 para discutir a agroecologia na visão do Povo Terena. Entre as instituições estão duas Unidades ecorregionais da Embrapa em MS - Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados) e Embrapa Pantanal (Corumbá) - a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

As Lideranças Terena das Terras Indígenas de Taunay/Ipeque (Aquidauana), Lalima e Cachoerinha (ambas de Miranda, MS) aproveitaram a Feira de Sementes Nativas e Crioula e Produtos Agroecológicos de Juti/MS, em 11 de julho, para apresentar, nesse primeiro encontro, sua ideia inicial.

"Esse projeto envolve mulheres, jovens, anciões, rezadores e lideranças tradicionais. O evento que queremos elaborar para 2016 se propõe a debater a agroecologia dentro da ótica do Povo Terena, com abordagem mais ampla, extrapolando o arco teórico ambiental e econômico, fortalecendo nossos valores tradicionais", explica Leosmar Terena, assessor regional do Projeto Gestão Ambiental e Territorial Indígena (Gati).

Segundo ele, a proposta foi idealizada a partir da "Mobilização Agroecológica Terena", iniciada, em 2012 a partir da implementação do Projeto Gati nas Terras Indígenas Taunay/Ipegue (Aquidauana), Cachoeirinha (Miranda) e Lalima (Miranda).

Ainda nesta mesma linha de considerações, Leosmar Terena diz que têm também a intenção de organizar uma Feira de Sementes Terena, no mesmo evento, com o intuito de preservar as sementes tradicionais do povo indígena. "As sementes são como patrimônio que resguarda nossa história, fruto de um cuidadoso processo de seleção dos nossos ancestrais, imprescindíveis para soberania alimentar e nutricional das nossas comunidades", enfatiza.

Para aprofundar as conversas iniciadas no evento de Agroecológico de Sementes e de ouvir as propostas dos Caciques Terena, será realizada em 28 de julho de 2015, um encontro na Embrapa Pantanal (Corumbá/MS). Esse encontro pretende reunir diversas instituições interessadas em apoiar o evento "para definir diversos pontos, ainda, em aberto, para realização da iniciativa", diz Terena.

"Queremos nos unir com as demais etnias, universidades, instituições de pesquisa, extensão rural, prefeituras e outros possíveis apoiadores para construirmos de forma conjunta um projeto de futuro comum, criando caminhos sustentáveis aos padrões atualmente dominantes de desenvolvimento", destaca o assessor do Projeto Gati, e ainda menciona: "Dentro desse contexto, numa abordagem intercultural, conciliando os saberes tradicionais do povo indígena com os saberes acadêmicos/técnicos, queremos apontar alternativas que não prejudique o homem, a natureza e o futuro de milhares de crianças."

Embrapa como parceira


A missão de Unidades de pesquisa da Embrapa ecorregionais é atuar em função de demandas do bioma da Região brasileira em que estão localizadas. Por esse motivo, as lideranças indígenas convidaram a Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Pantanal, entre as instituições de Mato Grosso do Sul, para estar entre as parceiras no evento idealizado para 2016 e promovido pelas lideranças indígenas.

"Nós da Embrapa Pantanal queremos saber mais sobre as demandas e interesses destes Índios Terena sobre o tema agropecuário para que possamos estudar a melhor forma de atendê-los dentro das nossas áreas de atuação", afirma a pesquisadora Emiko Kawakami de Resende, chefe geral da Embrapa Pantanal.

O pesquisador Auro Otsubo, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, presente na reunião em Juti, conta que é mais uma oportunidade de se abordar em conjunto "questões técnicas, principalmente voltadas para a sustentabilidade  e que tenha momento de trocas de experiências, sementes, saberes, sabores", diz Otsubo, que também menciona que a programação começará a ser discutida no dia 28 de julho, na Embrapa Pantanal.

Isso vem ao encontro de um dos focos de atuação da Embrapa Agropecuária Oeste, como ressalta o pesquisador Guilherme Asmus, chefe geral da Embrapa Agropecuária Oeste. "A Unidade trabalha para gerar conhecimento por meio de tecnologias que ajudem no processo de desenvolvimento regional agropecuário, respeitando as diferenças econômicas, sociais e culturais. Sabemos a importância de se trabalhar com pesquisas que gerem conhecimento para a população indígena, de forma sustentável, respeitando seus valores culturais".

Sílvia Zoce Borges (MTb-MG 08223 JP)
Embrapa Agropecuária Oeste

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Raquel Brunelli D'Avila (DRT/MS 113)
Embrapa Pantanal

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Mais informações sobre o tema
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