Bacia leiteira do Alto Sertão sergipano recebe projeto agroecológico
Bacia leiteira do Alto Sertão sergipano recebe projeto agroecológico
Foto: Dalmo Oliveira
Capacitação envolveu cerca de 50 produtores dos assentamentos e comunidades naquela região
A bacia leiteira mais importante de Sergipe, polarizada pelo município de Nossa Senhora da Glória, no Alto Sertão do estado, tem uma dependência significativa da palma forrageira no seu processo de sustentabilidade. Os pecuaristas da região, grande parte criadores de pequeno porte, tentam manter uma produtividade razoável com muitas dificuldades. O milho também se configura como uma cultura indispensável para a alimentação animal.
Agora, algumas instituições que atuam na área, pretendem ajudar esses produtores a desenvolver um modelo agropecuário mais sustentável, com base na agroecologia, incentivando o consorciamento da palma e do milho, com outras culturas também rentáveis e competitivas, como o algodão e o gergelim.
O projeto reúne especialistas da Embrapa Algodão e da Universidade Federal do Sergipe (UFS), agregando também ONGs que lidam com agricultores familiares, como a Diaconia e o Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC). No início da semana uma primeira capacitação envolveu cerca de 50 produtores dos assentamentos e comunidades naquela região.
O evento ocorreu na Unidade de Aprendizagem em Pesquisa Participativa (UAP), no assentamento Cachoeirinha 1, do município de Gararu. A primeira parte do treinamento consistiu em uma visita ao campo, onde foram abordadas questões relacionadas a solos, especialmente a problemática da super-compactação.
“Nesse local o terreno é muito suscetível ao processo erosivo. Os solos são muito rasos e cheios de pedras. A primeira tarefa será fazer o terraceamento da bacia, para planejar os cultivos, usando plantio em curvas de níveis e outras medidas que evitem a erosão”, diz José Cunha de Medeiros, da equipe de pesquisa da Embrapa.
Nas próximas semanas a Embrapa vai orientar a marcação e o uso de grade aradora para implantar as curvas de níveis na área do produtor Humberto Vieira dos Santos, em Garuru (SE). Liderança entre os agricultores familiares da região, Seu Humberto disponibilizou mais de 70 tarefas para implantação dos experimentos do projeto e construiu junto de sua casa o galpão onde funciona a UAP de Cachoeirinha I.
O grupo discutiu ainda quais culturas deseja priorizar. População de plantas, mecanização, manejo das pragas serão alguns dos experimentos que os agricultores farão. Marenilson Batista, pesquisador da Embrapa, diz que o projeto pretende analisar a propriedade como um todo. Ele explicou aos presentes que a UAP vai se preparar para fazer certificação participativa de algodão orgânico. “Produzir algodão sem veneno era considerado ‘história da carochinha’”, ilustrou. “Todos nós temos a capacidade de testar, pesquisar, experimentar, comparar, provar e escolher”, asseverou.
O evento contou com a participação de agricultores das seguintes localidades: assentamentos Pioneira (Poço Redondo), Vitória do São Francisco (Porto de Folha), Povoado Augustinho (Nossa Senhora da Glória), Serra do Boi (Poço Redondo), Povoado Linda Flor (Porto de Folha), Povoado Estado (Porto de Folha), Lagoa das Areias (Monte Alegre), Assentamento da Fazenda Santa Maria (Monte Alegre), Assentamento José Ribamar (Nossa Senhora da Glória), Assentamento Lagoa do Roçado (Monte Alegre), Assentamento Lagoa da Entrada (Monte Alegre), Assentamento Zé Emídio (Nossa Senhora da Glória). Nessa região, mais de 260 famílias deverão ser inseridas no projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos.
Dalmo Oliveira (MTB-PB0859)
Embrapa Algodão
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