26/11/18 |   Transferência de Tecnologia

Embrapa é protagonista da programação técnica da Fiman

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Foto: Alessandra Vale

Alessandra Vale -

A II Feira Internacional da Mandioca (Fiman), que aconteceu de 20 a 22 de novembro, em Paranavaí (PR), e reuniu representantes de toda a cadeia produtiva e de consumo, contou com a participação de equipe formada por 13 profissionais das áreas de pesquisa e desenvolvimento, transferência de tecnologia, ações estratégicas e comunicação da Embrapa Mandioca e Fruticultura — Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O grupo se dividiu em diversas atividades: palestras, dia de campo, oficina, exposição de tecnologias no estande e até um hackathon, maratona de tecnologia da informação, que reuniu alunos de três instituições para discutir e propor soluções para problemas da cadeia produtiva da mandioca.

Mais de 5,5 mil pessoas, incluindo delegações de 33 países, visitaram a Fiman 2018, entre industriais, produtores, fornecedores, consumidores e varejistas, com a geração de aproximadamente R$ 100 milhões em negócios, segundo a comissão organizadora. A solenidade de abertura contou com a presença da governadora do Paraná, Cida Borghetti, que destacou o papel da Embrapa. “É uma empresa genuinamente brasileira, responsável, e que tem sido a grande alavanca no apoio ao desenvolvimento do setor produtivo, do agronegócio, do Paraná e do Brasil. Forma com o Iapar [Instituto Agronômico do Paraná] uma parceria muito importante na pesquisa, na inovação, na busca por tecnologias”, salientou a governadora.

O chefe-geral Alberto Vilarinhos afirmou que a Fiman é uma excelente oportunidade para a Empresa mostrar o que vem realizando na região, onde a Embrapa Mandioca e Fruticultura conta com um campo avançado (CA), sediado na Embrapa Soja (Londrina, PR). “Essa feira representa em três dias o que a gente enxerga andando aqui pelo polo de produção de mandioca no Centro-Sul: qualidade de trabalho, inovação, tecnologia e integração dos atores da cadeia. É uma vitrine fenomenal para a Embrapa. Basta dar uma olhada na programação para constatar que aproximadamente 30% do evento são efetivamente realizados por nós. É um reconhecimento do trabalho da Empresa, em especial da equipe que atua aqui no Centro-sul”, avaliou.

A Fiman 2018 é uma parceria da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap), Sindicato Rural de Paranavaí, Sociedade Rural do Noroeste do Paraná, Prefeitura de Paranavaí e Centro Tecnológico da Mandioca (Cetem), com organização da Combo Action.
Paralelamente ao evento, houve reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados, com a participação de oito integrantes da equipe da Unidade. 

Palestras
A palestra de abertura foi do pesquisador do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR), o indiano Hemant Nittukar, que desenvolve o projeto “Construindo um sistema de sementes de mandioca economicamente sustentável e integrado  – Basics” no  International Institute of Tropical Agriculture (IITA), na Nigéria. Ele foi convidado pela Embrapa para participar do evento.

Em seguida, o analista Helton Fleck­ (STT) ministrou palestra sobre a Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária, intitulada “Reniva – Inovação tecnológica e de negócio para produção de material propagativo da mandioca”. Na parte da tarde, um dos pontos altos do evento foi a apresentação do produtor Benedito Dutra, primeiro maniveiro (produtor de manivas-semente) do estado do Pará. Parceiro da Embrapa na Rede Reniva, Dutra mostrou, por meio de vídeos gravados em sua propriedade, inovações na produção de material de plantio de mandioca em campo, evidenciando os benefícios gerados pela Rede Reniva apresentados por Helton na palestra anterior. 
“Quero ser uma referência. Há um mercado promissor. A ideia é que a gente possa profissionalizar o cultivo de mandioca não apenas no Norte e Nordeste, mas em todo o Brasil, com ênfase na agricultura familiar. Nosso País tem uma média de 15 toneladas por hectare. E só com uso de semente selecionada, não estou falando de grandes insumos, tem potencial para incrementar até 30%. Podemos sair de 15 para algo em torno de 20 toneladas apenas com o uso de sementes selecionadas”, disse Dutra, entusiasmando a plateia.

No dia seguinte (21), o tema “Manejo integrado de doenças da mandioca” foi apresentado pelo pesquisador Saulo Oliveira, e a última palestra, no dia 22, ficou a cargo do chefe-adjunto de P&D, Francisco Laranjeira, sobre “Legislação de acesso e uso de patrimônio genético e suas implicações para a cadeia da mandioca”.  

Dia de campo
Na manhã da quarta-feira (21), as atividades foram em campo. Os pesquisadores Marco Antonio Rangel e Rudiney Ringenberg, que atuam no CA do Centro-Sul, falaram sobre “Desenvolvimento de novas variedades e plantio direto em mandioca” e “Manejo integrado de insetos-praga da cultura da mandioca”, respectivamente. Houve também apresentação prática pelo engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) Carlos Fontes da plantadora adaptada para utilização no plantio direto — os aperfeiçoamentos da máquina para utilização no plantio direto de mandioca foram realizados pelo professor Emerson Fey, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Nesse sistema conservacionista, mantêm-se palha e restos vegetais de outras culturas na superfície, garantindo cobertura e proteção do solo, e o plantio é realizado no solo não revolvido.

Os experimentos da unidade demonstrativa montada para o evento no sítio Nossa Senhora Aparecida, no município Alto Paraná, foram desenvolvidos pelos pesquisadores Rangel e Rudiney. Também atua no CA do Centro-Sul o pesquisador Marcelo Romano.

