Pesquisas com mandiocas biofortificadas chegam ao Acre
Pesquisas com mandiocas biofortificadas chegam ao Acre
A mandioca é a cultura de maior expressividade agrícola no Acre, importante fator de geração de trabalho e renda no campo e fonte de alimento para a população. Presente em todos os municípios do estado, a mandioca faz parte da cultura alimentar do acreano que consome as raízes tanto em forma de farinha, quanto in natura. Para tornar este alimento mais nutritivo, há vários anos a Embrapa desenvolve pesquisas de melhoramento genético por meio da biofortificação. No Acre, diversas variedades de mandioca biofortificadas, destinadas ao consumo in natura, são estudadas para recomendação de plantio e cultivo nas condições de clima e solo do estado.
A biofortificação é uma técnica de melhoramento genético natural, que possibilita elevar o teor de micronutrientes dos alimentos como pró-vitamina A, ferro e zinco, melhorando sua qualidade nutricional. As variedades de mandioca em fase de análise foram desenvolvidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas/BA), por meio do Programa de Melhoramento de Mandioca para Biofortificação, e vem sendo disseminadas nos diversos estados, para obtenção de plantas adaptadas a cada região.
O uso da técnica pela pesquisa brasileira já possibilitou o lançamento de um leque de produtos biofortificados (arroz, feijão, milho, mandioca, batata-doce e trigo). O trabalho, realizado por meio da Rede BioFort, coordenado pela Embrapa, tem a participação de universidades, centros de pesquisa nacionais e internacionais, associações de produtores e organizações governamentais e não-governamentais e vem sendo disseminado nas diversas regiões. O principal objetivo é aumentar os teores de vitaminas e nutrientes em alimentos tradicionalmente consumidos por populações carentes e contribuir para a segurança alimentar no país.
Pesquisas comprovam que os alimentos biofortificados são uma alternativa eficiente no combate à fome oculta, problema que afeta mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. De acordo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 48% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% tem deficiência de vitamina A. No Brasil, 55% das crianças nessa mesma faixa etária apresentam carência de ferro e 13% tem níveis de vitamina A abaixo do que se recomenda.
Produto diferenciado
No Acre, as pesquisas iniciaram em 2013, com o projeto "Melhoramento genético de mandioca: ações integradas para o desenvolvimento de novas cultivares para alimentação e uso industrial", desenvolvido em rede, em parceria com diversas Unidades da Embrapa e outras instituições. De acordo com a pesquisadora Patrícia Flores, a introdução de variedades de mandioca mais nutritivas no mercado acreano é interessante tanto do ponto de vista social, por incrementar o suprimento das necessidades nutricionais da população, quanto econômico, pelo baixo custo de produção, uma vez que essa cultura é praticada principalmente por agricultores familiares.
Além de permitir a diversificação alimentar, com a oferta de um produto de qualidade diferenciada, o enriquecimento nutricional por biofortificação agrega maior competitividade comercial à mandioca de mesa. "Essas variedades possuem elevadas concentrações de betacaroteno, precursor da vitamina A, e licopeno, substâncias que previnem doenças e têm ação antioxidante no organismo. Os teores de betacaroteno nas raízes variam de 4 a 8,7 microgramas por grama, superiores aqueles observados nas variedades comuns, entre 4 e 5 microgramas por grama. Esse é um grande diferencial porque apesar de rica em carboidratos a mandioca é pobre em proteínas e vitaminas", afirma a pesquisadora.
O mercado brasileiro já conta com mandiocas biofortificadas tanto para a produção de farinha como para o consumo in natura. Segundo Patrícia Flores, as variedades para mesa perdem menos nutrientes no cozimento do que as indicadas para a fabricação de farinha. No processo de transformação para farinha, boa parte dos nutrientes vai embora com a água resultante da prensagem da massa e durante o tempo de armazenamento do produto. As raízes cozidas apresentam valores de retenção de caroteno entre 79% e 82%, resultando em um alimento mais rico em vitaminas.
Mandiocas para o Acre
Há mais de três décadas a Embrapa desenvolve pesquisas com mandioca no Acre, avaliando cultivares locais e testando materiais promissores coletados em outras regiões. Como resultado, foram recomendadas para cultivo no estado duas variedades para produção de farinha e duas para consumo in natura (mesa). Com a nova pesquisa o estado contará com mandiocas mais nutritivas, a exemplo de outras localidades, como Bahia, Sergipe, Maranhão e Piauí, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que já cultivam alimentos biofortificados.
Nos estados amazônicos, a mandioca amarela é muito valorizada no mercado e bastante consumida de forma in natura. Patrícia Flores explica que a intensidade da coloração das raízes favorece os trabalhos de biofortificação, uma vez que essa característica está relacionada com os teores de betacaroteno presentes nos alimentos. "A possibilidade de agregar qualidades nutricionais a essas variedades torna a mandioca um produto ainda mais atrativo para o consumidor".
As pesquisas com mandiocas biofortificadas envolvem testes de produtividade, produção de matéria seca e amido, testes de presença de carotenoides (betacaroteno), tempo de cozimento e avaliações de características industriais, em diferentes épocas de plantio (6, 8, 10 e 12 meses). A previsão é que em 2017 essas variedades estejam disponíveis para produtores dos diversos municípios acreanos.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre
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