Extrativistas discutem como acessar novos mercados para a castanha-do-brasil
Extrativistas discutem como acessar novos mercados para a castanha-do-brasil
Moradores do Seringal Porvir, localizado na Reserva Extrativista Chico Mendes, município de Epitaciolândia (AC), e gestores da Associação Wilson Pinheiro, localizada no Seringal Porvir pretendem vender a próxima safra de castanha-do-brasil, produto também conhecido como castanha-do-pará, de forma diferenciada. Essa foi a principal meta definida pela diretoria da entidade e produtores rurais, durante o debate sobre mercado da castanha, realizado pelo projeto Castanhal: uso sustentável da sociobiodiversidade. Realizado na primeira semana de março, o encontro contou com a parceria da Embrapa Acre (Rio Branco) e Embrapa Rondônia (Porto Velho).
“É importante saber lidar com o mercado, ter noção de como está no momento e como ficará futuramente. Vamos dialogar com os associados e verificar alternativas para ampliar o mercado da castanha. Provavelmente vamos fazer venda coletiva para conseguir preços mais justos para o produto”, afirma o presidente da associação, Rozinei Silva, um dos participantes do evento.
Aprovado no final de 2017, em edital público da Fundação Banco do Brasil, no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica ECOFORTE, iniciativa do governo federal que investe na produção sustentável no Bioma Amazônia, o projeto Castanhal é fruto do esforço coletivo de extrativistas e lideranças comunitárias do Seringal Porvir. O objetivo das atividades em andamento é aperfeiçoar os cuidados nas diferentes etapas do trabalho extrativista – da coleta dos ouriços na floresta à logística de transporte – e orientar sobre estratégias de comercialização mais compensadoras para os produtores. Cerca de 40 famílias são contempladas pelas ações executadas com o apoio da Embrapa, por meio do projeto Bem Diverso, e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão que atua na gestão compartilhada do projeto, junto com a comunidade.
Segundo o administrador de empresas Thiago Cabral, um dos mediadores da discussão, o ponto de partida para a construção de relações comerciais mais sólidas é investir no fortalecimento da organização social. “Buscamos enfatizar que há mercado para produtos da sociobiodiversidade, principalmente com as preocupações de qualidade de vida do público consumidor. O importante é que os extrativistas se organizem para fazer a gestão da comercialização da produção, iniciando por um planejamento de médio prazo que contemple a definição de estratégias de venda e entrega dos produtos”, destaca.
Outro ponto abordado foi a inserção em mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), do Governo Federal. “A necessidade de buscar espaços de comercialização institucional reforça o desafio de planejar a produção e pensar em estratégias de venda adequadas para estes mercados. As lideranças das associações são jovens, que demonstram ter bastante interesse em fortalecer as atividades produtivas na comunidade”, afirmou Rocio Ruiz, analista da WWF Brasil.
A próxima etapa do trabalho dos gestores será o planejamento da venda da safra de castanha-do-brasil de 2020 com os demais membros da Associação. “Essa discussão nos incentivou. É possível conseguirmos aumentar o valor da castanha. Nós vamos nos reunir e discutir isso com a comunidade”, conclui Silva. Nos dias 26 a 29 de março, a consultora técnica do projeto Bem Diverso, Jannyf Santos, estará na comunidade para auxiliar nas discussões.
Priscila Viudes (Mtb 030/MS)
Embrapa Acre
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