Embrapa abre estação de piscicultura para cursos com a comunidade em Belém
Embrapa abre estação de piscicultura para cursos com a comunidade em Belém
Do prato a confecção de biojóias. Quando se fala em peixe são inúmeras as possibilidades de renda, segurança alimentar e ganhos para qualidade de vida com esse animal. Toda essa versatilidade foi o tema do curso “A importância do pescado – uma alternativa de renda para o público urbano”, realizado nesta quinta-feira (22) e que também marcou a apresentação da revitalização da Estação Experimental de Piscicultura da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém.
A estação está localizada no Parque Estadual do Utinga, uma Unidade de Conservação Estadual com mais de mil hectares e que abriga os principais mananciais que fornecem água à capital paraense. Cerca de 20 pessoas, moradoras das comunidades ribeirinhas no entorno do parque, foram os alunos convidados desta primeira formação.
O curso, uma sensibilização para as diversas possibilidades com o peixe e a aquicultura, teve duração de um dia inteiro, e abordou desde os aspectos nutricionais do animal, passando pela apresentação de vários tipos de sistemas de criação, como também teoria e prática de beneficiamento, a exemplo da filetagem e preparação de nuguets. A confecção de biojóias e bolsas a partir do aproveitamento de escamas de peles também foi tema do curso.
Os módulos foram ministrados pelos pesquisadores da Embrapa Rosenaly Corrêa, com o tema “Porque criar peixes”, e Heitor Martins, apresentando os sistemas experimentais de criação de peixes de água doce instalados na estação. Participaram professoras convidadas da Ufra e IFPA. Viviana Lisboa (Ufra) trouxe ao debate os benefícios do peixe na alimentação. Já Jaqueline Abrunhosa, também da Ufra, teoria e prática do processamento derivado do pescado.
Jaqueline integra o projeto Pescarte e mostrou que é possível gerar renda aproveitando o que quase sempre vai para o lixo, as escamas e pele do animal. Ela explicou que por meio do Pescarte são realizadas oficinas nas quais se ensinam como agregar valor a esses produtos, produzindo bolsas, sapatos, bijuterias por meio do couro e escamas do peixe.
As técnicas de beneficiamento com teoria e prática de filetagem e produção de derivados como muguets, foram demonstrados pela professora do IFPA, Rayette Silva.
Ao final, os comunitários puderam fazer uma visita monitorada à estação experimental e conhecer a estrutura e o funcionamento dos sistemas criação desenvolvidos no local.
Embrapa mais perto da comunidade
O curso é fruto de parceria entre a Embrapa por meio da Estação de Piscicultura e o Núcleo de Responsabilidade Ambiental (Nures), Ufra, IFPA e Batalhão da Polícia Ambiental (BPA), tendo como público-alvo moradores de comunidades ribeirinhas localizadas no entorno do parque.
O sargento Ivon Nunes, do BPA, explicou que uma das funções da polícia ambiental é a fiscalização de infrações cometidas na Unidade de Conservação, como a pesca ilegal. Por meio de ações como o curso é possível fortalecer a relação com as comunidades do entorno e atuar além da repressão, mas com ações que possam aproximar e ainda oferecer possibilidades de formação para a geração de renda dessas pessoas.
Atenta a todas as palestras e demonstrações, estava a ribeirinha Suziane Nascimento, de 28 anos. Casada com um pescador e moradora da comunidade Nossa Senhora dos Navegantes, Suziane comentou que a família tira o sustento e o alimento do rio e disse que com o curso ela percebeu que pode melhorar a renda da família e quer trazer o marido para conhecer melhor os sistemas de criação da Embrapa e quem sabe, incrementar a renda da família.
Capacitações a diversos públicos
Por meio da revitalização da Estação Experimental de Piscicultura a Embrapa conta agora mais uma opção de estrutura para a realização de cursos e treinamentos em aquicultura. Para o chefe adjunto de transferência e tecnologia, Bruno Giovany de Maria, é mais uma oportunidade de oferecer à sociedade as tecnologias geradas pela Embrapa para fortalecer uma cadeia ainda insipiente no estado, que é a criação de peixes. Ele explicou que o centro de pesquisa prevê a continuação de cursos para a comunidade, envolvendo os moradores do entorno, mas também a qualificação técnica para criadores profissionais de peixes.
Kélem Cabral (MTb 1981/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
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