Um grupo de 95 alunos dos cursos técnicos em Agricultura e Florestas do Instituto Federal do Acre (Ifac), campus de Tarauacá, visitou a Embrapa Acre, na terça-feira (23). A atividade faz parte da agenda técnica realizada com instituições de pesquisa em Rio Branco, e integra a programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece anualmente, nos diversos estados, durante todo o mês de outubro. A programação contou com apresentação sobre o trabalho da Unidade em diversas áreas (sistemas agrícolas integrados, fruticultura, pecuária e floresta), e sobre o tema “Manejo florestal e geotecnologias”, realizadas pelo analista Daniel Papa, coordenador da visita. Os estudantes também participaram de palestra sobre o uso de drone no monitoramento da atividade madeireira, com o analista do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Renato Mesquita. Papa explica que por se tratar de um público jovem, em formação no ensino médio, as palestras buscaram compartilhar conhecimentos a partir de abordagens mais simples e participativas. “As geotecnologias, especialmente os drones, ainda são novidade para boa parte da população, mas tendem a se popularizar e, em alguns anos, muitos desses alunos poderão utilizar essas ferramentas na atuação profissional, seja na atividade florestal ou agrícola. Além da importância de deter conhecimentos sobre essas tecnologias, procuramos enfatizar a necessidade de estar atento ao mercado de trabalho, no decorrer do curso técnico e, a partir das tendências observadas e de afinidades pessoais, direcionar os estudos para áreas potenciais e de interesse”, afirma. Ainda pela manhã, os alunos conheceram o laboratório de Fitopatologia, em visita guiada pelo analista Paulo Macedo, responsável pelo setor de laboratórios da Unidade, que falou sobre os objetivos das pesquisas na área, estrutura física, equipamentos e rotinas laboratoriais. Ao final das atividades matutinas, os visitantes receberam publicações da Empresa sobre temáticas distintas. Na parte da tarde, o grupo conheceu o viveiro de mudas e o jardim clonal de seringueira da Unidade. O assistente Rubens Mamédio conversou com os alunos sobre as atividades realizadas, as possibilidades de atuação e a rotina de trabalho de profissionais contratados como técnico na Embrapa. Na sequência, explicou sobre etapas da produção de mudas, a dinâmica de trabalho no viveiro. Escola e universo científico A visita curricular do Ifac/Campus de Tarauacá à Embrapa Acre teve início em 2017. Este ano os alunos vieram a Rio Branco acompanhados de cinco professores e nos dias 24 e 25 cumpriram agenda também em outras instituições como o Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre e Viveiro da Floresta. De acordo com o professor João Ricardo Leão, além do caráter técnico, a visita é uma experiência de vida e representa a primeira oportunidade de contato com pesquisadores e ambientes laboratoriais para boa parte dos alunos. “Por morar ou já terem vivido no meio rural, muitos desses estudantes guardam uma vivência muito forte com a natureza e, no ambiente escolar, podem relacionar o saber tradicional com as disciplinas técnicas. Conhecer a Embrapa representa o fechamento desse ciclo de conhecimento e esse contato com o contexto científico pode influenciar futuras escolhas”, ressalta o docente. A estudante Elônia Teixeira da Silva, aluna do terceiro ano do curso técnico em agricultura, mora em um Polo Agroflorestal localizado na BR-364, há 11 quilômetros de Tarauacá, e pretende cursar a faculdade de agronomia. Ela acredita que saber mais sobre as pesquisas realizadas no Estado é importante para perceber o vínculo entre o currículo escolar e as tendências científicas. “Essa aproximação com instituições de pesquisa, especialmente em relação à dinâmica do trabalho em laboratório, me deu a certeza que quero estudar mais e permanecer na área agrícola”, diz. Para Bruno Pereira Garcia, concludente do curso técnico em Floresta, o que mais chamou a atenção na visita foram as pesquisas voltadas para o controle de doenças de plantas e as ações de intercâmbio com instituições de outros países. “Isso mostra que teremos muitas possibilidades de atuação, mas ainda não sei exatamente o que vou fazer na graduação. A visita foi um estímulo para mim e quando concluir a formação técnica, se surgir uma oportunidade de trabalho talvez permaneça na área”, afirma o aluno. Segundo o professor Denis Borges, por cursarem o ensino médio curricular integrado ao curso de formação técnica, esses alunos têm a prática da experimentação científica mais aflorada do que estudantes de outras escolas. Entretanto, mesmo com inúmeras estratégias de ensino, no campo da educação a Ciência tem suas limitações. “Além disso, muitos desses jovens moram em comunidades rurais e nunca vieram a Rio Branco. O contato com a pesquisa prática estimula a curiosidade e as atividades extraclasses ajudam os alunos a perceber que existe um vasto campo de atuação profissional. Além de viabilizar formação técnica, faz parte da missão das instituições de ensino contribuir com condições que possibilitem aos alunos ampliar a visão de mundo”, destaca.