Mais de 120 compradores de gado estiveram presentes no 5º Leilão Nelore BRGN e no 1º Leilão do Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ), realizados no último sábado (1) em Planaltina (DF) pela Embrapa Cerrados e a Mult Leilões. Juntos, os eventos ofertaram 109 bovinos da Embrapa e de criadores – 67 touros e 38 animais comerciais da raça Nelore e cruzados, além de dois touros Sindi e dois da raça Gir. A novidade deste ano foi a oferta de 26 touros jovens melhoradores, com idade média de 20 meses, participantes do TDTJ. Os negócios movimentaram mais de R$ 640 mil.

Os leilões foram promovidos em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), a Associação dos Criadores de Zebu do Planalto (ACZP), a Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ) e as empresas de genética CRV Lagoa e de nutrição animal Nutron.

O chefe geral da Embrapa Cerrados, José Roberto Peres, ressaltou o trabalho da parceria público-privada no melhoramento genético animal e vegetal, que aumenta a eficiência da disponibilização de tecnologias aos produtores. Ele afirmou que o leilão é o maior evento de transferência de tecnologia em produção animal, com a disponibilização de touros jovens e demais animais com elevado potencial genético.

"Temos tourinhos que com 22 meses chegaram a pesar 33 arrobas. São mini-fábricas de produzir de carne", disse Peres. "Além de levarmos aos produtores a genética, que representa a semente da produção animal, há também todo um sistema de produção, mostrando como essa genética se potencializa com boas práticas de produção agrícola para produzir comida para esses animais", acrescentou.

O supervisor do departamento de corte da CRV Lagoa, Rodrigo Dias, lembrou que 36% dos touros apresentados são filhos diretos de touros da bateria da empresa. "Estamos contribuindo diretamente para esse trabalho de seleção e de melhoramento. Isso é democratização de genética por meio do trabalho de multiplicação pelos nossos parceiros. Temos aqui a genética que pode fazer a diferença nas fazendas", disse.

Touros jovens

A busca pela pecuária de ciclo curto foi destacada pelo pesquisador Cláudio Magnabosco, coordenador do Programa Nelore BRGN da Embrapa Cerrados. "Sabemos que, em grande parte, isso depende de uma boa nutrição. Mas sem uma máquina conversora de capim em quilo de carne, não teremos sucesso. Nossa missão é ajudar os produtores a transformar o seu negócio numa pecuária de ciclo curto. Isso passa necessariamente pela aquisição de genética de touros jovens", frisou.

Magnabosco destacou que o uso de touros jovens melhoradores com alta qualidade genética e peso semelhante ao de animais um ano mais velhos é uma quebra de paradigma no Distrito Federal. "Aqui se dizia que a comercialização de touros jovens com menos de 30 meses e criados a pasto seria inviável e um contrassenso. Mas nenhum programa de melhoramento genético faz pesagens de animais com mais de 18 meses. Até essa idade, o animal já expressou a genética. Por isso, vendemos touros jovens com até 22 meses".

O pesquisador explicou que os 26 tourinhos Nelore mocho e padrão ofertados no leilão foram classificados como Elite e Superior no 1º Teste de Desempenho de Touros Jovens (TDTJ), realizado pela Embrapa Cerrados com 61 animais oriundos de 14 criatórios de Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal e selecionados entre mais de mil animais. "O animal 26º colocado no TDTJ pode ser cabeceira em muito plantel. Estamos falando em touros de repasse e em produtores de bezerro. Quem não quer diminuir em um ano o ciclo do boi, gastar menos sal mineral, compactar menos o solo? Essa é a contribuição da Embrapa", frisou.

O teste foi conduzido nos campos experimentais da Unidade entre julho de 2014 e maio de 2015, em parceria com a ACZP e a ABCZ e avaliados geneticamente pela ANCP. Engloba a prova de ganho em peso a pasto, com duração de 294 dias, sendo 70 de adaptação e 224 de prova efetiva. Durante todo o período, os animais foram mantidos em pastagens renovadas por sistema de Integração Lavoura-Pecuária, sendo suplementados apenas com mineralização adequada para a categoria animal e época do ano. Para mais informações, clique aqui.

No leilão do 1º TDTJ, a média foi de R$ 8.252,31, com destaque para p touro jovem mocho Ravon ER da Fazenda Serra Negra (ELF 3293), arrematado por R$ 14.400,00. Filho de Mandarin Mat. em vaca Diago de CV, o animal apresentou excelentes índices para habilidade materna, ganho em peso, perímetro escrotal e precocidade sexual na avaliação genética do Programa Nelore Brasil, coordenado pela ANCP.

Mercado

Participante do 1º TDTJ na Embrapa Cerrados, o produtor de Nelore mocho Carlos Viacava, de São Paulo, teve dois touros selecionados para o leilão. Ele destacou a qualidade dos animais comercializados e a importância do evento: "O gado está enxuto, pronto para o pasto e com toda a avaliação genética necessária. Vi vários compradores da região comprando dois, três animais, espalhando a genética da Embrapa".

