A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou uma nova versão do “Atlas da Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada”, edição 2018. O objetivo principal da publicação é contribuir para o uso eficiente da água no Brasil, por meio da integração do conhecimento disponível que configura a base técnica da agricultura irrigada na sua interface com os recursos hídricos, em escala nacional. A Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos (SPR) também coordenou a publicação, em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo dados da ANA, publicados no Atlas, embora o crescimento das atividades de irrigação resulte, em geral, em aumento do uso da água, diversos benefícios podem ser observados, tais como o aumento da produtividade, a redução de custos unitários, a atenuação de riscos climáticos/meteorológicos e a otimização de insumos e equipamentos. A irrigação também é fundamental para o aumento e a estabilidade da oferta de alimentos e consequente aumento da segurança alimentar e nutricional da população brasileira. O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Daniel Pereira Guimarães ressalta que, embora o Brasil seja campeão mundial em termos de disponibilidade hídrica, é necessária maior atenção no gerenciamento desse recurso fundamental para as atividades humanas e a preservação da natureza. “E o Atlas contribui neste sentido, pois o estudo considera a distribuição irregular e sazonal da oferta de água e o seu uso para outras finalidades, tais como para geração de energia hidrelétrica”. Ele considera que modernização do setor agropecuário brasileiro transformou o País em grande produtor e exportador de alimentos, porém, os ganhos em produtividade vieram acompanhados pelos aumentos nos custos de produção devidos ao uso de cultivares de altas performances (melhoramento genético e incorporação de biotecnologias), maior uso de insumos (fertilizantes e defensivos) e a sofisticação das técnicas de gerenciamento, mecanização e monitoramento dos sistemas de produção agrícolas. “Nesse contexto, a minimização dos riscos passou a ter grande influência no sucesso dos empreendimentos do setor agropecuário”, pondera o pesquisador. “No caso dos plantios de sequeiro, ou seja, dependentes das condições climáticas, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) tornou-se uma ferramenta essencial para orientar o produtor e os órgãos de fomento e seguridade acerca do que, onde e quando plantar em cada localidade brasileira. No entanto, os cultivos de sequeiro permanecem sujeitos aos riscos associados às variabilidades climáticas, especialmente aquelas relacionadas com a estiagem, como ocorreu na safra de 2015/16”, diz. Guimarães ressalta que, embora a agricultura irrigada seja responsável por cerca de 60% do consumo das águas derivadas dos recursos hídricos brasileiros, vários são os benefícios dessa prática para a produção agrícola, tais como aumento da produtividade, redução dos riscos de perdas na produção e melhoria da qualidade dos produtos. “Esta prática favorece a eficiência no aproveitamento dos insumos, produção em áreas e épocas onde os plantios de sequeiro são inviabilizados, diversificação das culturas, aumento do número de colheitas, redução da expansão da fronteira agrícola e segurança alimentar”, acrescenta o pesquisador. Segundo ele, a agricultura irrigada no Brasil representa cerca de 2% da área global e a expansão dessa atividade dará uma grande contribuição para o aumento da diversidade e quantidade da produção agrícola nacional. Mas esse crescimento deve ser acompanhado de monitoramento técnico que permita a formulação de políticas públicas para o uso eficiente dos recursos naturais, especialmente dos recursos hídricos. Essa é a atribuição do SNIRH (Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos), um dos instrumentos de gestão previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas. Esse sistema é operado pela ANA. Georreferenciamento facilita a concessão de outorgas para uso da água Os levantamentos georreferenciados das áreas irrigadas de arroz inundado, cana-de-açúcar e pela utilização de pivôs centrais permitem que as áreas demarcadas sejam auditadas e relacionadas com as fontes de abastecimento hídrico, e determinam o status de uso (ativo ou não). Essas informações são fundamentais para a concessão de outorgas e gerenciamento do uso da água nas bacias hidrográficas. Uma parceria entre a Embrapa Milho e Sorgo e a Agência Nacional de Águas cuida do levantamento e monitoramento dos pivôs centrais no Brasil. Além de Guimarães, participam deste trabalho os