21/08/18 |   Agricultura familiar  Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Segurança alimentar, nutrição e saúde  Transferência de Tecnologia

Encontro da Rota dos Butiazais inicia com oficinas de alternativas de uso dos frutos

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Oficina desenvolveu máscaras moldadas à mão pelos participantes, a partir da mistura da fibra do fruto do butiá

Oficina desenvolveu máscaras moldadas à mão pelos participantes, a partir da mistura da fibra do fruto do butiá

Nesta terça, dia 21 de agosto, teve início o II Encontro Internacional da Rota dos Butiazais, numa promoção da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS), que conta com o apoio das Universidades Federal do Rio Grande do Sul e Estadual do Rio Grande do Sul,CNPq e Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente.

O primeiro dia foi de intensa movimentação por apresentar uma programação, dividida em apresentação de trabalhos orais, ministração de oficinas, apresentações artísticas e realização de palestras, que compuseram mesas redondas temáticas. A palestra sobre a Rota nos Butiazais sob o aspecto dos três países envolvidos - Brasil, Argentina e Uruguai - foi destacada pela amostragem de um panorama de como o butiá tem se expandido nestas nações, desde a organização e atuação da Rota dos Butiazais.

Segundo a pesquisadora Rosa Lia Barbieri, da Embrapa Clima Temperado, nos últimos três meses deste ano, a Rota vem crescendo em representatividade de municípios do sul do Brasil, como o caso de Alegrete, que faz parte atualmente da rede organizada. "Conseguimos identificar que há 21 espécies de butiás no Cone Sul que estão ameaçados de extinção. Isto indica o quanto temos de trabalho à frente, mas também podemos ver o quanto a Rota cresceu em participação nestes dois últimos anos", avaliou Barbieri.

O biólogo Aristobulo Maranta, do Parque Nacional El Palmar, Argentina, confirmou que em seu país o forte da cultura está na conservação, mas que não há uma grande motivação para seu uso. "As pessoas não apreciam os frutos. Falta esta cultura de uso. Por isso, também não os conhecem", diz Maranta. Conforme ele, o grande esforço do seu país está na formação de empreendimentos que estão integrando o butiá no uso alimentar, através da elaboração de produtos, como os tradicionais alfajores argentinos com a inclusão de sabor de butiá, além de pratos especiais da cozinha argentina.

Para a professora Mercedes Rivas, da Universidade da República do Uruguai, no Departamento de Rocha, o butiá é bem utilizado, tendo uma maior expansão no estabelecimento de rotas turísticas e na associação de redes organizadas.

Oficinas
As oficinas que ocorreram durante o II Encontro Internacional da Rota dos Butiazais  deram destaque para os artefatos artesanais que podem ser desenvolvidos a partir do reaproveitamento das folhas, sementes e fibra do fruto do butiazeiro. Ao todo, mais de 20 pessoas realizaram as práticas da Oficina Anjos com Folhas de Butiás e  Oficina de Arte com fibras dos frutos, entre elas, participantes vindos da Argentina e Uruguai.

Uma das oficinas proporcionou a confecção de ícones angélicos, por meio do método de trançar as folhas da árvore. Segundo a participante Márcia Souza, o aprendizado é interessante pois propicia o conhecimento da matéria que geralmente não é utilizada e também favorece o trabalho em grupo. “Trabalhamos com a palmeira do butiá e quando vemos o nosso trabalho e o das colegas tomando forma acabamos sendo tomadas por um entusiasmo coletivo. E uma vai incentivando a outra”, concluiu Souza.

A outra oficina, ministrada pelo músico Marco Gottinari, desenvolveu máscaras moldadas à mão pelos participantes, a partir da mistura da fibra do fruto do butiá, ramos de marcela e água, sobre a casca que envolve o butiazeiro. O oficineiro destacou a importância desta aprendizagem que desenvolve a criatividade e também favorece o produtor rural. “ Eu sou parceiro disso porque é mais um modo de auxiliar o agricultor a utilizar a planta como uma maneira de renda, fugindo do ramo alimentício e incentivando a arte em todas as suas expressões. A fibra do fruto é um produto de alta qualidade e de maneira alguma deveria ser descartada”, afirmou Gottinari.

A oficina Empreendedorismo para Começar Bem, ministrada por Patrícia Vargas do SEBRAE/RS teve como objetivo, principalmente, identificar características e reforçar conceitos empreendedores, tanto para empresários como para quem possui o sonho de iniciar um negócio. Patrícia Vargas reforçou que o autoconhecimento é uma das chaves do empreendedorismo.

Sustentabilidade, preservação e cuidado foram palavras de destaque para os participantes envolvidos com o empreendedorismo de butiá. Para a participante, a professora Patrícia Vellela, discutir quais as características necessárias para iniciar um negócio"é interessante para quem busca empreender e deseja informações sobre como iniciar".

"Este evento é uma forma da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) divulgar como o pequeno produtor pode se cadastrar como propriedade certificada para o extrativismo do butiá, por exemplo", disse o analista Silvano Martens, da SEMA. Ele explicou que o cadastramento, gratuito e simples, é uma forma de segurança jurídica que o pequeno agricultor é detentor. "Nós estamos à disposição dos pequenos agricultores para ajudá-los no cadastramento para que eles futuramente não enfrentem penalidades e sanções, caso sejam fiscalizados", esclareceu Martens. Todas as frutas nativas no RS dependem de autorização da SEMA para serem extraídas.

O primeiro dia de evento houve uma participação de cerca de 150 pessoas. A abertura oficial do evento contou com a participação dos prefeitos do município de Tapes, Silvio Rafaeli; do município de Giruá, Ruben Weimer, do chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon; da Diretora de Gestão de Programas de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração, Aline Fagundes; da professora e pesquisadora da Universidade da República do Uruguai, Mercedes Rivas; do biólogo do Parque Nacional El Palmar, da Argentina, Aristóbulo Maranta e da pesquisadora e coordenadora do evento da Embrapa Clima Temperado, Rosa Lia Barbieri.  

Cristiane Betemps com colaboração de Nágila Rodrigues e Thaís Boa Nova (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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