16/08/18 |   Agroindústria  Produção vegetal

Tecnologia de processamento de óleo de pequi será implantada na região do Cariri

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Uma usina de beneficiamento do pequi será construída na região da Baixa do Maracujá, no município do Crato (CE), com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical. O objetivo é desenvolver e implantar a tecnologia do processamento a frio do óleo de pequi além de agregar valor ao óleo obtido a partir da polpa do fruto, beneficiando pequenos agricultores locais que extraem o material de forma artesanal. A previsão é de que o equipamento seja até implementado até o fim deste semestre.
Atualmente, a obtenção do fruto é feita manualmente na floresta de forma extrativista. O óleo, produto de maior valor econômico, costuma ser extraído de maneira artesanal utilizando recipientes de carcaça de geladeira, no meio da mata. Os caroços são cozidos por cerca de 8 horas em fornalhas alimentadas com madeira da região. Nesse processo rudimentar e com baixa qualidade e produtividade, alguns compostos podem se degradarem ou ainda tornarem-se mais vulneráveis a alterações, contribuindo para a perda da qualidade do produto, como por exemplo, a perda dos carotenoides (pigmentos) e consequentemente de seu valor nutricional e funcional.
A usina tem a proposta de melhorar a qualidade do produto final na região, beneficiar comunidades coletoras e, em longo prazo, incentivar o plantio de pequizeiro assim como recuperar áreas já exploradas.
A infraestrutura da usina contará com equipamentos como: tanque para o armazenamento das frutas; despolpadeira para obtenção da polpa; centrífuga industrial para retirada do óleo a partir da polpa; estufa para desidratar o óleo do pequi e gerador de vapor para o aquecimento da polpa, facilitando a despolpa. O projeto contará inicialmente com um investimento em torno de R$ 700.000,00. O valor será destinado para a construção física do galpão, compra de maquinário e efetivação do projeto.

Produtividade e sustentabilidade

A obtenção do óleo, com a instalação do equipamento, se dará por extração a frio utilizando a técnica de extração por centrifugação a partir da polpa do pequi utilizando as boas práticas de fabricação. Com isso, agrega-se um maior valor e confere-se maior qualidade ao produto final. O rendimento de extração em relação ao óleo contido na polpa pode atingir até 75%, o que significa que se consegue extrair até 75% do óleo presente na polpa do pequi, como aponta a pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Elisabeth Barros. Além disso, espera-se com a operação da estrutura não só o aumento da produtividade e qualidade do produto, mas que o processo se torne mais limpo, uma vez que se fará uso de vapor, sem a queima de madeira.
A concentração de todo o processo laboral em um único local permitirá também o aproveitamento dos resíduos. A casca desidratada, que corresponde a cerca de 80% do peso do fruto, por exemplo, é rica em fibra alimentar (39,97%), podendo ser aproveitada para aplicações posteriores como, por exemplo, em pré-misturas e uso em barras de cereal na alimentação humana. Segundo Antônio Calixto, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, uma oportunidade de negócio que também pode ser explorada é a utilização da torta desengordurada de pequi para fins diversos na alimentação humana, como: confecção de molhos, pastas, formulação de produtos para condimentos.
 
O fruto
 
O pequizeiro (Caryocar coriaceum Wittm.) é uma árvore nativa, presente na Chapada do Araripe, no Ceará. O nome vem da língua indígena (Tupi) e significa “casca espinhosa”. O pequizeiro é uma árvore de grande porte, com tronco de 2m a 5m de circunferência e altura de 15m a 20m. Seus frutos são muito nutritivos, sendo ricos em lipídios e carotenoides pró-vitamina A que conferem atividade antioxidante ao óleo qualificando-o como um produto funcional.
A árvore ocorre mais frequentemente nos estados do Piauí, Ceará, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal, ocorrendo relatos também em São Paulo e Bahia. Sua flores brancas-amarelas atingem até 8 cm de diâmetro. A árvore floresce durante os meses de agosto a novembro, enquanto a frutificação na Chapada do Araripe ocorre de janeiro a março.
O pequi é altamente calórico, possuindo sabor e odor característicos. Rico em óleo e proteínas, o fruto é muito utilizado na gastronomia regional no preparo de pratos diversos.
O óleo da amêndoa ou castanha, também obtido de maneira artesanal, é utilizado na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes, usados para fortalecer e nutrir a pele. Já o óleo da polpa, além do uso na gastronomia, apresenta efeito tonificante, sendo usado contra bronquites, gripes, resfriados e controle de tumores.

Ricardo Moura (DRT 1681 jpce)
Embrapa Agroindústria Tropical

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