Mudanças climáticas dão o tom para pesquisas com eucalipto
Mudanças climáticas dão o tom para pesquisas com eucalipto
Foto: Acervo/José Ricardo Pezzopane
José Ricardo Pezzopane apresenta seu trabalho no congresso da França
Os efeitos para a agricultura mundial em função das mudanças climáticas estão deixando em alerta os cientistas que pesquisam a cultura do eucalipto. Em congresso realizado de 17 a 21 de setembro em Montpellier, na França, essa preocupação foi exposta em trabalhos que buscam alternativas para minimizar riscos à cultura. O pesquisador José Ricardo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), esteve no Eucalyptus 2018 e relata suas percepções.
O congresso mundial foi promovido pelo instituto francês de pesquisa Cirad. O tema foi a gestão de plantação de eucalipto sob mudanças globais. Pezzopane disse que o evento foi dividido em três áreas: o papel do eucalipto como serviços ecossistêmicos, os efeitos de estresse abiótico (relacionado à seca) e os efeitos do estresse biótico (relacionado a pragas e doenças) sobre a cultura do eucalipto.
Pesquisadores de várias partes do mundo estão estudando a vulnerabilidade de plantas sob os efeitos de mudanças climáticas. “O eucalipto corre riscos? Para escolher as espécies que serão utilizadas em sistemas integrados precisamos estar atentos às espécies mais tolerantes aos estresses bióticos e abióticos. Ele parece uma planta forte e resistente, mas têm ocorrido casos de perda de produção em situações de eventos extremos”, afirmou.
A partir dessa participação no congresso, o pesquisador disse que pretende procurar o IPEF (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba (SP), para conhecer estudos sobre seleção de materiais mais tolerantes.
Equação
Pezzopane apresentou um trabalho sobre o potencial do eucalipto nos sistemas integrados (silvipastoris) como forma de sequestrar carbono da atmosfera. Ele mostrou que, para calcular o sequestro de carbono pelas plantas, é preciso estimar a produção desta planta. “Quando fizemos um desbaste na área de sistema integrado da Embrapa Pecuária Sudeste, geramos uma equação alométrica que estima essa produção em sistemas silvipastoris”, disse.
Explicando: de forma indireta, medindo-se com trena a altura da árvore e o diâmetro do tronco a uma altura de 1,30 metro, a pesquisa consegue estimar a produção daquela árvore. Com esse cálculo, é possível estimar também o teor de carbono que está sendo sequestrado (retirado da atmosfera). Já existem pesquisadores da Embrapa buscando automatizar esse processo, utilizando imagens como forma de estimativa.
Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste
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