Tecnologia de processamento de óleo de pequi será implantada na região do Cariri
Tecnologia de processamento de óleo de pequi será implantada na região do Cariri
Uma usina de beneficiamento do pequi será construída na região da Baixa do Maracujá, no município do Crato (CE), com o apoio da Embrapa Agroindústria Tropical. O objetivo é desenvolver e implantar a tecnologia do processamento a frio do óleo de pequi além de agregar valor ao óleo obtido a partir da polpa do fruto, beneficiando pequenos agricultores locais que extraem o material de forma artesanal. A previsão é de que o equipamento seja até implementado até o fim deste semestre.
Atualmente, a obtenção do fruto é feita manualmente na floresta de forma extrativista. O óleo, produto de maior valor econômico, costuma ser extraído de maneira artesanal utilizando recipientes de carcaça de geladeira, no meio da mata. Os caroços são cozidos por cerca de 8 horas em fornalhas alimentadas com madeira da região. Nesse processo rudimentar e com baixa qualidade e produtividade, alguns compostos podem se degradarem ou ainda tornarem-se mais vulneráveis a alterações, contribuindo para a perda da qualidade do produto, como por exemplo, a perda dos carotenoides (pigmentos) e consequentemente de seu valor nutricional e funcional.
A usina tem a proposta de melhorar a qualidade do produto final na região, beneficiar comunidades coletoras e, em longo prazo, incentivar o plantio de pequizeiro assim como recuperar áreas já exploradas.
A infraestrutura da usina contará com equipamentos como: tanque para o armazenamento das frutas; despolpadeira para obtenção da polpa; centrífuga industrial para retirada do óleo a partir da polpa; estufa para desidratar o óleo do pequi e gerador de vapor para o aquecimento da polpa, facilitando a despolpa. O projeto contará inicialmente com um investimento em torno de R$ 700.000,00. O valor será destinado para a construção física do galpão, compra de maquinário e efetivação do projeto.
Produtividade e sustentabilidade
A obtenção do óleo, com a instalação do equipamento, se dará por extração a frio utilizando a técnica de extração por centrifugação a partir da polpa do pequi utilizando as boas práticas de fabricação. Com isso, agrega-se um maior valor e confere-se maior qualidade ao produto final. O rendimento de extração em relação ao óleo contido na polpa pode atingir até 75%, o que significa que se consegue extrair até 75% do óleo presente na polpa do pequi, como aponta a pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Elisabeth Barros. Além disso, espera-se com a operação da estrutura não só o aumento da produtividade e qualidade do produto, mas que o processo se torne mais limpo, uma vez que se fará uso de vapor, sem a queima de madeira.
A concentração de todo o processo laboral em um único local permitirá também o aproveitamento dos resíduos. A casca desidratada, que corresponde a cerca de 80% do peso do fruto, por exemplo, é rica em fibra alimentar (39,97%), podendo ser aproveitada para aplicações posteriores como, por exemplo, em pré-misturas e uso em barras de cereal na alimentação humana. Segundo Antônio Calixto, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, uma oportunidade de negócio que também pode ser explorada é a utilização da torta desengordurada de pequi para fins diversos na alimentação humana, como: confecção de molhos, pastas, formulação de produtos para condimentos.
O fruto
O pequizeiro (Caryocar coriaceum Wittm.) é uma árvore nativa, presente na Chapada do Araripe, no Ceará. O nome vem da língua indígena (Tupi) e significa “casca espinhosa”. O pequizeiro é uma árvore de grande porte, com tronco de 2m a 5m de circunferência e altura de 15m a 20m. Seus frutos são muito nutritivos, sendo ricos em lipídios e carotenoides pró-vitamina A que conferem atividade antioxidante ao óleo qualificando-o como um produto funcional.
A árvore ocorre mais frequentemente nos estados do Piauí, Ceará, Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal, ocorrendo relatos também em São Paulo e Bahia. Sua flores brancas-amarelas atingem até 8 cm de diâmetro. A árvore floresce durante os meses de agosto a novembro, enquanto a frutificação na Chapada do Araripe ocorre de janeiro a março.
O pequi é altamente calórico, possuindo sabor e odor característicos. Rico em óleo e proteínas, o fruto é muito utilizado na gastronomia regional no preparo de pratos diversos.
O óleo da amêndoa ou castanha, também obtido de maneira artesanal, é utilizado na indústria de cosméticos para a produção de sabonetes e cremes, usados para fortalecer e nutrir a pele. Já o óleo da polpa, além do uso na gastronomia, apresenta efeito tonificante, sendo usado contra bronquites, gripes, resfriados e controle de tumores.
Ricardo Moura (DRT 1681 jpce)
Embrapa Agroindústria Tropical
Contatos para a imprensa
agroindustriatropical.imprensa@embrapa.br
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/