02/04/19 |   Agricultura familiar  Estudos socioeconômicos e ambientais

Agricultores familiares aprendem sobre análise financeira de sistemas agroflorestais

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Foto: Natália Vieira

Natália Vieira -

De 18 a 20/03, agricultores, técnicos, professores e estudantes do litoral do Paraná participaram do curso “Análise financeira de sistemas agroflorestais – SAFs”. Ministrado pelo pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde, da Embrapa Florestas, o curso faz parte do projeto “Uso da economia circular, sistema agroflorestal e da biorrefinaria para mitigar a falta de segurança hídrica, energética e alimentar aos pequenos produtores do litoral paranaense”, da Chamada Nexus II, do CNPq, coordenado pela Embrapa Florestas com apoio da Universidade Federal do Paraná, campus Litoral.

Durante o evento, os 23 participantes aprenderam, discutiram e colocaram em prática conceitos sobre SAFs e análise financeira, e conheceram melhor sobre composição e classificação de sistemas agroflorestais. O aspecto central do curso passou pelo entendimento e prática da análise da viabilidade financeira dos sistemas. “Nossa intenção foi mostrar aos participantes de que é preciso compor tecnicamente um bom sistema de produção agroflorestal para que a análise financeira atenda as expectativas quanto ao entendimento dos custos de implantação, manejo e colheita assim como na previsão das receitas das culturas. Esta clareza é necessária para que o sistema cumpra a função de gerar renda aos agricultores familiares que optam por esse tipo de produção”, explica Arco-Verde. Segundo o pesquisador, “foi muito importante a participação de produtores rurais, que mais sentem as dificuldades no campo e também discutem se os resultados das análises estão de acordo com a realidade, uma vez que estão no dia a dia da produção. Não só eles aprendem: é uma constante troca de experiências para a gente também”.

O curso é baseado no uso da planilha AmazonSaf, inicialmente desenvolvida para a região amazônica, mas que também pode ser usada em sistemas agroflorestais de qualquer região do país, e contou com palestras expositivas e muito trabalho em equipe, para que os participantes aprendessem na prática o uso da planilha e a realizar as análises financeiras. Foram abordados temas como fluxo de custos e receitas, coeficientes técnicos/planejamento e dinâmica das atividades de implantação e manejo dos SAFs, indicadores financeiros, análise de sensibilidade e modelagem de SAFs. “Fazer análise financeira não é algo fácil, uma terminologia na maioria das vezes complicada. Conseguimos vencer esta barreira e os participantes entenderam que podem usar essa ferramenta para melhorar o processo no campo”, completa.

A troca de experiências foi considerada um ponto positivo no evento e, durante as discussões, já foram sugeridas melhorias no dia a dia de trabalho de produtores rurais e da agroindústria envolvida com a comunidade. “Quando os participantes interagem, discutem e definem melhorias no trabalho, isso mostra que nosso objetivo com o curso foi atingido”, comemora Arco-Verde. Outro resultado foi o interesse por outros cursos trabalhados pela Embrapa Florestas sobre composição e manejo de sistemas agroflorestais. “O entendimento das interações entre as espécies, as demandas das espécies correlacionadas com as características do ambiente, os cuidados com o manejo, a necessidade de planejamento. Tudo isso gerou expectativa para um próximo encontro”, adianta o pesquisador.

O professor Gilson Dahmer, da UFPR-Litoral, analisa que ausência de uma análise financeira mais acurada faz com que o agricultor invista inadequadamente e tome decisões que podem trazer prejuízos,  que muitas vezes pode comprometer a permanência da família na atividade agrícola e contribuir para o agravamento das questões sócio-ambientais do campo. “A observação do fluxo financeiro do sistema de produção dos diversos agricultores envolvidos no curso fomentou um intenso diálogo entre todos os participantes: agricultores, técnicos extensionistas, professores e estudantes. O curso permitiu que os agricultores repensassem os seus investimentos nos sistemas de produção que já manejam e os diálogos e reflexões revelaram que a complexificação dos sistemas de produção amplia a viabilidade econômica dos agroecossistemas da região litorânea. Portanto, o curso reforçou o potencial produtivo e a viabilidade econômica das agroflorestas no litoral paranaense”, analisa.

Para o produtor rural Hélcio Latuf, “o curso foi de muita valia, pois enriquece a nossa forma de ver as coisas, de analisar. Espero que tenha sido válido também para a Universidade e a Embrapa, para eles verem que o trabalho que estão fazendo tem valor e não está sendo em vão”. 

O curso aconteceu na Associação de Moradores do Rio Sagrado (AMORISA), em Morretes/PR.

Katia R Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Florestas

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