Biografia lançada nesta terça-feira retrata a história da cientista Johanna Döbereiner
Biografia lançada nesta terça-feira retrata a história da cientista Johanna Döbereiner
A fotobiografia Hanne. Johanna Döbereiner, uma vida dedicada à ciência, escrita pela jornalista Kristina Michahelles, foi lançada na terça-feira, dia 23, na Embrapa Agrobiologia, em Seropédica (RJ), com a presença de colegas de trabalho da cientista, amigos, familiares e ex-chefes-gerais da Unidade. Com 104 páginas, a obra contou com a preciosa ajuda do recém-falecido marido de Johanna, o pesquisador Jürgen Döbereiner, que, segundo a escritora, foi o grande responsável por colocar em prática a ideia de registrar suas memórias. “Devemos este livro unicamente a ele. Esta é uma grande declaração de amor dele para Johanna”, contou Kristina.
Lançado em edição independente, após uma iniciativa de fund raising do próprio Jürgen para captar recursos, o texto revela boa parte da vida da pesquisadora da Embrapa que chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel em 1997. Antes de chegar ao Brasil, aos 25 anos, Johanna Döbereiner, nascida na antiga Tchecoslováquia, passou pelas agruras da guerra, perdeu a mãe, trabalhou na lavoura e mudou de país. Aqui se naturalizou e construiu uma carreira ímpar. Cientista brasileira mais citada no mundo, assinou mais de 500 trabalhos sobre bactérias fixadoras de nitrogênio no solo. Reconhecida internacionalmente, deixou um grande legado para toda uma geração de pesquisadores, que ainda hoje dão continuidade a seus estudos.
“Logo que Jürgen me procurou, eu pensei: ‘Como vou fazer uma biografia que retrate a Johanna para seus amigos e também para um público que não a conhecia? Como falar sobre uma pessoa que viveu 50 anos na periferia do Rio de Janeiro, o que vou escrever?’”, contou a autora. “Eu tinha entrevistado a Johanna algumas vezes para o caderno de ecologia do extinto Jornal do Brasil e comecei a ler mais e mais sobre ela e vi que, sim, o material que tinha em mãos era bastante interessante”, complementou.
Na cerimônia, colegas de trabalho e amigos falaram sobre a grande mulher que foi a pesquisadora. Sua filha, Maria Luísa Döbereiner – Marlis –, esteve presente e agradeceu pela acolhida: “Sinto uma grande honra por estar aqui no lançamento do livro, que ficou maravilhoso. E agradeço todos que estão aqui e que ajudaram papai até o final.”
O engenheiro agrônomo Avílio Franco, que foi chefe da Unidade em 1993, substituindo a própria Johanna, foi quem escreveu o prefácio do livro. “É muito fácil falar de Johanna. Fui quase um filho dela, convivemos por mais de 30 anos e foi a liderança dela que construiu este centro, cujos pesquisadores até hoje lutam para manter a bandeira da sustentabilidade”, afirmou. O também engenheiro agrônomo Helvécio De-Polli, chefe-geral da Embrapa Agrobiologia de 1993 a 1996, acrescentou: “Mesmo hoje a gente vê o quão moderna ela ainda é. Ela fazia a boa política e fez o centro prosperar.”
A bióloga Cristina Neves, que esteve à frente da chefia-geral da UD de 1996 a 2003, lembrou como ela conheceu a pesquisadora. “Eu era estudante, vim aqui para tentar trabalhar com ela e a primeira coisa que ela me perguntou foi se eu já havia passado em Química, ao que eu respondi que sim. ‘Então volta amanhã’, ela disse. E eu não parei de voltar. E ainda bem que eu vim, porque ela foi meu norte, foi tudo para mim. Olho para trás e vejo que fui uma pessoa muito feliz neste prédio”, relatou.
O cientista Ivo Baldani, que ocupou o cargo de chefe-geral de 2003 a 2008, também destacou o papel fundamental da pesquisadora para sua evolução profissional. “Cresci na ciência por causa dela. Era uma pessoa muito humana e que deixou uma trajetória linda para todos nós”, disse. Sua esposa, a pesquisadora Vera Baldani, foi uma grande amiga de Johanna e também não poupou elogios: “Johanna foi o marco da minha vida. Minha relação com ela foi diferente de tudo. Aprendi ciência, aprendi a vida, aprendi a cuidar de filho, aprendi a ser livre. Convivi com ela mais do que com minha própria mãe. Esse casal foi muito importante para minha vida.”
O chefe atual da Unidade, Gustavo Xavier, agradeceu pela presença de todos e parabenizou a equipe pelo resultado da obra. “Este é um momento emocionante, e só posso dizer que a Kristina conseguiu retratar muito bem a história de vida da Johanna no livro”, afirmou.
Sobre a autora e o projeto gráfico
Kristina Michahelles é jornalista, tradutora e roteirista. Foi editora do Caderno Ecologia do Jornal do Brasil na época da Rio-92 e manteve uma coluna sobre meio ambiente no mesmo jornal durante alguns anos. Foi também correspondente em Berlim durante a unificação da Alemanha.
A designer Ruth Freihof é uma militante apaixonada da causa ambiental. Com rara sensibilidade, soube captar em seu projeto gráfico todo o envolvimento afetivo de Jürgen Döbereiner, que, com sua prodigiosa memória, reconstituiu a vida de sua mulher e deixou um presente importante para novas levas de agrônomos antes de falecer na semana passada.
A obra sobre a vida de Johanna deve ser protagonista de outros eventos no Estado do Rio de Janeiro. “Queremos fazer pequenos ‘lançamentos’, para multiplicar a história e não apenas deixá-la em uma livraria para curiosos. Queremos fazer Johanna reviver, não só como cientista, mas também em uma outra dimensão, como pessoa, como grande mãe que foi não apenas para seus filhos, mas também para seus colegas e amigos”, finalizou Kristina.
O livro pode ser adquirido através do e-mail jurgen.dobereiner@pvb.com.br ou danielubiali@hotmail.com.
Liliane Bello (MTb 01799/GO)
Embrapa Agrobiologia
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