24/07/15 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Seminário sobre pesticidas discute métodos de avaliação de risco e de efeitos associados a misturas de contaminantes ambientais

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Foto: Divulgação.

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Com o objetivo principal de promover discussão acerca das características das atividades agrícolas, que cada vez mais requerem aplicação massiva de agrotóxicos como forma de proteção contra pragas, e com isso, garantir uma produção de alimentos em quantidade suficiente, a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) realizou dia 21 de julho o Seminário sobre Pesticidas: avaliação de risco, misturas ambientais e ecotoxicologia.

O palestrante António José Arsénia Nogueira é doutor em Aquacultura pela University of Stirling (Escócia, 1996) e Agregação em Biologia pela Universidade de Aveiro, Portugal (2005). Nogueira possui extenso trabalho fundamentado na área de ecotoxicologia e, durante a palestra explicou que busca complementar uma articulação entre a análise de dados, a modelação e a ecotoxicologia, aspectos que são intrínsecos ao seu trabalho, tanto no plano das pesquisas quanto no plano acadêmico.

Por dez anos estudou a situação das práticas agrícolas no sudoeste asiático (Tailândia e Sri Lanka), e a relação dos agricultores destes países com a utilização de agrotóxicos. Como parte do seu trabalho busca, através de modelos numéricos específicos, avaliar o risco ecológico de agrotóxicos e os impactos resultantes da interação química de misturas de diferentes agroquímicos no ambiente.

Nos países tropicais, como é o caso do Brasil e do sudoeste asiático, as altas temperaturas promovem o surgimento de pragas (insetos, fungos e infestantes) suscetíveis de comprometerem o sucesso das plantações de cana-de-açúcar, o arroz, os vegetais e produtos da fruticultura. Nogueira explicou que o modelo de avaliação por ele desenvolvido visa avaliar e prever os efeitos de estressores ambientais (e.g. pesticidas) sob uma perspectiva holística, ou seja, o modo como a ação combinada destes estressores, em mistura, pode ser utilizada para avaliar de eventuais interações entre eles em testes ecotoxicológicos, independentemente dos efeitos que possam ter sobre os parâmetros estudados (mesmo que o efeito observado seja  inibição ou indução), em concentrações ambientais mais baixas e no contexto de uma avaliação de riscos ambientais.

O seminário aprimorou o entendimento de como a avaliação de risco dos agrotóxicos mais utilizados nas diferentes culturas permitirá identificar quais os pesticidas suscetíveis de apresentarem riscos ambientais e aqueles que possam ocorrer em concentrações em que, isoladamente, não apresentem riscos ambientais.

Segundo o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e organizador do evento,  Lourival Paraíba o seminário se traduziu em uma oportunidade ímpar para a troca de experiência acerca da ecotoxicologia quantitativa, um tema de pesquisa de importância fundamental para o conhecimento das relações entre a agricultura e o meio onde ela é realizada, o meio ambiente.

Abordagem diferenciada
O modelo de avaliação dos efeitos agrotoxicológicos apresentado durante o seminário, segundo António Nogueira, difere dos modelos de avaliação de efeitos de misturas que atualmente existem. Segundo ele, pela primeira vez, existe uma abordagem que não se limita apenas à análise de efeitos negativos ou de inibição resultantes da exposição a contaminantes (caso da sobrevivência, crescimento e reprodução), mas também de efeitos positivos, ainda que nefastos para os organismos, como é o caso de ativação de mecanismos bioquímicos de destoxificação que são induzidos pela presença de contaminantes. O modelo desenvolvido busca a melhor forma de se mensurar esta dinâmica respeitando a cinética destes processos nos organismos expostos aos contaminantes.


 

Marcos Alexandre Vicente (MTbE 19.027 MG)
Embrapa Meio Ambiente

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