O produtor apontou as principais características valorizadas pelos compradores. "É claro que as informações geradas pelo trabalho de melhoramento genético, como ganho de peso, fertilidade e habilidade maternal, ajudam e influenciam bastante os compradores. Mas quando você olha a morfologia, independente dos dados, vai notar que o comprador de touro hoje busca um animal com muita precocidade, de costelas compridas, boa musculatura, bons aprumos e de estatura mais baixa. A força está aí: menos perna e mais carne", definiu.

Viacava, que também participa do TDTJ promovido na Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO) pelo Núcleo Regional da Embrapa Cerrados, teceu elogios à Embrapa. "Ela é uma das maravilhas do Brasil. Tenho muito orgulho de participar do trabalho com a Empresa", afirma.

Ao falar da qualidade dos animais ofertado nos leilões, o presidente da AGCZ, Clarismino Luiz Pereira Junior, lembrou-se do 1º TDTJ realizado em Goiás em 1997 e da evolução da genética Nelore desde então. "O melhor cruzamento industrial continua sendo Nelore com Nelore, que tem uma resposta mais rápida e com maior economia. O criador quer agregar maior valor ao bezerro. Toda essa evolução você já ganhou neste primeiro TDTJ em Planaltina", afirmou. "O leilão é efetivamente a democratização da genética a preços acessíveis. Os compradores, que vêm e voltam, são propagandistas", completou.

Junior observou que produtor não está preocupado apenas em ter machos precoces. "Ele também quer ter fêmeas com habilidade materna, que vão entrar em serviço de parto mais cedo e permanecer por mais tempo no rebanho, que é a stayability", disse. O presidente da AGCZ aproveitou para também elogiar a Embrapa: "Ela é um case de sucesso do Brasil no mundo. E o maior patrimônio que a Embrapa tem é o quadro técnico".

Aprovação dos compradores – Produtor em Jaraguá (GO) e estreante nos leilões promovidos pela Embrapa, Ailton Cunha adquiriu touros BRGN da Embrapa Cerrados e touros jovens de diferentes criadores participantes do TDTJ. Ele está formando o rebanho da propriedade e vai utilizar os reprodutores em novilhas em primeira estação de monta. "Já tinha ouvido falar da genética da Embrapa, e no leilão também conheci as de outros criadores. Para quem comercializa bezerros, a diferença na venda está na genética", disse, acrescentando que participará dos próximos leilões da Empresa.

Outro produtor que participou pela primeira vez do leilão foi Antônio Carlos de Oliveira, que cria Nelore padrão em Sobradinho (DF) há 30 anos. Ele adquiriu um touro BRGN para também iniciar a produção de animais mochos, que deverão compor pelo menos 20% do rebanho da propriedade. "Os animais da Embrapa são rústicos, adaptados ao ambiente de Cerrado e muito bons de produção. Achei o touro que comprei tão bom que vou começar a utilizá-lo em vez da inseminação", afirmou.

BRGN

Além dos 26 touros jovens do 1º TDTJ, foram comercializados 41 touros Nelore puros de origem (PO) registrados, com idade entre 30 e 36 meses, pelo 5º Leilão Nelore BRGN da Embrapa Cerrados. Os animais têm a marca Brasil Genética Nelore (BRGN), da Embrapa. A venda dos touros BRGN mais os 38 animais comerciais Nelore e cruzados, além dos quatro touros Sindi e Gir – todos do plantel da Unidade – representou cerca de R$ 425 mil, com média de R$ 11.588,57 por animal em lote individual e R$ 6.832,00 em lotes duplos e triplos. O valor líquido da venda será repassado à União.

O grande destaque ficou por conta do touro mocho Narcapto da Cerrados (BRGN 1163), 35 meses de idade, filho de 1713 da Laçada, em vaca Norte OB. O animal foi arrematado pela Nelore VK, de Araguari (MG), por R$ 17.760,00 sendo valorizado pela circunferência escrotal (44 cm), o que garante a capacidade de produzir filhos com precocidade sexual e eficiência reprodutiva. Outro destaque foi o touro Manso da Cerrados (BRGN 1135), arrematado por R$ 17.280,00. Ele é filho de Erik da 3F (Panagpur da Pauliceia) e da vaca Ingrid da Cerrados (Olodum JR da RS) e figurou como TOP 2% para velocidade de crescimento e ganho em peso (P365), além de TOP 9% para habilidade maternal e 7% para MGT.

O Nelore BRGN faz parte do rebanho formado em 2000 pela Embrapa Cerrados a partir das matrizes originadas de criatórios consagrados, como a Júlio Bernardes Agropecuária. Com alto potencial genético, eles são testados e selecionados a pasto nas condições de Cerrado, eles são avaliados geneticamente pelo Programa Nelore Brasil, em parceria com a ANCP, classificados como top para mérito genético total (MGT), índice composto por características de crescimento e de reprodução.