Cultivar de pessegueiro BRS Jaspe é apresentada
Cultivar de pessegueiro BRS Jaspe é apresentada
Foto: Divulgação
BRS Jaspe será lançada ainda neste ano de 2019. Teste sensorial apresentou as características da seleção para indústria de conservas de pêssego.
Nesta quarta-feira, 23 de janeiro, a Embrapa Cima Temperado (Pelotas,RS) recebeu representantes regionais da cadeia produtiva do pêssego para apresentação de dados agronômicos e do produto final (fruta enlatada) da nova variedade de pêssego para indústria BRS Jaspe, que está sendo lançada neste ano de 2019. Nesta apresentação foi solicitado aos presentes uma avaliação sensorial de uma outra seleção avançada, cuja época de maturação segue a da cultivar BRS Jaspe. Como padrão para comparação foram utilizadas compotas adquiridas no comércio local. Foram também testadas frutas envasadas em anos anteriores, 2016; 2017 e até de 2015, com o objetivo de avaliar se a aparência e qualidade se mantinha ao longo dos anos. Os participantes julgaram as amostras nos quesitos de aparência, cor, textura e sabor.
Após a avaliação, a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira apresentou as características da nova variedade. O principal diferencial da BRS Jaspe é a produtividade, pois mesmo em anos com situações climáticas adversas esta cultivar não deixou de produzir e apresentou bons frutos.
Outra característica importante é necessitar de manejo igual ao de outras variedades, diferente da BRS Granada, por exemplo, que precisa de uma poda diferenciada. "A cultivar Jaspe se assemelha a Granada em época de maturação. O fruto entretanto é menor, com peso médio em torno de 130g. A maioria dos frutos produzidos ao longo dos anos está na faixa considerada como tipo 1, na indústria conserveira. O fruto é redondo, o que é interessante para as operações de processamento. O teor de sólidos solúveis nas condições climáticas de Pelotas não é alto, em média 10,1 brix, mas ainda, satisfatório considerando a época.
Participaram do teste sensorial representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas, Emater/RS-Ascar, indústrias de conservas, Secretaria do desenvolvimento Rural de Pelotas, Secretarias de Agricultura dos municípios de Pelotas e Morro Redondo, pesquisadores, técnicos, produtores de pêssego e viveiristas.
O teste sensorial
Cada participante observou e degustou cada uma das amostras, analisando-as e julgando-as, em comparação com o padrão, anotando suas impressões em planilha previamente elaborada. Na escala de julgamento foram sempre utilizados os parâmetros: melhor que o padrão, igual ao padrão ou pior que o padrão.
O resultado do teste mostrou que a BRS Jaspe é um pouco superior às conservas encontradas no mercado atualmente e devido à consistência em produção ao longo dos anos, representa uma boa opção ao setor produtivo. O lançamento e a disponibilização de mudas acontecerão em meados de 2019.
Outras alternativas para o pêssego
A pesquisa vem sempre buscando alternativas para a indústria. Uma dessas opções é a seleção Conserva 1174. Os resultados obtidos durante este teste sensorial ajudarão a identificar se esta seleção atende às necessidades da indústria, principalmente quanto à textura e sabor.
Os participantes também puderam avaliar conservas de nectarina com casca (uma tentativa de eliminar a operação de pelagem, na indústria) e de pêssego com polpa branca. "Uma das amostras que mais agradou o paladar dos participantes do teste foi a de pêssego de polpa branca, que pode surgir como uma novidade nas prateleiras dos supermercados e ser mais uma alternativa de cultivo pelos produtores", falou a engenheira agronôma Andrea Noronha, da área de Transferência de Tecnologias.
O pesquisador Rufino Fernando Cantillano apresentou sua pesquisa com conservação de frutos in natura no qual utiliza uma combinação de diferentes gases dentro da câmara fria. Foram apresentados pêssegos da cultivar BRS Fascínio, conservados a 35 dias, com aspecto de como se tivessem sido colhidos no próprio dia.
A experiência consistiu em conservar os frutos no interior da câmara fria, em cabines especiais, modificando os gases atmosféricos oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2) em concentrações diferentes as do ar atmosférico normal o qual tem uma concentração de 21% O2 e 0,03% CO2. Neste estudo foram utilizadas concentrações de gases de 0,5 a 2% de O2 e 10% de CO2 e temperatura de 0ºC. "Com isso, melhora muito o período de vida útil do pêssego, podendo duplicar ou triplicar seu período normal de conservação. Essas informações serão importantes para a fabricação de filmes poliméricos com permeabilidade seletiva aos gases da respiração, que ajudarão na conservação do pêssego durante o armazenamento, transporte e distribuição. É importante continuar esses estudos, pois a concentração de gases benéfica para a conservação pode variar em função da cultivar estudada", explicou Cantillano.
Colaboração de Catarine Thiel
Embrapa Clima Temperado
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