31/08/18 |   Transferência de Tecnologia

Profissionais participam de curso sobre certificação fitossanitária

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Foto: Diva Gonçalves

Diva Gonçalves - Participantes do curso em aula de campo com a pesquisadora da Embrapa Acre Sônia Nogueira

Participantes do curso em aula de campo com a pesquisadora da Embrapa Acre Sônia Nogueira

Engenheiros agrônomos lotados em instituições públicas, empresas privadas ligadas à área de produção vegetal e autônomos regularizados no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) participaram de curso de habilitação para emissão de Certificação Fitossanitária de Origem (CFO) e Certificação Sanitária de Origem Consolidada (CFOC), entre os dias 27 e 29 de agosto. A capacitação de 20 horas, realizada pelo governo do Acre, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Embrapa, faz parte das ações para implantação do Sistema de Mitigação de Risco de doenças da bananeira no Acre.

O curso preparou 30 profissionais para o processo de certificação fitossanitária (de Origem e Consolidada) de áreas de produção de banana com foco na Sigatoka-negra (Mycosphaerella fijiensis), principal doença da cultura no Acre, e Moko da Bananeira (Ralstonia solanacearum raça 2), doença quarentenária ausente no estado, que vem sendo monitorada por órgãos da defesa vegetal desde 2014, com a finalidade de declarar o Acre como área livre da enfermidade. Além de aulas teóricas ministradas no auditório do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), os alunos contaram com atividades práticas no campo experimental da Embrapa Acre.

Especialistas do Mapa de Mato Grosso (MT) e da Embrapa Acre abordaram aspectos legais para a certificação fitossanitária, normas internacionais para proteção de vegetais e aplicação de medidas fitossanitárias, classificação de pragas e doenças, medidas de monitoramento nos cultivos, plantas hospedeiras, métodos de identificação, prevenção e controle, além de procedimentos de funcionamento do Sistema de Mitigação de Risco de Praga (SMRP) e Análise de Risco de Praga (ARP) entre outros conteúdos. “Esses conhecimentos são essenciais no processo de certificação, especialmente em relação às metodologias de diagnose dessas doenças, incluindo o reconhecimento de sintomas e uso de protocolos para coleta, acondicionamento e transporte de amostras para análise em laboratório”, diz a pesquisadora da Embrapa Acre, Sônia Nogueira, instrutora da capacitação.

O engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Produção Familiar (Seaprof), Diogo de Lima Sobreira, destaca como um dos pontos cruciais do aprendizado as abordagens sobre a legislação. “A avaliação das áreas de produção requer, além de competência técnica, o cumprimento de procedimentos legais. Estamos sendo habilitados para colocar isso em prática e dessa combinação que dependerá a prestação de um serviço qualificado, com reflexos positivos na produção no campo”.

Controle sanitário da produção

De acordo com a legislação, o credenciamento profissional tem validade por cinco anos, podendo ser prorrogado por igual período. Segundo Joelma Paes, gerente do Departamento de Defesa Vegetal do Idaf e coordenadora do curso, os profissionais habilitados vão atuar como responsáveis técnicos de áreas produtoras de banana em Acrelândia e outros municípios onde a cultura é tradicional. O trabalho inclui o cadastramento de propriedades rurais como Unidades de Produção, junto ao órgão, o monitoramento da banana produzida e emissão dos certificados fitossanitários, além do acompanhamento sistemático das medidas de controle recomendadas para implantação do Sistema de Mitigação de Risco da Sigatoka-negra e Moko da bananeira.

“A certificação fitossanitária de origem é uma forma garantir que produtos vegetais saiam do local de origem livres com o devido controle sanitário. Além de assegurar o uso de procedimentos adequados na lavoura e na etapa de pós-colheita, essa exigência possibilitará a rastreabilidade da produção e reduzirá riscos de contaminação, evitando a disseminação dessas doenças para áreas livres”, afirma a gerente.

Sistema de Mitigação de Risco

A Sigatoka-negra é uma doença fúngica que causa lesões nas folhas da bananeira, reduzindo a capacidade produtiva da planta, e prejudica a qualidade dos frutos. O Sistema de Mitigação de Risco preconiza um conjunto de medidas para minimizar os riscos da doença, com o objetivo de reduzir o impacto nas lavouras de banana e possibilitar a produção. Os Certificados Fitossanitários (de Origem e Consolidado) são necessários para atestar a sanidade da produção vegetal, dentro de um mesmo estado e para viabilizar a permissão para trânsito dos produtos. Esses documentos têm validade por 30 dias e para a sua renovação o produtor de banana deve estar atento ao cumprimento de recomendações do Mapa.

Entre essas exigências estão o controle químico da Sigatoka-nega nos cultivos, adoção de práticas adequadas de manejo da cultura e procedimentos fitossanitários pós-colheita. Além disso, o produtor deverá contar com um profissional técnico capacitado para acompanhar essas práticas na propriedade. Outro requisito para implantar o Sistema de Mitigação de Risco da Sigatoka-negra é dispor de casa de embalagem na área de produção.

Segundo o coordenador de Educação Sanitária Vegetal do Idaf, Samuel Almeida da Luz, a estrutura será implantada em Acrelândia e possibilitará a realização de cuidados pós-colheita da produção como o despencamento e tratamento dos frutos e acondicionamento em caixas plásticas higienizáveis para transporte nas condições adequadas. “Esse sistema deve ser implantado pelos produtores, mediante a adoção das práticas recomendadas e devidamente acompanhadas. A previsão é que até meados de 2019 o processo esteja operante nas áreas de produção”, explica.

Novos mercados

Um dos principais entraves da cadeia produtiva da banana no Acre é a impossibilidade de comercializar a produção com outros estados, devido à ocorrência da Sigatoka-negra. “Essa limitação comercial interfere no preço do produto e impede o desenvolvimento da cultura. O Sistema de Mitigação de Risco vai contribuir para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade da produção, proporcionar preços mais competitivos e abrir novos mercados para a banana acreana”, ressalta a pesquisadora Sônia Nogueira.

Na opinião do engenheiro Agrônomo autônomo Marcos Alberto Assis, morador de Acrelândia e participante do curso, essa expansão das relações comerciais, a partir da implantação do sistema, beneficia toda a cadeia produtiva, mas principalmente o agricultor. “Além de proporcionar mais renda, vai contribuir para a permanência das famílias rurais no campo e manutenção na cultura. Além disso, beneficiará o consumidor com maior oferta de banana e frutos de qualidade, e o meio ambiente, com redução da pressão por desmatamento, em função de maior eficiência produtiva das áreas de cultivo”.

 

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa acre

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