pesquisadores Elena Charlotte Landau e Paulo Emílio Pereira de Albuquerque, da mesma Unidade da Embrapa. Segundo Guimarães, a irrigação por pivô central é o sistema que apresenta o maior crescimento no País, e isso se dá em função da capacidade de distribuição uniforme da água requerida pelas culturas, do alto grau de automação e da adaptação a diferentes tipos de solo. A irrigação de grandes áreas e a capacidade de aplicação de fertilizantes e de defensivos agrícolas via água de irrigação também contribuem para este crescimento. O sistema permite ainda o uso da técnica da pré-irrigação, proteção contra as geadas, supressão da poeira e lixiviação de sais concentrados na zona radicular. Atualmente existem no Brasil cerca de 23 mil pivôs centrais irrigando uma área de aproximadamente 1,5 milhão de hectares. Os estudos da Embrapa permitem avaliar a tendência de crescimento desse sistema de irrigação desde 1985 e, atualmente, incluem o monitoramento em tempo quase real (a cada 8 dias) do status de uso dos equipamentos, ou seja, se estão ativos (plantados) ou em fase de pousio. “Essas informações permitem deduzir qual é o consumo de água na agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil e o impacto da atividade sobre os recursos hídricos locais. Além disso, fornecem subsídios para a previsão de safra”, explica Guimarães. “Há uma tendência de concentração das áreas irrigadas por pivôs centrais no Oeste Baiano e em Mucugê-BA, no Distrito Federal, em São Gotardo, Paracatu e Unaí (MG) e em São Paulo, na bacia do Rio Paranapanema e nos municípios de Guaíra e Casa Branca. Essas informações são também relevantes por indicarem a necessidade de identificação de novas áreas para a expansão da agricultura irrigada e a geração de novos polos de desenvolvimento do agronegócio no Brasil”, salienta o pesquisador.
Foto: Embrapa Milho e Sorgo / ANA
Distribuição geográfica dos pivôs centrais no Brasil
A Agência Nacional de Águas (ANA) lançou uma nova versão do “Atlas da Irrigação: Uso da Água na Agricultura Irrigada”, edição 2018. O objetivo principal da publicação é contribuir para o uso eficiente da água no Brasil, por meio da integração do conhecimento disponível que configura a base técnica da agricultura irrigada na sua interface com os recursos hídricos, em escala nacional. A Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos (SPR) também coordenou a publicação, em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Segundo dados da ANA, publicados no Atlas, embora o crescimento das atividades de irrigação resulte, em geral, em aumento do uso da água, diversos benefícios podem ser observados, tais como o aumento da produtividade, a redução de custos unitários, a atenuação de riscos climáticos/meteorológicos e a otimização de insumos e equipamentos. A irrigação também é fundamental para o aumento e a estabilidade da oferta de alimentos e consequente aumento da segurança alimentar e nutricional da população brasileira.
O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) Daniel Pereira Guimarães ressalta que, embora o Brasil seja campeão mundial em termos de disponibilidade hídrica, é necessária maior atenção no gerenciamento desse recurso fundamental para as atividades humanas e a preservação da natureza. “E o Atlas contribui neste sentido, pois o estudo considera a distribuição irregular e sazonal da oferta de água e o seu uso para outras finalidades, tais como para geração de energia hidrelétrica”.
Ele considera que modernização do setor agropecuário brasileiro transformou o País em grande produtor e exportador de alimentos, porém, os ganhos em produtividade vieram acompanhados pelos aumentos nos custos de produção devidos ao uso de cultivares de altas performances (melhoramento genético e incorporação de biotecnologias), maior uso de insumos (fertilizantes e defensivos) e a sofisticação das técnicas de gerenciamento, mecanização e monitoramento dos sistemas de produção agrícolas.
“Nesse contexto, a minimização dos riscos passou a ter grande influência no sucesso dos empreendimentos do setor agropecuário”, pondera o pesquisador. “No caso dos plantios de sequeiro, ou seja, dependentes das condições climáticas, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) tornou-se uma ferramenta essencial para orientar o produtor e os órgãos de fomento e seguridade acerca do que, onde e quando plantar em cada localidade brasileira. No entanto, os cultivos de sequeiro permanecem sujeitos aos riscos associados às variabilidades climáticas, especialmente aquelas relacionadas com a estiagem, como ocorreu na safra de 2015/16”, diz.