“É sempre muito importante a parceria da Embrapa com a cultura da mandioca. É uma grande parceira do homem do campo, de tecnificação, de inovação. Nosso dia de campo ontem foi maravilhoso. Pudemos ver o plantio direto, que já é uma realidade. É uma prova do trabalho da Embrapa, sempre com grandes parceiros. Vimos  o entusiasmo dos produtores de aceitar que esse é o futuro da cultura”, ressaltou o produtor Mauricio Gehlen, presidente da comissão organizadora da Fiman.

Na última semana, foi publicada a cartilha “Plantio direto na cultura da mandioca”. Os autores são Rangel e Emerson, Enilto de Oliveira Neubert (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – Epagri) e Jonez Fidalski (Instituto Agronômico do Paraná – Iapar).

Hackathon Fiman 2018
A Embrapa participou também do Hackathon Fiman 2018. Cerca de 50 alunos de instituições de ensino de Paranavaí (Instituto Federal, Colégio Sesi e Fatecie), divididos em dez grupos, tiveram 24 horas para pensar e propor soluções para problemas da cadeia da mandioca, desde o plantio até a comercialização, que foram elencados e apresentados pelo pesquisador Rangel aos alunos.

“Contamos com a participação importante da Embrapa. O Rangel trouxe quais seriam as dores, os principais problemas da cadeia e a partir desse compartilhar de experiências os alunos puderam ter noção do universo dos problemas da cadeia mandioca e desenvolver suas soluções. Foi o ápice do conhecimento do setor para que os participantes pudessem desenvolver os seus projetos”, afirmou Weliton Perdomo, consultor do Serviço  Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) – escritório de Paranavaí da Regional Noroeste, um dos coordenadores do hackathon.

Estande
No estande da Embrapa, um dos mais concorridos do evento, sempre lotado, o público obteve informações detalhadas sobre o Reniva, as variedades de mandioca lançadas especificamente para a região — a BRS 396 e a BRS 399 (variedades de mesa) e a BRS CS01 (para a indústria) —, os chips de mandioca e a técnica de multiplicação rápida de material propagativo. O estande estava sob a responsabilidade do técnico Osvaldo da Paz (Núcleo de Comunicação Organizacional – NCO) e do analista Herminio Rocha (STT). 

Oficina
Na manhã do dia 22, houve uma oficina sobre Prospecção, validação e priorização de demandas tecnológicas, liderada pelo pesquisador Clóvis Almeida, do Núcleo de Ações Estratégicas (NAE), com apoio dos pesquisadores Gilmar Santos (NAE), do analista Ildos Parizotto (STT) e da equipe do CA do Centro-Sul, em conjunto com instituições parceiras (Centro Tecnológico da Mandioca – Cetem; Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca – Abam; e Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater-PR). 

Foi aplicada a matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) para dar continuidade ao trabalho de prospecção, validação e priorização de demandas do polo de produção de mandioca do Centro-Sul do país (Painel de Especialistas), realizado durante a primeira edição da Fiman, em 2016, sob o comando do chefe-adjunto de P&D, Francisco Laranjeira, e do gestor do NAE, Carlos Estevão Cardoso.

Os sete principais problemas tecnológicas do polo de produção de mandioca do Centro-Sul apontados pelos participantes, por ordem de importância, foram: variedades (tardias) com baixa produtividade, qualidade, teor e/ou estabilidade de amido; sistema de colheita mecanizado ainda incipiente; manejo inadequado de pragas; podridão radicular; manejo inadequado do solo; baixa disponibilidade de material propagativo de boa qualidade genética e fitossanitária; e deterioração pós-colheita.
Esses painéis são uma estratégia para ampliar a aproximação da Unidade dos principais atores das cadeias, com o objetivo de reduzir o tempo de geração do conhecimento e possibilitando desenvolver as inovações com quem tem possibilidade de adotá-las. Quinze pessoas, entre produtores, extensionistas, professores e representantes de entidades, participaram dessa atividade. Abaixo, a opinião de alguns participantes.

Carlos Augusto Del Ducca, engenheiro agrônomo da Emater-PR
“É bastante importante esse tipo de reunião para determinar os rumos da pesquisa na região. Aqui a cadeia produtiva da mandioca é de extrema importância, com um parque industrial que ainda não funciona totalmente na sua capacidade por várias dificuldades de material. Outras tecnologias precisam chegar rapidamente ao campo. Então esse tipo de parceria com a Embrapa vem cobrir essa lacuna. Acho interessante ouvir os problemas e maximizar os recursos para chegarmos logo a uma boa resposta para o setor produtivo.”

Rosemeire da Silva, agrônoma e professora do IF Paraná – campus Paranavaí)
“É fantástico a Embrapa se preocupar em partilhar seu conhecimento com a nossa região, que carece de atendimento especifico técnico para o desenvolvimento da mandiocultura. Temos bastante problemas relacionados à organização da cadeia, que passa também pelo processo produtivo. É importante ter esse olhar de uma empresa conceituada de pesquisa. Essa reunião é importante para definição das prioridades e de repente encaixarmos no nosso processo de trabalho.”

Maurício Seifert, produtor e proprietário da Triumaq equipamentos, de Marechal Cândido Rondon (PR)
“Essa reunião é de fundamental importância para termos uma noção de como estão as várias regiões do estado no desenvolvimento de soluções para a produção de mandioca. Precisamos ver qual é a demanda para termos uma noção de onde a gente vai investir, onde vamos focar, que tipo de equipamento vamos desenvolver para suprir as demandas e dificuldades que existem na cadeia. Hoje a gente considera que a colheita mecanizada é o principal gargalo da cultura.”

Alessandra Vale (Mtb-RJ 21.215)
Embrapa Mandioca e Fruticultura

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