Guimarães ressalta que, embora a agricultura irrigada seja responsável por cerca de 60% do consumo das águas derivadas dos recursos hídricos brasileiros, vários são os benefícios dessa prática para a produção agrícola, tais como aumento da produtividade, redução dos riscos de perdas na produção e melhoria da qualidade dos produtos. “Esta prática favorece a eficiência no aproveitamento dos insumos, produção em áreas e épocas onde os plantios de sequeiro são inviabilizados, diversificação das culturas, aumento do número de colheitas, redução da expansão da fronteira agrícola e segurança alimentar”, acrescenta o pesquisador.
Segundo ele, a agricultura irrigada no Brasil representa cerca de 2% da área global e a expansão dessa atividade dará uma grande contribuição para o aumento da diversidade e quantidade da produção agrícola nacional. Mas esse crescimento deve ser acompanhado de monitoramento técnico que permita a formulação de políticas públicas para o uso eficiente dos recursos naturais, especialmente dos recursos hídricos. Essa é a atribuição do SNIRH (Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos), um dos instrumentos de gestão previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas. Esse sistema é operado pela ANA.
Georreferenciamento facilita a concessão de outorgas para uso da água
Os levantamentos georreferenciados das áreas irrigadas de arroz inundado, cana-de-açúcar e pela utilização de pivôs centrais permitem que as áreas demarcadas sejam auditadas e relacionadas com as fontes de abastecimento hídrico, e determinam o status de uso (ativo ou não). Essas informações são fundamentais para a concessão de outorgas e gerenciamento do uso da água nas bacias hidrográficas. Uma parceria entre a Embrapa Milho e Sorgo e a Agência Nacional de Águas cuida do levantamento e monitoramento dos pivôs centrais no Brasil. Além de Guimarães, participam deste trabalho os pesquisadores Elena Charlotte Landau e Paulo Emílio Pereira de Albuquerque, da mesma Unidade da Embrapa.
Segundo Guimarães, a irrigação por pivô central é o sistema que apresenta o maior crescimento no País, e isso se dá em função da capacidade de distribuição uniforme da água requerida pelas culturas, do alto grau de automação e da adaptação a diferentes tipos de solo. A irrigação de grandes áreas e a capacidade de aplicação de fertilizantes e de defensivos agrícolas via água de irrigação também contribuem para este crescimento. O sistema permite ainda o uso da técnica da pré-irrigação, proteção contra as geadas, supressão da poeira e lixiviação de sais concentrados na zona radicular.
Atualmente existem no Brasil cerca de 23 mil pivôs centrais irrigando uma área de aproximadamente 1,5 milhão de hectares. Os estudos da Embrapa permitem avaliar a tendência de crescimento desse sistema de irrigação desde 1985 e, atualmente, incluem o monitoramento em tempo quase real (a cada 8 dias) do status de uso dos equipamentos, ou seja, se estão ativos (plantados) ou em fase de pousio. “Essas informações permitem deduzir qual é o consumo de água na agricultura irrigada por pivôs centrais no Brasil e o impacto da atividade sobre os recursos hídricos locais. Além disso, fornecem subsídios para a previsão de safra”, explica Guimarães.
“Há uma tendência de concentração das áreas irrigadas por pivôs centrais no Oeste Baiano e em Mucugê-BA, no Distrito Federal, em São Gotardo, Paracatu e Unaí (MG) e em São Paulo, na bacia do Rio Paranapanema e nos municípios de Guaíra e Casa Branca. Essas informações são também relevantes por indicarem a necessidade de identificação de novas áreas para a expansão da agricultura irrigada e a geração de novos polos de desenvolvimento do agronegócio no Brasil”, salienta o pesquisador.
Sandra Brito (MG 06230 JP)
Embrapa Milho e Sorgo
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